segunda-feira, 31 de março de 2008

é tudo tão simples

foto minha

Esta sexta-feira, logo a seguir ao almoço, rodei com enorme deleite o puxador daquela tarde ensolarada, que risonha chamava por mim, para dar um salto até ao paraíso.



Apenas a uma hora de Lisboa, foi o bastante para ficar quieta a sentir o sossego do silêncio, receber em papel feito de asas de borboleta, o convite que me fazia a paisagem, que se espreguiçava verde, diante dos meus olhos, escutar os gritos coloridos das flores novas a romper a terra, sorrir com os pássaros que saíam dos ninhos e me desafiavam para com eles, iniciar a primeira dança da Primavera, naquele imenso céu azul e comprazer-me com a fruta cor-de-laranja, acabada de nascer, que me perguntava se eu preferia o sumo natural ou com o orvalho fresco da manhã.



Bastaram três horas, neste local, para renovar os filtros, recarregar de sangue novo as minhas memórias e atestar de lembranças o meu coração.

Vou voltar.


domingo, 30 de março de 2008

[9] há coisas fantásticas, não há?



A saudade, o amor na amizade, o espanto na cara, a música num crescendo lindo, lindo, a minha pele arrepiada . . .

E choro com ele, com o filme da minha vida.

sábado, 29 de março de 2008

[6] bom fim de semana!


"Monk é um polícia inglês que sofreu um acidente e desde aí a sua memória nunca mais foi a mesma. A tradição policial britânica é extremamente forte. Uma colecção de livros policiais na época vitoriana, escritos de uma forma apaixonante"


O Rosto de um Estranho, de Anne Perr
y


Desde o primeiro livro que fiquei fã de Monk e da sua "ajudante" Hester Latterly, uma enfermeira que privou com Florence Nightingale, na guerra da Crimeia.

As descrições das ruas de Londres, das diferentes classes sociais, do modo de pensar daquela época, prendem-me sempre a cada página.

sexta-feira, 28 de março de 2008

cor e luz



fotos de neloqua, mogh ip e tut roger


Tenho uma profissão que adoro e estive toda a semana bastante entusiasmada e ocupada a projectar um espaço, com estes tons, que até o Verão, fogoso e ardente, me gritou obscenidades ao ouvido, do tipo:

“Olha lá, oh minha usurpadora escandalosa, essas imagens pertencem-me, querem lá ver que ainda te estás a habilitar a uma penitência sem protector solar, por defraudares o que não te pertence!

Pensas o quê, oh pindérica? Olha que lá por eu, já não ser aquilo que era, ainda tenho muita exuberância e altivez e não preciso de substitutos”

O cobiçoso ficou tão ciumento e ávido da minha palleta de cores que me disse, empolado, que vai mudar a hora já este fim-de-semana.

Coisa feia, a inveja!

quinta-feira, 27 de março de 2008

repercussões




mal se atira a pedra, há ondulações no charco, mesmo que depois tentemos retirá-la

quarta-feira, 26 de março de 2008

[2] mais uma manhã como as outras (?)


Ao cimo da subida, uma velhinha de muletas com um cabaz na cabeça. Fico logo alerta. Paro o carro ao lado dela.

Quer que a leve a algum lado?

Oh minha senhora, vou p’ráli, p’rás bandas do chafariz.

Então entre lá que eu levo-a.

A senhora movia-se com dificuldade. Eram as muletas, o cabaz, a falta de prática de se meter dentro de um carro, os agradecimentos em catadupa, a porta que se esqueceu de fechar, o cinto que não sabia colocar … Enfim, uns bons 3 ou 4 minutos até arrancarmos. Uma fila imensa atrás de mim. Ninguém apitou. Todos esperaram pacientemente.

Em silêncio? Sim senhora.

E levei-a ao tal do chafariz e ainda hoje deve lá estar a agradecer-me e a dizer adeus. Linda, aquela velhinha.

terça-feira, 25 de março de 2008

esteriótipos

Já houve alturas em que fui acordada às três da manhã, com choros desesperantes e palavras convulsivas. E fiquei a ouvir durante horas, angústias, medos, solidões . . . e depois, a bela da insónia, ouviu-me a mim.

Houve tempos, em que as teclas do telefone ficaram gastas de tanto marcar sempre o mesmo número. A TMN bloqueou-me o pin, devido às imensas chamadas que fiz, com o argumento de que, oh minha senhora, assim não vale, olhe que o monopólio é um jogo didáctico para as crianças, e não, o controle 24 horas do seu telefone! Que gastava os chips, disseram eles!?


Numa altura, larguei a manicura de pincel em riste, a escorrer de verniz encarnado sangue de boi, para sair num pulo em direcção à secção de perdidos e achados da judiciária, para lhe ajudar a encontrar a coragem e o ânimo que tinha perdido, já nem sabia onde, juntamente com o amor-próprio que tinha ficado esquecido em 25 anos da balda da vida. Sei de segredos espessos, cerrados, densos e escuros, que até já me bateu um padre à porta, para que eu os segredasse de joelhos, durante o sacramento da confissão.

Especializei-me em ser advogada de defesa de causas tristes e naufragadas, em advogada de acusação numa câmara de horrores, em juíza facciosa e sem lei, exercendo em tribunais imaginários e obsoletos, em enfermeira de pensos rápidos para arranhões súbitos no espírito e fui convidada para ser membro de mérito do Green Peace, quando lhes levei relatos verídicos de poluições sonoras de ofensas à alma, derrocadas de nervos em franja e derrames de emoções reprimidas.



Mas sou assim, tenho cara de ombro largo, que tão depressa estica, como se encolhe, quando recebe em troca um . . . “olá, tudo bem? há tanto tempo, ah, hoje não me dá muito jeito, tenho de limar uma unha e caiu-me uma pestana para o olho.”

Acordo. Ergo barreiras.


Sofro uma transformação repentina e viro cliché: pão pão, queijo queijo; pontos nos i's; preto no branco; cá se fazem, cá se pagam; colhe-se aquilo que se planta. Ponho o dvd, do Cinema Paradiso na memória, que me relembra rapidamente que vão sempre existir coisas que nunca vou mudar.



Não gosto de ingratos.

segunda-feira, 24 de março de 2008

the pursuit of happyness


foto de rudolf henning

Parece que a felicidade está dentro de nós, alojada no cantinho do órgão-rei. Diz-se que não deve ser procurada lá fora, onde residem as tradicionais definições de felicidade como o poder, o prestígio, o dinheiro, a beleza, os bens materiais.

Bom, deve ser complicado quando diariamente perdemos 2 horas em transportes públicos, quando trabalhamos a recibos verdes, quando temos filhos e não os vemos nunca acordados, porque os levamos de madrugada para a ama e os trazemos à noite, já em pijama e prontos para irem para a cama, quando temos empregos frustrantes, quando perdemos 3 horas à espera de uma consulta da caixa e o patrão nos desconta no fim do mês, quando passeamos carrinhos abarrotados, com cara de zombies, em hipermercados, quando . . .

Dificuldades e apertos todos temos. Mas é preciso encontrar lá pelo meio dos apuros diários, algo que nos espevite, procurar fazenda para fazer o fato. Não devíamos ruir antes mesmo de desmoronar, fracassar antes do baque final. Muitos de nós desistimos de viver antes mesmo do tempo. Renunciamos a nós próprios, em prol dos outros, do marido/mulher, do filho, do pai, da mãe, do emprego ou, ao contrário, desterramos os outros através do nosso egoísmo, não nos dedicamos. Queixamo-nos por princípio, por ponto de hora, lamentamo-nos por vício, mandamos vir por tudo e nada mas poucas vezes reagimos, enfrentamos ou procuramos soluções e alternativas. E, quando olhamos à volta, damos conta que passaram 30, 40 anos da nossa vida e já só falta outra metade. Tão pouco!

Como ouvi recentemente, perdemos a vida antes de morrer. É preciso atrevimento para certas mudanças na vida, concordo, até porque algumas delas implicam riscos. Mas é sempre pior, arrependermo-nos daquilo que não fizemos ou nem sequer tentámos fazer. Podemos sempre começar pelas transformações mais simples.
A lei da compensação(*) dá sempre uma ajuda.

Quantas vezes não aproveitamos a candura de coisas tão simples como cheirar a pele de um bebé, almoçar no jardim ao lado do escritório, reparar nos desenhos das nuvens, andar sem rumo quando faz sol, perder mais dez minutos de sono para ir “visitar” os filhos ao quarto, gozar do luar quando passeamos o cão, rir de nós próprios, desfrutar dos primeiros salpicos de chuva, passear na areia molhada da praia no Inverno, olhar para o lado e reparar que há sempre realidades piores que a nossa. Parece parvoíce? Mas não é.

A felicidade não se encontra só nos grandes momentos da nossa vida, mas nos pequenos segundos, nos breves instantes do tempo, como aqui. Os pessimismos e os queixumes gratuitos e fáceis, fazem-me confusão. A falta de visão para aproveitar e discernir o que temos de bom no dia a dia, por mais pequeno que seja, incomoda-me.

E depois como será . . .?

. . . quando formos despedidos?

. . . quando partirem os amigos?

. . . quando a nossa mãe morrer?

. . . quando o nosso filho tiver um acidente de carro?

. . . quando tivermos uma doença incurável?


(*) Tudo tem fluxo e refluxo; tudo tem as suas marés; tudo sobe e desce; tudo se manifesta por oscilações compensadas; a medida do movimento à direita é a medida do movimento à esquerda; o ritmo é a compensação.

domingo, 23 de março de 2008

[8] há coisas fantásticas, não há?

vencedor de prémio no Youtube 2008, na categoria "Adorable"

sábado, 22 de março de 2008

[5] bom fim de semana!


"Este romance histórico retrata toda uma série de acontecimentos emocionantes, peripécias, intrigas e lutas que levaram Isabel a Católica ao trono de Castela e conduziram ao afastamento de Joana de Castela, sobrinha de Afonso V, rei de Portugal.

Quando a irmã de Afonso V, rei de Portugal, deixa Lisboa para se casar com Henrique de Castela, não acredita nos rumores que põem em causa a virilidade do seu futuro marido. Joana de Portugal, conta rapidamente dar a Henrique VI o herdeiro por que este tanto ansiava, para provar a sua masculinidade e providenciar estabilidade a um reino no qual a nobreza, dividida, lutava pelo poder. Mas seria na própria noite de núpcias que esta teria a sua primeira desilusão."



Um intriga política real que resultou, alterando o rumo da história.

sexta-feira, 21 de março de 2008

hoje . . .

é o início da Primavera . . .


. . . e parece que se comemora tudo.

O dia da árvore, o dia da floresta, o dia do sono, o dia do combate à tuberculose, o dia para a eliminação da discriminação racial e amanhã o dia da água.

. . . e ainda o Dia Mundial da Poesia


foto de Rodrigo da Cunha
Instante

A cena é muda e breve:

Num lameiro,

Um cordeiro

A pastar ao de leve.


Embevecida,

A mãe ovelha deixa de remoer

E a vida

Pára também, a ver.

Miguel Torga

quinta-feira, 20 de março de 2008

ainda vale a pena [2]


E como isto ontem foi uma choradeira pegada, ali para os lados da caixa dos comentários, com direito a fungadelas, stock de lenços de papel esgotados no Pingo-Doce, teclado pingado e cabos usb enferrujados, aqui vai um post mais descontraído, daquelas histórias que a mim me vão acontecendo.

Resolvi ir ao supermercado a pé. 1 km. Coisa pouca. Mas como sempre, entusiasmo-me com as prateleiras, esqueço-me que não levo carro e venho carregada que nem . . . enfim.

Passa uma senhora, com mais 30 anos que eu, que nunca vi mais gorda e diz, toda cheia de genica:

Ai que carregada que vai! Dê cá uns sacos que eu ajudo-a. Olhe que temos de ser uns p’rós outros, blá, blá, blá, blá, blá, blá. E eu aparvalhada, dou-lhe para a mão, os meus chocolates de 500g, as minhas saladas light, o meu pão escuro de 7 cereais e a garrafa de moscatel.

Brincadeira? Nada! Levou-me os sacos até casa e andava mais depressa que eu!

quarta-feira, 19 de março de 2008

tri-post do dia do pai




Olá pai.

Lembras-te . . .

. . . quando brincávamos aos chás com o meu serviço miniatura de porcelana?

. . . quando te fazia jantarinhos fingidos com as mini panelinhas de alumínio, iguais às da mãe?

. . . e quando brincávamos aos escritórios e te gastava todas as folhas, para escrever na tua velha máquina “azert”?

. . . quando me escondia no roupeiro gigante, enquanto fazias a barba, com aquele pincel grande, para depois fingires que não sabias onde eu estava?

. . . das tuas horríveis sopas da Knorr, cheias de grumos, dos bifes salgados e dos ovos estrelados cheios de clara crua, que fazias quando a mãe foi operada?

. . . e de como eu ficava feliz, quando desistias de cozinhar e íamos jantar ao restaurante?

Eu lembro-me, pai.

Sempre!

Feliz dia pai.

. . . e como há pais que foram levados para o céu, antes do tempo, para embalarem anjos querubins . . .

de Eva

barco de ulisses

Quando li o texto de hoje de manhã, fiquei com sorriso na cara mas ao mesmo tempo comovida.

Não pude deixar de me lembrar também do meu pai, das histórias fascinantes que me contava, aos domingos de manhã, quando fugia para o aconchego da sua cama.


Aí as aventuras começavam normalmente em barcos gigantescos, com tempestades à mistura e gigantes pelo meio. Havia uma figura que me acompanhava sempre nas minhas odisseias, era o Ulisses.

Obrigada!

Hoje, fizeste-me recordar esses bocadinhos da minha vida, tão bem guardados no meu coração.

Só que na minha história, tal como na minha vida o meu Herói era e é, o meu Pai.

de cláudia e paula

passeios por Setúbal


Querido Pai,

Apesar de Deus ter querido que partisses deste mundo tão cedo e com tanto que viver ainda, estaremos eternamente agradecidas por te ter feito nosso Pai e de contigo termos vivido tão bons e inesquecíveis momentos; que bom foi rir contigo, que bom foi chorar contigo . . .

. . . e tanto a rir como a chorar, tu estavas aí, ao nosso lado.

Papá, apesar de nos sentirmos tristes vamos olhar para o lado e sorrir, porque sabemos que és tu, quem vai ao nosso lado!

terça-feira, 18 de março de 2008

em 1973 é (ra) assim . . . (antecipação do dia do pai)


Quando vou para a escolinha, a pé, sempre de mão dada com o meu paizinho, como ele diz, passamos por mil aventuras.

De pastinha às costas e cesto de verga nas mãos, com o almoço, ainda quente, lá vamos nós, bem cedo, pela Luciano Cordeiro, até ao Paço da Rainha, a cantar “o Chico larico da perna assada, comeu um burrico na semana passada”, “o meu chapéu tem três bicos” ou a Portuguesa. Temos de cantá-la todas as manhãs antes de começar a aula.

No cimo da rua, encontramos o Zég Lareg, um menino que se cruza todos os dias no nosso caminho e que deve andar numa escola perto da minha. Zég Lareg? Onde foi ele inventar este nome?

“Olha, lá vem o Zég Lareg, vamos dizer bom dia” – diz o meu pai e cumprimenta-o muito baixinho.

Aperto-lhe a mão com força, “Oh pai, não, que vergonha, eu não conheço o miúdo e ele não se chama assim, de certeza!” – e ele farta-se de rir, com o meu acanhamento.

“Bom dia, Zég Lareg, então já vais atrasado!” O miúdo nem ouve e nem se apercebe de nada, mas eu acho sempre que ele repara e coro no meio de gargalhadas nervosas.


Mais à frente, damos de caras com um colega de escola, de quem nem conheço os pais e nem sei sequer o nome dele, porque anda na 4ª classe; é dos “crescidos”.

“Olá D. Amélia, Sr. Américo! Como vão os senhores? E o Chiquinho, tem boas notas?”

“Pai, que horror, não, não! Olha que eles percebem! Esses nem devem ser os nomes deles!” - digo eu sempre assustada e ao mesmo tempo excitada com as nossas brincadeiras secretas, que afinal, ninguém se apercebe. Só nós.

Eu desconfio mesmo que o maior gozo do meu pai é ver-me aflita por um lado e a rir-me por outro, cheia de receio que as pessoas, com quem ele se “mete”, o ouçam!


Quando às vezes, nos atrasamos, apanhamos o autocarro. Aquele, verde de dois andares, que tem o revisor com uma mala de cabedal à tiracolo com um fecho que faz click e bilhetes coloridos entrelaçados nos dedos, mais o aparelhinho de metal, donde vem um tic-tic, sempre que os fura.

O que eu gosto de ver o chão do autocarro, cheio de bolinhas de papel de todas a cores!

E, lá vem a história, do menino Luízinho, que era pequenino, pequenino como um relógio e . . . “entrou uma senhora muito gorda, que não vê o Luízinho e senta-se em cima dele. Coitadinho, fica esborrachado debaixo do rabo da senhora, mas ele tira um alfinete do bolso e espeta-lho com toda a força! Aiiii, o que é isto, o que é isto”, diz ela aos gritos. E é então que vê o Luízinho pequenino, pequenino, todo zangado a olhar para ela. Farto-me de rir a imaginar a cena.

E não é, que entra sempre uma mulher gorda, “Olha vês, foi aquela, foi aquela!”. E eu a acreditar na coincidência.

Mas nunca vejo o Luízinho, porque é pequenino, pequenino, torna o meu pai a dizer.


Quando atravessamos o jardim dos Campos Mártires da Pátria, mesmo em frente à Faculdade de Medicina, é a vez da Bruxa Capucha, a minha história/personagem preferida.

“Vês, ali é a árvore onde ela mora. Dentro daquele buraco grande, no tronco!”

E começa a contar, mil aventuras, em que a Bruxa Capucha me assusta, me ataca, me puxa os cabelos, me grita, me rouba o almoço do cesto, me rapta e me esconde, mas sou sempre salva no final pelo nosso fiel cão preto, o Smog. O Móg, como ele lhe chama.

“Mas quem estava à espreita, com um olho aberto e outro fechado, era o…….. MÓOOG!

Atirou-se à cara dela com as garras afiadas e ela ficou com a cara toda borrrraaada de saaaangue e salvou a menina!” A menina sou eu, penso feliz da vida.

E dou saltinhos de contente, rindo-me que nem uma perdida, que nem a cara toda borrada de sangue da Bruxa Capucha me intimida.


Consigo mesmo imaginá-la a fugir do Smog, o meu enorme e lindo rafeiro preto, o meu cão herói, que já foi para o céu e que me socorre sempre nestas incríveis histórias, cheias de imaginação, contadas anos e anos, repetidas vezes sem conta, como se fosse a primeira, naquele tempo em que ele me levava todos, todos, todos os dias à escolinha.

Sempre de mão dada com o meu paizinho, como ele dizia.

segunda-feira, 17 de março de 2008

subidas a pulso


Costumo dizer, para assombro de alguns, que gosto do Tony Carreira. Não propriamente, do que ele faz, mas do que ele representa. Mas eu quero lá saber que o Tony Carreira, cante música romântica de letras básicas e de acordes fáceis. Quem mais neste país esgota o Pavilhão Atlântico duas noites seguidas? Gosto da simplicidade dele, da calma com que fala, do ânimo com que trabalha e de não ter adormecido à sombra da bananeira. Não gosto do estilo. Não é o meu género. Mas reconheço-lhe todo o valor e mérito.


Não se encostou a “padrinhos”, sobreviveu à custa do seu próprio empenho e venceu, dando uma estalada sem mão a muita vaidade que engorda por aí.

Ninguém tem de começar a gostar do Tony Carreira, só porque ele é famoso e venceu na vida, mas, convenhamos, que já merecia outro tratamento.



Mas ele nem precisa que eu ou que os outros gostemos dele.


É reles a pobreza de espírito das “elites” soberbas, que preferem olhar com enfado e snobismo para o lado e renegar o evidente fenómeno que ele representa. Temos sempre muita vergonha do português modesto que aspira ao sucesso e que triunfa. Não há maior grosseria e rusticidade que essa, a de sustentar pudores e manias lá do alto da nossa diminuta grandeza.

domingo, 16 de março de 2008

[7] há coisas fantásticas, não há?



Encontrados abandonados quando bebés, estes leões foram criados por dois rapazes. Quando cresceram, foram devolvidos à floresta para que se integrassem com a vida selvagem.
Um ano depois, os dois irmãos vieram ao local onde os haviam soltado, para dar uma olhada e, talvez, ver como eles se estavam a adaptar.


Este vídeo é do reencontro dos leões com seus pais adoptivos...

(Pena a má qualidade do vídeo)

sábado, 15 de março de 2008

[4] bom fim de semana!


“Nana foi, durante mais de 60 anos, governanta da aristocrata família Belo. Assistiu, por dentro, aos altos e baixos de um clã que já não se espantava com nada porque já tinha vivido tudo. Ela própria marcou os Belos a quem dedicou a vida. É por isso que, então já ministra do PSD e enfrentando traições que começam no interior do seu partido, Mariana Belo, que Nana viu nascer, a evoca”.

Nana, de Helena Sanches Osório

Quase todos nós, já tivemos uma Nana nas nossa vidas.