Agora, colocam-me aqui ao lado destas amostras de criadas; desta gentalha sem tradição, que mal se aguentam numa casa por mais de três ou quatro meses, sem carinho nenhum pelos senhores ou pelos meninos.
Onde é que já se viu tamanho desmando? Sabem lá elas o que é governar uma casa, orientar um lar, apoiar uma família. Nem sequer sabem pregar um simples botão!
Nada entendem de cozinhados saborosos, confeccionados à base de amor e dedicação, cheios de temperos secretos, ancestrais receitas herdadas, manjares únicos.
E as limpezas? Uma vergonha.
Saberão elas a diferença entre prata e inox, cristal e pirex, pau-cetim e pinho, seda e poliéster? Nada.
Andam por ali com aqueles espanadores modernos, aspiradores eléctricos e esfregonas que vêem nos anúncios da televisão, desconhecendo o que é o verdadeiro esfregar, a nobreza do polir ou o vigor de um encerar.
E a roupa então, é um ver se te avias. Não há cá preceito algum nos vincos, dobras, pregas, direitos e avessos, gomas e borrifos, punhos e colarinhos.
Flausinas.
...
Olha p'ráquela, parece um pinguim expulso do pólo norte, ou será do pólo sul? Que se lixe, é 'masé ali do oceanário e já é muito bom.
Coitada, lá porque tem um avental de linho e golinha com goma, deve pensar que é melhor do que eu. Ao menos dispo a bata, quando faço recados à patroa.
E aquelas unhas, rentes e sem verniz? A lojinha do chinês já te fazia jeito, oh simplória. E um saltinho na chanata, também ia bem não ia, ou faz-te doer os joanetes?
Lorpa, nem deve sonhar que eu folgo todos os fins-de-semana, faço compras no shopping nas mesmas lojas dos bosses e chamo os putos deles, pelo nome próprio.
Ah e não sou uma ilitrada como tu, ou lá como é que se diz; tenho o oitavo quase todo... falta-me p'rái matemática, português e outra tanga qualquer, mas leio muito o jornal da região, a revista Certa do continente e os boletins da farmácia, enquanto espero que me gritem pela gaita da senha.
Atão e o teu magala, agora escreve-te donde, de Timor ou do Afeganistãni?
...
Dusssss, o que uma gaja tem de sofrer para pagar as props da faculdade. Mas o que é que eu estou aqui a fazer, metida no meio destas duas mulheres-a-dias?
Será que aquela parvalhona onde eu trabalho, a Judite, a Paula, a Sónia ou lá como é que aquela estúpida se chama, acha que sou criada dela?
Cum caraças, como se já não me bastasse aturar os chavalos dos filhos, ver se não bebem, se não fumam, se não metem lá garinas em casa, se trocam de calças, ou se não me deitam os olhos p'ró decote.
E eu estudo para os exames quando, pode-se saber?
Antes ou depois de encomendar as pizzas p'rá janta, antes ou depois do imbecil do tipo da engomadoria, me entregar a roupa da madama, antes ou depois de levar o porcalhão do cão à rua, antes ou depois de fazer as encomendas do super pela net, antes ou depois do namoradinho da Judite, da Paula ou da Sónia, ou lá como é que aquela monga se chama, me atirar bocas porcas e olhares lambidos?
Bom, esta tipa de preto só pode ser figurante de alguma novela. Que cena marada man, esta gaja não existe de certeza.
E a outra das florinhas? Amiga, é que não enganas ninguém com esse perfumezinho roscofe, oh chavala.
Onde é que já se viu tamanho desmando? Sabem lá elas o que é governar uma casa, orientar um lar, apoiar uma família. Nem sequer sabem pregar um simples botão!
Nada entendem de cozinhados saborosos, confeccionados à base de amor e dedicação, cheios de temperos secretos, ancestrais receitas herdadas, manjares únicos.
E as limpezas? Uma vergonha.
Saberão elas a diferença entre prata e inox, cristal e pirex, pau-cetim e pinho, seda e poliéster? Nada.
Andam por ali com aqueles espanadores modernos, aspiradores eléctricos e esfregonas que vêem nos anúncios da televisão, desconhecendo o que é o verdadeiro esfregar, a nobreza do polir ou o vigor de um encerar.
E a roupa então, é um ver se te avias. Não há cá preceito algum nos vincos, dobras, pregas, direitos e avessos, gomas e borrifos, punhos e colarinhos.
Flausinas.
...
Olha p'ráquela, parece um pinguim expulso do pólo norte, ou será do pólo sul? Que se lixe, é 'masé ali do oceanário e já é muito bom.
Coitada, lá porque tem um avental de linho e golinha com goma, deve pensar que é melhor do que eu. Ao menos dispo a bata, quando faço recados à patroa.
E aquelas unhas, rentes e sem verniz? A lojinha do chinês já te fazia jeito, oh simplória. E um saltinho na chanata, também ia bem não ia, ou faz-te doer os joanetes?
Lorpa, nem deve sonhar que eu folgo todos os fins-de-semana, faço compras no shopping nas mesmas lojas dos bosses e chamo os putos deles, pelo nome próprio.
Ah e não sou uma ilitrada como tu, ou lá como é que se diz; tenho o oitavo quase todo... falta-me p'rái matemática, português e outra tanga qualquer, mas leio muito o jornal da região, a revista Certa do continente e os boletins da farmácia, enquanto espero que me gritem pela gaita da senha.
Atão e o teu magala, agora escreve-te donde, de Timor ou do Afeganistãni?
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Dusssss, o que uma gaja tem de sofrer para pagar as props da faculdade. Mas o que é que eu estou aqui a fazer, metida no meio destas duas mulheres-a-dias?
Será que aquela parvalhona onde eu trabalho, a Judite, a Paula, a Sónia ou lá como é que aquela estúpida se chama, acha que sou criada dela?
Cum caraças, como se já não me bastasse aturar os chavalos dos filhos, ver se não bebem, se não fumam, se não metem lá garinas em casa, se trocam de calças, ou se não me deitam os olhos p'ró decote.
E eu estudo para os exames quando, pode-se saber?
Antes ou depois de encomendar as pizzas p'rá janta, antes ou depois do imbecil do tipo da engomadoria, me entregar a roupa da madama, antes ou depois de levar o porcalhão do cão à rua, antes ou depois de fazer as encomendas do super pela net, antes ou depois do namoradinho da Judite, da Paula ou da Sónia, ou lá como é que aquela monga se chama, me atirar bocas porcas e olhares lambidos?
Bom, esta tipa de preto só pode ser figurante de alguma novela. Que cena marada man, esta gaja não existe de certeza.
E a outra das florinhas? Amiga, é que não enganas ninguém com esse perfumezinho roscofe, oh chavala.
25 comentários:
(gargalhada)
Eu ia a curvar-me, numa vénia de admiração por estas linhas pensamento, mas caí a rebolar de tanto rir e não consigo levantar-me, Patti. Será que uma dessas flausinas sem jeito para nada me dá uma mãozinha (mesmo com unhas rentes)?
Mike:
Dá-lhe sim senhora, a primeira que é rapariga séria e não lhe cai em cima.
Olá!
Eu tive boas/ optimas colaboradoras...
Actualmente optei por uma empreza...assim não há familariedades, nem confiança...pago para manter distãncia..
Ficou mal limpo?? ficou mal paado a ferro??? a casinha do Bábá não foi limpa???
Pego no telefone, falo para a supervisora: bláblábla...o cheque no final do mês...vai careca???
Não??? então, queremos o trabalho bem feito!!!
Do outro lado:
Peço desculpa, amanhã eu vou e falo com a senhora....
O respeito é lindo e eu gosto...
Acabaram-se as desculpas de ir ao médico, de ir buscar o filho...se falta uma vem outra...mai nada
Beijocas
Mudam-se os tempos...mudam-se as mordomias das colaboradoras.
Quando vi a foto pensei cá com os brincos; devem ser a primas da Briolanja que andam a dar dias. Mas não. São umas raparigas que andam a dar noites e vestem-se assim para algum fetiche de algum deputado, sei lá eu...
Ó Patti, onde vais arrumar estas peças???
um excelente e possível "diálogo" Patti .. você além de cronista é uma inventora de primeira ;)
Gostei especialmente das diferenças de termos .. não há duvida que "diz-me o que vestes, dir-te-ei como falas" (risos)
Beijinho de bom dia :)
Pensamento da Gi: Tu andaste a snifar umas linhas, não andaste ó minha loira. :) Olha que eu estou à coca. ;)
Sempre achei que estas histórias das ‘criadas’ [ou dever-se-á, agora, intitular ‘colaboradoras de manutenção habitacional’?] eram uma grande confusão. Mas quando elas próprias entram em cotejo… ponho as mãos na cabeça [não, não arranco cabelos!], digo ‘Ai minha mãezinha!...’ e vou-me sorrateiramente…
Pois, lá em casa bem que precisava de uma dessas moças.
Vou te contar uma! Tinha uma amiga que quando a faxineira vinha, ela arrumava a casa antes para a mulherzinha não pensar que eles eram bagunceiros demais. E depois andava atrás dela a ajudar. Toma!
bom dia Patti
Ai! Isto parece conversa daquelas tipas da Bicha do Demónio no Youtube.
O que eu me ri à conta deste post.
Beijos
Dizem que são "mulheres a dias"!Já não há criadinhas prendadas como antigamente, que vestiam as roupas das patroas, fechavam os catraios no quarto e namoravam a manhã toda à janela.
tsss...tsss...
Aposto que este post foi escrito após a indigestão de ontem, ai foi, foi!!
É que uma gosta do Marante, a outra do Tony e a outra das Gémeas Esganiçadas......
Patti,
Magnifica descrição da diferença entre "criada" e "empregada doméstica".
Normalmente as pessoas ficam mal impressionadas com a expressão que se usava "criada". A verdade é que elas vinham muito novas, cresciam, algumas estudavam e casavam-se nas casas dos senhores. Por isso o termo "criada". Acabavam por ser mais um elemnto da familia.
Agora estas "empregadas domésticas", salvo excepções claro,são mais finas que as próprias patroas. E as patroas que se ponham a pau senão até levam os "esposos" ou os "putos". Umas verdadeiras "garinas"!
Bacouca:
Nem mais!
Adorei :)))))
Aqui em cass choraram de riso!:)
Uma verdadeira crónica de costumes.
Além de me rir senti uma saudade imensa da criada da minha mãe que me apanhou adolescente e que lhe gamei mal casei e tive o primeiro filho.
Só nos deixou quando morreu.
Outros tempos!
Belissimo blog... vou c ontinuar a visita-lo mais vezes.
.....:-)
Caramba!
O que me fizeste rir!
Agora, confesso: na minha roupa ninguém toca. Perco as estribeiras com duplos vincos e lustros.
Sempre em grande Patti!
Por isso é que eu gosto da minha Maria, que não tem pretensões e prefere falar das personagens das telenovelas.
Uma crónica de quem bem observa, e bem sabe ouvir, Patti...
mt bem contada a historia;)
T.
Excelentes «linhas de pensamento», Patti. Aí está o passado, o presente e, provavelmente, o futuro do serviço doméstico. Uma única nota de perplexidade: por que será que, olhando para a figurinha dita tradicional, a da esquerda, não é um pinguim que me ocorre, mas uma coelhinha… ? ;-)
ah, nada como a antiga criada interna que vinha desde muito nova para a casa primeiro brincar com os miudos e mais tarde servir
Luísa:
Vislumbrarei por aí, influências do sôr Mike? Coisas de diabas e tal?
:-)
Sabes que em casa da minha mãe houve uma criada que esperava pelo meu irmão em roupa interior?... Esta é a versão século 21.
Muito bom. Adorei.
Bom fds, beijinho.
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