sábado, 31 de maio de 2008

há quem não morra


Sydney Pollack 1934-2008, aqui



"Sidney's and my relathionship both professionally and personally covers 40 years.
It´s too personal to express in a sound bite", Robert Redford

e fiquem com a música, que nos faz lembrar das imagens

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Não tenho nada para vestir II


Eu queria comprar um fato de treino novo. Daqueles bem justinhos, em algodão-veludo-turco-lycra-macio. De uma cor pura, baça, pálida, quase neutra. Como o branco cru, o cinzento lingerie, o azul noite, o beije maricas, o preto ou o amarelo pintainho. Dos que são cingidos à cintura, que nos contornam. De calças justas que só alargam em baixo.

Eu queria um fato de treino como o das Donas de Casa Desesperadas. Silencioso.

E não encontro.

Já fui à Nike, ao Corte Inglês, à Av. da Liberdade e à feira de Carcavelos. E todos me dizem o mesmo, já não temos. Vieram e foram logo vendidos. Eu queria um fato de treino macio, a condizer com a minha t-shirt preta de algodão. BCBG; Bon chic, bon genre. Não preciso de comprar os ténis. Tenho muitos. Azuis, cor-de-rosa, beijes, cinzentos e brancos. Mas noutro dia vi uns lindos numa senhora.

Pretos. Baços. Eram grossos. Baixos. Sem marca visível. E não brilhavam quando ela andava. Mas piscaram para mim. E eu para eles. Também queria uns daqueles. Mais um fato de treino em algodão-veludo-turco-lycra-macio.

Mas não encontro.

E agora como é que eu faço? Quando for no domingo de manhã, para o paredão do Monte Estoril, ouvir o meu iPod?

Sem nada para vestir?

quinta-feira, 29 de maio de 2008

não tenho nada para vestir I


Eu queria comprar um fato de treino novo. Daqueles em poliéster, brilhantes e viscosos, que fazem barulho quando andamos. Dos que têm electricidade estática, balofos nos braços e apertadinhos no tornozelo para enfolarem junto ao ‘téni’. E que fazem aquela dobra para fora, na zona da barriga.

Gosto muito dos que têm fundo anil, bem berrante, atravessados ao longo da perna, com uma faixa verde-esmeralda e amarela da cor do sol. Os mesmos tons têm de estar nas mangas, bem largas. E de preferência também nas costas. Ao nível dos ombros.

Mas não encontro.

Já fui ao Martim Moniz, à Rua dos Fanqueiros, à Praça de Espanha e à feira de Carcavelos. E todos me dizem o mesmo, oh minha senhora, isso já foi tudo, já não há nada. Foi um sucesso, só lhe digo. Veja lá se gosta deste?

Mas não gostei.

Eu queria um fato de treino dos avantajados e notáveis. Daqueles que fazem conjunto. Mesmo, mesmo a condizer. Ton sur ton. Também tenho de comprar os ténis. E os que ficam melhor, são uns brancos que eu já vi numa senhora. Eram ténis stilletos, de salto fininho, com atacadores e velcro ao nível do tornozelo. Com a marca dourada ao lado. Bem destacada. Piscavam quando ela andava. Fiquei fascinada. Era uns desses que eu queria. Também já não há, minha senhora. Parece que ‘tá com azar. Gosta deste modelo?

Não sei…

A senhora já devia saber que essas coisas da moda, vendem-se logo. Tudinhas! Tem de vir mais cedo. E agora o senhor já viu, que não tenho nada de jeito para vestir? A única peça que comprei, foram as meias turcas brancas, com duas listas. É que eu preciso mesmo de ir este domingo ao Colombo! E como é que eu vou assim? Como é que eu faço agora?

Ao domingo no Colombo. Sem nada para vestir.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

reflexos I


No início, é pelos olhares. Pelos olhares. Não pelos olhos. Pelos olhares, eu começo a conhecer os outros. Pelas expressões. Caras e caretas. Risos e choros.

Eu gosto da imagem. Da expressão. Do gesto. Da figura. Gosto mais dos rostos quietos que dos agitados.

Todos temos expressões ensaiadas, pensadas antecipadamente, estudadas. É simples identificar quando alguém faz uma representação discordante da sua própria imagem. As 'falsas' expressões são as que levamos para o palco de todos os dias, onde os outros nos aplaudem e nos admiram e onde os enganamos, os iludimos e nos dissimulamos. Se observarmos olhos e olhares, com olhos de ver, com olhos de fitar, com olhos de observar e com olhos de mirar, já não precisamos de olhar duas vezes.

A outra, a expressão verdadeira, é espontânea. Não usa cremes La Mer. E por baixo dela estará alguém que me poderá interessar. Gostar de imediato, não. Atrair, sim. Eu nunca gosto logo. Interesso-me, mas não gosto de repente, ao primeiro olhar. Só de cães. Gatos. Cavalos. Gorilas e orangotangos. Joaninhas, bichos-de-conta e caracóis a passear nas flores. E de capas de livros. Só desses, gosto logo.

Quase todos usamos a expressão do teatro. Como defesa natural. Por hábito. E nem por isso tem de ser mau. A outra, a pura, já pouco a vejo, a não ser nos olhos castos dos animais ou perversos dos assassinos. Nem no meu espelho do quarto. E é assim que o olhar teatral, o dos palcos e do estrado da vida, o único olhar que temos, se torna verdade. E mais difícil de deduzir e adivinhar quem estará por detrás do pano. Felizmente também possuímos intuição. Falível, obviamente. Mas confio na minha, apoio-me nela em jeito de contraponto.

No meu teatro, actuam uns olhos castanhos-claros, sempre atentos e quietos. Olhos objectivos, seguros e directos, que quando sonham é quase sempre com os pés no chão. Os meus olhos esperam. Costumam aguardar. Expectar. Raramente se antecipam a julgamentos prévios. Nem sei porquê. Olhos que me franzem a testa em jeito de cuidado, de atenção redobrada. Mas poucas vezes de desconfiança.

Creio sempre mais, do que desconfio. E dou-me bem. Porque olho. Olho muito. E como isso acontece, vejo sempre.

terça-feira, 27 de maio de 2008

afecto precisa-se


A minha primeira reacção é ficar sem resposta imediata. Mas demoro um pouco e já sei o que penso sobre o assunto. E depois, já não sei outra vez. Mas depois penso e talvez já saiba novamente. Mas penso mais um pouco e …

A grande maioria de crianças que estão em instituições de acolhimento familiar nunca serão adoptadas e uma percentagem significativa tem família e deverá um dia voltar para ela. Não será melhor repensar a questão da adopção em Portugal? Os termos, as burocracias, as esperas… E todo este processo não teria de passar por outras opções, já que o drama é imenso? Não é tudo uma questão de colo? Mas que colo?

E a adopção por parte de casais homossexuais, não poderá ajudar a ‘esvaziar’ as instituições de acolhimento? Não é a criança que está em causa? Não é ela o ponto essencial de tudo? O interesse supremo? Será que é melhor para uma criança normal ou deficiente, que ninguém quis, ficar numa instituição, do que ser adoptada por um casal de homossexuais?

A pressão social a que estes pais e esta criança se irão submeter por parte de uma sociedade mesquinha, compensará o facto dela viver num ambiente de amor? Diferente. Mas em família. E o filho do preto? Também não é discriminando na escola dos brancos? E pinta a cara doutra cor? E o filho do judeu ou do muçulmano? Muda de religião por isso? Mas desde quando é que as crianças têm de ser educadas dentro de uma redoma, fugindo da realidade? Quem garante, que sendo a criança adoptada por um casal heterossexual, receberá melhores valor e formação. Melhor colo? Alguém pergunta alguma coisa à criança?

Será que o bem sucedido desenvolvimento social, emocional e físico de uma criança, passará pela forma como os seus pais optaram por se relacionar sexualmente? Não será pior uma criança viver toda a vida com uma mãe alcoólica ou com um pai violento, ou toxicodependente do que saber o que os pais homossexuais fazem um com o outro na cama? Será que um casal heterossexual saberá mais de criação, educação, amor, que o outro casal de homossexuais? Não estou a falar em parir, em conceber ou fecundar. Estou a referir-me a criar, educar e amar. Coisas muito diferentes. Um filho escolhido, como é o caso do filho adoptado, não será tão amado como o filho que foi planeado? Não será até mais altruísta o acto de adopção? Vindo ele de quem vier?

Não gosto mesmo e até me revolta, ver os movimentos de homossexuais fazerem da adopção uma bandeira para fazer valer os seus direitos. Assim como me enoja os argumentos moralistas e decadentes dos defensores da heterossexualidade. A criança deve estar sempre em primeiro lugar. Nunca deverá ser usada nem por uns nem por outros. E em ambos os casos, isso não é lembrado muitas vezes. Esquece-se a criança na guerra das acusações entre as partes. Vale tudo. A criança, essa, continua sempre na instituição até que os medíocres se entendam. Mas quem é que decide o que é ‘normal’?

Partindo do argumento de que filhos de homossexuais serão também homossexuais é claramente preconceituoso, porque pressupõe que ser assim é negativo. E não adianta fazer boa figura dizendo que são contra o preconceito e que aceitam a diferença entre sexos na boa, porque é mentira! A grande maioria da nossa sociedade é preconceituosa. E os filhos dos ladrões? Serão todos ladrões? E os filhos dos pedófilos, dos assassinos, dos criminosos, dos violadores? Serão todos escroques sanguinários? Um casal que se separa ao fim de alguns anos, porque um dos dois assumiu finalmente a sua opção sexual, oposta à que até aí tinha vivido, deixou de ser bom pai ou mãe só por isso? Os anos que dedicou, amou e educou os seus filhos apagam-se? Esquecem-se? Anulam-se?

Que país é este que não permite este tipo de adopção mas é totalmente permissivo com um pedófilo, que ao fim de 10 anos tem o cadastro completamente LIMPO? E aí poderá adoptar ao abrigo de uma lei que o protege e o oculta. Uma lei que permite e perpetua o seu crime abominável. Que nojo! Que país é este que tem leis onde se entregam novamente os filhos, a pais carregados de droga e de violência física, só porque são os biológicos? Será que é para depois os afogarem no Douro? Ou é para os encherem de tareia quando choram de fome, ao ponto de irem morrer nos hospitais públicos? Que sociedade é esta, que sempre que eu chamo a polícia porque o meu vizinho espanca a mulher e os filhos, ele volta a casa passadas umas horas, como se nada fosse?

“O governo admite a possibilidade dos casais homossexuais poderem candidatar-se a acolher crianças em risco, ao contrário do que acontece com a lei de adopção” (Fonte Rádio Clube Português) Então, eu entendi bem? Aos homossexuais não lhes é permitido adoptar crianças, mas acolhê-las quando estão em risco já é possível! Coitadinhas, já que vivem situações de risco, pronto, já não se perde muito e até podem conviver com os perversos. Do mal o menos. Será normal? Muito complicado tudo isto. Ridículo até. A única razão que me deixa ainda algumas dúvidas, poucas, mas não deixam de ser dúvidas, é o facto de ainda vivermos na pré-história em relação ao preconceito. E a criança vai pagar segura e duramente por ter pais homossexuais. E por isso, às vezes sei e outras vezes não sei. Mas acho que sei mais, do que não sei.

O mais estranho é que ouço e sei histórias de heterossexuais, pais de família, que enfiam constantemente o pénis em sítios no mínimo bizarros, mas ainda não vi nenhuma instituição entrar-lhes pela casa adentro e levar-lhe os filhos por causa disso.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

no me olvidaré de ti


Já viveram aquela experiência de quase pânico, desespero, susto de morte e completa incapacidade para resolver uma situação que só nos provoca angústia e que nos tira de repente qualquer hipótese de conseguir pensar racionalmente e agir?

Andorra. No meio da pista vermelha e durante uma tempestade de neve repentina. A força do vento era tanta que fiquei literalmente pregada ao chão. O nevar era tão forte e alto que não se via quase nada, só o colorido dos fatos dos que ainda conseguiam deslizar, para se abrigarem no final da pista. Fiquei agarrada com a força toda que tinha, ao poste das cadeiras eléctricas, esperando por acalmia.

Impossível ficar em pé naquela altura. Como é que eu saio daqui? E isto vai demorar? E se piora? De repente. No meio daquele caos da natureza. Cariño! Tranquila. Como estás? Necesitas ayuda? Pon las manos en mis espaldas que te cojo en un minuto.

Quem era aquela voz do firmamento, que ao invés de se escapar para o fim da pista, parou ali, nem sei como, só para me ajudar. Os meus skis encaixaram nos dele e ainda hoje estou para saber como não caímos e conseguimos chegar ao fim da pista, sãos e salvos. Eu ainda estava a respirar fundo e ia agradecer, mas já aquele fato branco e preto partia a toda a velocidade, confundindo-se com a neve e com as árvores que crescem nas lindas pistas de Andorra, como se aquele violento temporal não passasse de uma leve brisa de Verão.

Adiós chica! Hasta ahora. Cuidate!

Já me tinham falado no espírito altruísta de entreajuda que existe na montanha.

És verdad!

Provei-o.

domingo, 25 de maio de 2008

[16] há coisas fantásticas, não há? *




* a Beatriz é a que entra à direita, isto é, entra deste lado da filmagem


Aqui está o prometido de 5ª feira. A Festa do Cavalo de Porto Salvo e o Pas de Deux da Beatriz.

Apanhei um enorme susto, a RTP1 foi filmar a Beatriz e o António para o telejornal da manhã, mas chovia a potes.

Resultado, os cavalos estavam extremamente stressados e nervosos e o pior aconteceu, o Mariola, o cavalo da Beatriz, exaltou-se com o transporte e com a chuva e disparou pelo picadeiro à carga, completamente descontrolado! As rédeas estavam todas emaranhadas, um estribo soltou-se da bota, o vento, a chuva e aquele picadeiro sem limites, aberto, sem barreiras para travar o cavalo.

Foram 60 segundos que pareciam duas horas. Ninguém o conseguia parar ou dominar e ela muito menos, porque é muito pequena. Eu que tento ser controlada em situações de susto, comecei a temer o pior. Não era para menos.


Até que os gritos do treinador foram ouvidos por ela: PUXA A RÉDEA ESQUERDA, BEATRIZ! PUXA A RÉDEA ESQUERDA! JÁ! JÁ! JÁ! COM FORÇA! OUVISTE? PUXA A RÉDEA ESQUERDAAAA!

E ela ouviu. E ela puxou. E foi automático. E o Mariola parou.

Um cavalo super manso que provou mais uma vez que os animais são inesperados.

Felizmente que a chuva parou durante a tarde, a prova realizou-se e muito bem, apesar dos nervos dela, meus e do pai e de toda a escola de equitação.

Foi a 1ª vez que a Beatriz e o António se mostraram em público e foram óptimos.

Ao verem este vídeo do Pas de Deux, pode parecer-vos muito fácil, simples e sem mais complicações.

Enganados. Completamente.


Foram horas e horas de muito treino e de muita dedicação. É muito difícil duas crianças conseguirem, manter os cavalos lado a lado e sincronizados.

Os cavalos fazem o que querem se o cavaleiro não estiver à altura deles. E estes cavaleiros eram duas crianças de 11 e 12 anos.

Apesar de ainda, por duas vezes, o Mariola ter tentado fugir das mãos da Beatriz, os cavalos obedeceram-lhes e tudo foi excelente. Ficou feliz da vida por ter tantos amigos a apoiá-la.

sábado, 24 de maio de 2008

[8] bom fim de semana!




Já há algum tempo que não escrevo sobre uma das coisas que mais gosto de fazer.

Ler. Livros. Letras. Papel. Folhas. Calhamaços. Desfolhar.

Autores portugueses contemporâneos.

Sabiam que existem imensos? E excelentes? E para muitas pessoas, totalmente desconhecidos?

Pois é. O que vende são os sétimos selos, os sei lá, os sapatos de cristal, os como deixar os gajos ciumentos, as traduções das dietas da Opra, o segredo, os tenha 40 e pareça que tem 18 e os não sei quê e os não sei que mais.


Verdade seja dita, que este tipo de livros puseram muito mais gente a ler e não podem ser ostracizados, são fenómenos de sucesso e têm de ser tidos em linha de conta. É de uma ignorância e de uma snobeira atroz não lhes dar qualquer crédito. Digo mais, é pura bronquite.

Quanto a comprá-los e lê-los, isso é outra história.

Cabe aos leitores optar.

Gosto de variadíssimos temas. Mas tenho preferência pelos temas sobre a história de Portugal, com base em estudos e factos reais.

A ficção pode existir, até para dar dinâmica à história, mas tem de ter um estudo histórico verdadeiro, demorado e intenso.


Este é um tema muito específico, que nem toda a gente tem paciência e tenho pena por isso.

Vou deixando aqui dois ou três livros e vou continuando a fazê-lo aos sábados quando me apetecer, aliás como já o fiz em posts anteriores. Este é o oitavo sobre livros.

Hoje escolho a Luísa Beltrão. Sou fã do que ela escreve e como escreve.

Só aos 50 anos se estreou na literatura e em boa hora o fez.

Com esta tetralogia, consegue levar-nos de volta ao nosso passado, sem grandes pretensões de erudição, mas ao mesmo tempo de uma forma bem realista, com um estilo muito pessoal, conseguindo, de uma só vez, tornar estes quatro livros compactos e ligeiros. Tudo a partir de uma árvore genealógica muito bem estruturada e que consultei vezes sem conta, à medida que os lia. A história, atravessa dois séculos e leva-nos desde o tempo dos navios negreiros no Brasil até à época pós-25 de Abril.


desafios



A ‘de dentro para fora’ e o Carlos do ‘rochedo’ lançaram-me o desafio de dizer 6 coisas de que eu não goste.

1. No Verão:

Não gosto da areia seca da praia; de temperaturas acima dos 27Cº; de filas nos restaurantes e de vento frio à noite.

2. No dia a dia:

Não gosto de esperar; não gosto de baptizados; não gosto de velocidades; não gosto de comer comidas tipo papas; não gosto de corta-unhas; não gosto de conversas de grávidas e de partos, são todas iguais, uma seca; não gosto de cerveja.

3. Nos outros:

Não gosto que me falem alto; que tirem ilações gratuitas a meu respeito sem sequer saber das minhas razões; desconfio de quem não gosta de animais; incomodam-me pessoas moles, neuróticas, depressivas e deprimentes; não tenho a mínima paciência para birras, amuos e fitas.

4. Na vida:

Detesto preconceitos, de qualquer tipo. Odeio mesmo.

5. Em mim:

Não gosto de ser tão perfeccionista com o que faço; de não me conseguir controlar com os doces; não gosto de não gostar do Verão; não gosto de ter enxaquecas e de ter febre.

6. No geral:

Não gosto de saber que um dia vou morrer.

Esteja à vontade para pegar neste desafio quem quiser, porque acho que já todos o devem ter feito.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

aos 40*


* ou aos 50, 60, 70 ...

Eu gosto de saber de novas paixões aos 40. Gosto que me contem. E são sempre contadas entre risos e gargalhadas de 20 anos. Descobre-se tanta coisa aos 40. E a principal descoberta é que ainda falta tanto. Que se pode fazer muito.

Dizia-me ela no outro dia, qualquer coisa como: já não me sentia viva há muito tempo. Não é bestial? Não vale mesmo a pena dar murros em pontas de faca, viver vidas que já foram terminadas há muito, investir em relações vazias, por hábito, por comodismo, por masoquismos e muito menos pelos nossos filhos. Não vale mesmo. Esta vida que guardamos é seguramente um presente, que se soubermos aproveitar convenientemente, multiplica-se. Em primazias. Lucros. Prémios. E agora como vai ser? Outro amor? Um namoro? Mais umas voltas? É o que for. E venha de lá. Com a grande vantagem de que já não temos 20 anos, antes uns belíssimos 40 que nos ensinaram muito. E que hoje são nossos amigos.


Os 20 não nos têm amizade. São egoístas. Vaidosos. Pouco altruístas. São inconsequentes, não querem saber de nós. Só deles e das suas loucas experiências. Os 40 não. São companheiros. Choram connosco e carregam-nos ao colo. Têm as mesma rugas. Os 40 percebem ao mesmo tempo que nós, que está na altura de tornar a dar a volta. E por cima de preferência. Porque há quem a dê por baixo. E eu não gosto de voltas para baixo.

Eu sei, eu sei!

Que a nossa barriga já não é lisinha, que já não vestimos o nº 34/36, que os bikinis brasileiros não saem da gaveta há pelos menos 4 Verões, que temos de renovar as madeixas com regularidade, que não queremos mais desilusões e que a lei da gravidade existe mesmo. Mas por outro lado, podemos voltar as costas sempre que quisermos, dizer ao outro, baza daqui, decidir o quê, onde, como e com quem, levantar o nariz e acreditar que é mesmo verdade isto de existir outra vida para além daquela, aliás muitas outras vidas; principalmente sem grades, sem prisões, sem sentenças. Eu gosto de saber de novas paixões aos 40, apesar de a minha ser a mesma desde os 17! Eu vivo as paixões dos 40 dos outros, com imenso prazer, mesmo tendo a minha, a de sempre. Mas gosto de observar mudanças. E para melhor.


E nunca, o irmos todas juntas à casa-de-banho, foi tão bom como aos 40, pois não?

quinta-feira, 22 de maio de 2008

pas de deux


Vou passar aqui o feriado, o sábado e o domingo.

A Beatriz vai fazer um 'Pas de Deux', num cavalo branco lindo.

O Mariola.


Depois coloco fotos.

Bom feriado a todos.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

sossego I


Saem-me sem avisar. As palavras.

Como se o meu pensamento e as minhas mãos fossem uma coisa só e tudo flúi directamente para o ecrã, que nem tenho tempo de confirmar o que sinto. Mas o pior não são as palavras em catadupa, são os berloques, os penduricalhos, os apetrechos, os acessórios, que não param de se intrometer na minha escrita.

São as vírgulas precipitadas e minúsculas que desgovernadas querem sempre entrar nas minhas frases e pedem-me adjectivos, comparações e substantivos para que eu as possa intercalar. Calma! Assim é impossível escrever. E eu hoje quero escrever pequeno. Há espaço para todos e além disso, já sabem que eu prefiro frases curtas e pontos finais. Como esta. Ou esta. Ou ainda esta.

Entendem? Ah, mas assim tudo o que escreves fica monótono e insípido. Nós, vírgulas, damos dinâmica a qualquer texto. Criamos entoação, fazemos intervalos, separamos atributos, vocativos, orações e conjunções e ainda …. Calem-se burras! Vocês quando utilizadas em demasia tornam-me as frases embaraçosas, arruinadas, desnorteadas, dilaceradas. E se eu tiver o azar de vos colocar mal, estrago tudo, perde-se a cadência e as minhas palavras tornam-se uma sucessão de quedas. Além de que também, suas vírgulas irrequietas, lá por serem as mais utilizadas, não são as únicas, nem sequer as mais importantes. Há interrogações, exclamações, reticências, dois pontos e pontos e vírgula, que eu também gosto. Existem verdadeiros casos de amor entre as minhas palavras e as exclamações!

Viva!! Somos nós agora!! Pouco barulho, vocês também! Ainda não perceberam que a exclamação é um recurso muito fácil? Que deve ser usado com cuidado e poucas vezes. Já o dizia a Sophia. Era lindo, eu agora pôr-me aqui num exagero de exaltações! De entusiasmos! De celebrações! De glória! De orgasmos! Eu sei que vocês são gritos de alegria, de surpresa, de espanto. Mas têm de ir com calma, porque podem também tornar-se excessivas como a dor, a queixa, o grito, o lamento.

E a simplicidade? A clareza do meu texto? A perceptibilidade dos pormenores? A transparência das palavras? Onde é que ficam? Como é que eu faço, com vocês todos sempre a meterem-se no meio dos meus pensamentos? Já viram o que me fizeram? Já estou para aqui com interrogações, a indagar a inquirir e porque é que não consigo parar? Só estavam mesmo a faltar vocês, suas metediças perguntinhas da praxe. Ok Patti, não é preciso ofender, não achas que estás a exagerar? Nós também temos direito de entrar nas tuas conversas, ou não? Que embirração é essa agora? Fizemos algum mal? Nós até aparecemos pouco, não é?

Parou tudo. Estou cansada. Eu hoje só queria escrever pequeno. Curto. Pouco. Rápido. Breve. Conciso. E não consigo. Vocês não me deixam. Sempre com as vossas exigências em estarem continuamente presentes. Escrevi tanto e não escrevi nada. A única palavra coerente que consegui por aqui, foi a palavra, palavra.

Termino agora. E ponto.

Ponto final.

Parágrafo.

terça-feira, 20 de maio de 2008

palavreados

Hoje ia levando com um tipo em cima.

Não, não estive quase a fazer sexo com um estranho.

Estive na A5, como todos os dias.

Estou a falar daqueles assassinos, com carácter de cilindrada, que respiram combustível, que têm alma de Porche Carrera e motores de explosão no volante.

E que nos interrompem a vida nas estradas.

Cabrãofilhodaputasacanademerda.


Peço desculpa.

É que eu podia já não estar aqui agora; para dizer asneiras!

Eu digo asneiras quando guio ao lado de assassinos.

Ah, e quando me queimo!

Quando me queimo também digo asneiras.


Mas só.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

puxões de orelhas, réguadas e orelhas de burro


Mas aquela gente não acaba com as queixinhas e choraminguices? Há feira do livro, não há feira do livro, depois já há feira do livro e afinal já não há feira do livro outra vez, mas parece que já há, que já há sim senhora, ou não? Ai não, não há outra vez? Ah, só dizem na segunda-feira? Hoje? De certeza? Ou só amanhã?

Já conheço as justificações de todos de cor e salteado, mas deixei de ter paciência para aturá-los. Parecem bebés chorões: oh mãeeeeee, a Leya diz que as casinhas dela são mais bonitas que as minhas. Leiazinha, então? Que mania a tua de dar nas vistas, são essas filha? E tu Apelzinho, porque é que não compras umas casinhas novas? Porque a Mariazinha da Câmara não me empresta o dinheiro dela. Pois não, não te empresto mais nada. O dinheiro é meu! E também nunca mais pões as tuas casinhas no meu jardim e sai já daqui. Bem feita, bem feita! - diz a Leyazinha, que não precisa do mealheiro da Mariazinha da Câmara. ‘Tás a ver mãe, a Leyazinha a gozar comigo? Já não a deixo mostrar as casinhas dela às minhas amigas.

Acabou-se! Estão todas de castigo e já não há casinhas, p'ra ninguém. Nem novas, nem velhas! Que cena meus! As varinas ao pé de vocês, desistiam da profissão. Então é assim: quem não vai à Feira do Livro é aqui a je! Também vou fazer boicote. Tenho pena, porque gosto de trocar duas palavrinhas com a Rosa Lobato de Faria, de ver as caretas do Rui Zink e de olhar para aquele senhor, o Lobo Antunes (se lá estiver) e imaginar o que vai naquela cabecinha. Mas vocês já me conseguiram irritar com as vossas porras.

Sabem o que é que parece? Que vocês todos, não querem é saber de nós leitores para nada. Ai não é nada assim? Pois parece! Não vou, não vou e não vou! Acabou-se! E além disso, também tenho queixas e tenho-me aguentado. Já estou farta daqueles pavilhões ancestrais, de alguns vendedores antipáticos como o raio, dos horríveis sacos de plástico onde nos enfiam os livros, das ciganas que insistem em ler-me a sina e daquelas famílias de horrorosos que vão para lá a ver se sacam um livrinho à borla ou mais 10 marcadores de livros e nem sequer sabem ler, ou que pensam que a Rita Ferro é mulher do Ferro Rodrigues.

Acabou-se.

Grande Feira, foi o que vocês arranjaram e nem precisaram dos antigos pavilhões; souberam armar as barracas muito bem. Vou à Byblos. Vou à Fnac. Vou à Pó dos Livros. Vou à Ferin. Vou à Bertrand. Vou à Bulhosa. Vou à Barata. Vou à Portugal. Vou à Buchholz. Vou à Coimbra. Vou à Clepsidra. Vou aos alfarrabistas. Vou ao quiosque da esquina. Até vou à secção de livros do Pingo Doce.

Mas este ano, eu não vou à Feira do Livro.



mais no blog da revista ler, aqui

domingo, 18 de maio de 2008

[15] há coisas fantásticas, não há?





So cute, so quite.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

[5] 'tou no ir. . . de fim de semana



A Coragem atingiu esta semana, as 30.000 visitas e está toda contente. Vão lá contribuir para as 40.000, que ainda por cima não perdem a viagem.

Eu pobrezinha, como só ando pelo blogobairro, nem há 4 meses, atingi esta semana as 5.000 visitas. Pronto, vou só mandar um foguetezinho, assim dos pequeninos, daqueles que só fazem pum, pum, pum e não fazem Tchzzzzzzzzzzzzzzz PUM, PUM, PUM, Tchzzzzzzzzzzzzzzz PUM, PUM, PUM, Tchzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz PUM, PUM, PUM, como os da Coragem.

Ah, mas a minha visita 5.000, foi a Xô, a minha amiga, que me fez aquele tratamento de caviar, com máscaras roxas e verdes!

E a Cerejinha disse que como eu escrevo tanto, queria desafiar o meu poder de síntese.

Logo eu, uma consumidora de letras até na sopa.

Mas Cerejinha aqui vai a frase com a qual me identifico, acompanhada com uma foto, tão bonita como as que tu tens lá no teu blog.

O dia de amanhã ninguém o viu.


Também recebi este prémio criado pela @nn@, pelo post de 2ª-feira do Bob Geldof.

Ele, então que é fã do Mick, adorou

Acho que não se viam desde a última ‘bezana’, há quinze dias, no Soho londrino.


Agora vou comprar a Caras. Sim, porque tenho de alimentar o meu lado fútil e porque quero meter o nariz nos vestidos das meninas dos Globos de Ouro.

Gosto tanto de vestidos!

Ainda vou visitar de manhã, as 'minhas' meninas do post de ontem. E depois, sigo caminho para fazer uma visita a esta bebé linda que veio do México, passar umas férias com a avó Margarida, os tios, o primo e os amigos tugas.

E finalmente, já sabem que tenho tiques parolos, aquela coisa das feiras e bailaricos, da entremeada com pão saloio, da água pé com a castanha, da bela da sardinha assada com salada de pimentos e sangria tinta e outras coisas do género.

Também adoro expressões populares.

Vou colocar aqui algumas e depois….continuem vocês:

Rega-bofe;

Aqui há gato;

Caiu-me a alma aos pés;

Cruzes, canhoto;

Chiça penico, chapéu de coco

Gaba-te cesto;

Alhos com bugalhos;

Nunca vi mais gordo;

Vai chamar pai a outro;

Feito num oito;

Trinca espinhas;

Pano para mangas;

O teu mal é sono;

Vai chatear o Camões;

A conversa já chegou à caixa dos comentários?


Bom fim de semana!