E então foi um matar de saudades do salero, das tapas e dos bocadillos, do jarro de sangria gelada na barra da bodega, das cavas nas taças, da crema, do chocolate con churros. Do espalhafato das conversas que eles mantêm em alto, dos boulevard cheios de famílias ao fim da tarde, das velhas empiriquitadas nos bancos dos jardins, das sombras brancas das esplanadas, das bicicletas que nos atravessam o passeio, da intimista Rambla da Catalunya que desce magnífica até à Praça e depois se une na outra Rambla, a turística que eu não aprecio por aí além, para terminar no mar mediterrâneo com o Cristóvão imponente no pedestal, vislumbrando a América a mando da ambígua Isabel, a católica.
Tornei a guardar por dentro a memória das fachadas dos edifícios, que me fixam os olhos sempre para o alto das varandas e balaustradas, para o ritmo das gelosias com carrego de cores sonoras; o encarnado, o baunilha, o cinzento, o branco e o terracota.
Alegrei os pés exaustos pelas ruas sombrias do bairro Gótico da velha Barcino, agarrado ao velho e novo Born onde de novo me extasiei com o jovem Picasso; e que bom voltar a almoçar pelas quatro da tarde e correr para a Bubó antes que me levassem os macarones de sabor a violeta. Únicos.
Ah e chegar à Barceloneta ao crepúsculo, estafada e já quase sem vida para molhar os pés na sauna que é aquele mar que escalda?
E tornar a ver o Gaudi? O que eu morro de amores pela Batló, pelo chão da Gràcia, pelo tracadís do Guel, pelo ferro e pelas chaminés guardiãs da Pedrera. Trouxe-o comigo na bagagem, em formato de mil marcadores de livros, cadernos de páginas incólumes, azulejos de tracadís, curvas em movimento, cristal translúcido e pedaços escorregadios de animalesco ferro torneado.
Antes do voo, ainda corri para ver de perto a resposta que o Domènech deu à Sagrada Família e espirrei três vezes, na esperança de ser atendida neste palácio-hospital. Quis rebentar com a acústica do Palau, mas nem a Montserrat conseguiu. Y por la calle el Domènech de nuevo...
E fiz tanto, tanto, mas tanto mais, só que há sítios que não cabem noutro lado a não ser no seu próprio local. Ou então eu não sei escrevê-los.
Regresso sempre mais velha das viagens de sonho; uma espécie de sobrecarrego aliviado de ter provado muito em tão pouco tempo. E não acredito nada naquela do não voltarmos nunca mais ao local onde fomos felizes.
Tretas, lérias, falácias: eu volto sempre.
Tornei a guardar por dentro a memória das fachadas dos edifícios, que me fixam os olhos sempre para o alto das varandas e balaustradas, para o ritmo das gelosias com carrego de cores sonoras; o encarnado, o baunilha, o cinzento, o branco e o terracota.
Alegrei os pés exaustos pelas ruas sombrias do bairro Gótico da velha Barcino, agarrado ao velho e novo Born onde de novo me extasiei com o jovem Picasso; e que bom voltar a almoçar pelas quatro da tarde e correr para a Bubó antes que me levassem os macarones de sabor a violeta. Únicos.
Ah e chegar à Barceloneta ao crepúsculo, estafada e já quase sem vida para molhar os pés na sauna que é aquele mar que escalda?
E tornar a ver o Gaudi? O que eu morro de amores pela Batló, pelo chão da Gràcia, pelo tracadís do Guel, pelo ferro e pelas chaminés guardiãs da Pedrera. Trouxe-o comigo na bagagem, em formato de mil marcadores de livros, cadernos de páginas incólumes, azulejos de tracadís, curvas em movimento, cristal translúcido e pedaços escorregadios de animalesco ferro torneado.
Antes do voo, ainda corri para ver de perto a resposta que o Domènech deu à Sagrada Família e espirrei três vezes, na esperança de ser atendida neste palácio-hospital. Quis rebentar com a acústica do Palau, mas nem a Montserrat conseguiu. Y por la calle el Domènech de nuevo...
E fiz tanto, tanto, mas tanto mais, só que há sítios que não cabem noutro lado a não ser no seu próprio local. Ou então eu não sei escrevê-los.
Regresso sempre mais velha das viagens de sonho; uma espécie de sobrecarrego aliviado de ter provado muito em tão pouco tempo. E não acredito nada naquela do não voltarmos nunca mais ao local onde fomos felizes.
Tretas, lérias, falácias: eu volto sempre.
21 comentários:
:)
Barcelona! Adorei, tenho esta mesma foto, desta mesma casa, ahhh mas vou lá voltar sem duvida!
beijo do sul
"não voltar ao local onde fomos felizes?" mas isso tem lógica onde? pergunto-me .. ;)
É bom que esteja de volta *
Beijinho e bom inicio de ano à princesa :))
Bem-vinda, amiga.
Não vieste de TGV, pois não? Vê lá não pressiones a Velha, sim?
Bem-vinda PresidentA.Também eu fui muitissimo feliz em Barcelona ,já lá regressei e continuo a querer lá voltas, uma das minhas cidades de eleição.É mágica.
bjs e boa semana
Ao ler este post senti-me a passear por Barcelona. Levou-me a recordar, em tons bem vivos, a cidade espanhola de que mais gosto e considero uma das mais bonitas da Europa.
Quanto a não voltar aos locais onde já se foi feliz, é treta!
Seja bem vinda e prepare-se para o ambiente que por aqui vai encontrar. Ambos gostamos de feiras, mas esta em que vamos viver durante o próximo mês dispensava bem. Não gosto de vendedores que, em vez de nos oferecerem sonhos, nos prometem desgraças.
E a luz de Barcelona... Ai, a luz!
um abraço
Que bom refazer em espírito este percurso de beleza e memórias, que me ofereces em ritmo de ternura.
E eu também volto sempre, e sou feliz de novo, mas de modo diferente.
(e as tuas janelas são bem mais belas que as minhas...)
Barcelona... única...
Planeio visitar Barcelona, que ainda não conheço. Da forma como a tão bem a escreves tão belos locais me fazem tele-transportar sem têvê nem têgêvê. E lá vão mais uns euritos para o pecúlio do saquito azul. É a vida!
BA!
Que cidade ! Ao ler o que escreveu senti-me passeando por lá. Estive em Barcelona no passagem de ano , na ultima , e foi das mais divertidas da minha vida .Eu tb voltou sempre onde fui feliz:)
Obrigado pela musica .
"E não acredito nada naquela do não voltarmos nunca mais ao local onde fomos felizes".
Finalmente vejo alguém escrever, nestes espaços em que vamos passando, que também pensa como eu!
A viagem deve ter sido mesmo maravilhosa. Quase pude te ver a escrever e a teclar muito rápido para não deixar escapar nada da memória.
Bom dia Patti
Ufa! até fiquei cansada ...imagino tu, mas feliz, não é!?
Beijinhos, seja bem vinda
Aiii, qué viage tan guapo, Señora!!
Y cuanto le há custado, digame???
Tera usted sido financiada por un Zapatero mareado de las bromas de nuestros muy estimados politiquins, ó su saquito azul esta más vacio??
Que tenga aprovechado, la semana que viene me iré yo!!!!!
Fiquei a recordar com o teu post...
um bj e bem vinda.
vieste com vontade para salvar o país em tempo de campanha eleitoral?
Até parece que voltei por lá. Gosto muito de Barcelona. Também por isso foi um gosto ler este post!
:))
Falta Barcelona na minha vida :o)
Inteiramente de acordo, Patti. É a esses lugares que volto sempre, nunca aos outros, assumindo que é aos lugares que devo a felicidade e não a circunstâncias fortuitas e provavelmente irrepetíveis. Já estive várias vezes em Barcelona, mas sempre em trabalho, o que limitou imenso o meu conhecimento da cidade - excepção feita do respectivo aeroporto, onde, por ocasião do casamento da infanta mais velha, tive a oportunidade de me cruzar com toda a realeza europeia, como se me saltasse das páginas da Hola. Uma emoção! ;-D
Talvez a visite proximamente e não me esquecerei então deste seu «roteiro». :-)
Tenho que volver a Barcelona...
Fizeste-me sentir saudades!
Abraço
Luísa:
E há mais, muito mais que não deu para colocar aqui. Conheço mto bem Barcelona e quando precisar das dicas, avise.
Gostei do "Barri Gótic"... parece algumas Ruas de Lisboa.
Bom trabalho!
Já te disse uma ou mais vezes que há blogs que gosto de ler devagar, e quando me apetece estar lá.
Hoje foi dia deste
Com o que eu não contava era com um passeio destes a estas horas.
Obrigada
Gostei da viagem
Bom fim de semana
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