Um brinco de pérola antigo, sem par; um alfinete-de-ama que já não prende fraldas de pano; uma fivela baça de um cinto que nunca serviu de castigo; um frasco de cristal com terra negra; o vinil quebrado daquela música pop; um molho de carta enamoradas, ainda perfumadas; uma chave ferrugenta de um coração fugitivo; um cadeado que trancava desgostos; um gancho que sustentava paixões; um botão sem casa própria; um pedaço de âncora com pouco fundo; um anel de compromisso que nunca foi assinado; um par de botões de punho por estrear; uma moeda de vinte centavos; um livro de poemas sublinhado; uma fita de cetim branca; duas fotografias sépia de uma casa colonial; uma roca de prata com cabo de marfim; um desbotado passaporte para São Tomé e um caracol louro bebé, guardado num medalhão.
Pequenos objectos sem valor dentro daquela caixa de charão, foi o que recebeu como herança e sem esperar, um homem simples que andava em busca de si.
Folheou peça a peça como se fossem páginas cheias de história, identificou cada nota musical que soava dos objectos e avistou no fundo de cada um, vidas guardadas pelo tempo.
Diz quem sabe das coisas, que é assim que nascem os grandes livros.
Aparentemente do nada.
Pequenos objectos sem valor dentro daquela caixa de charão, foi o que recebeu como herança e sem esperar, um homem simples que andava em busca de si.
Folheou peça a peça como se fossem páginas cheias de história, identificou cada nota musical que soava dos objectos e avistou no fundo de cada um, vidas guardadas pelo tempo.
Diz quem sabe das coisas, que é assim que nascem os grandes livros.
Aparentemente do nada.
25 comentários:
Então porque não? Atira-te a um!
Smpre aprendi que as coisas belas são as simples.
Uma caixa cheia de recordações. Objectos por vezes insignificantes mas que nos podem fazer lembrar tanta coisa...
Eu já já herdei duas caixas assim... numa delas, amachucado, seco, muito embrulhado, encontrei o que restou do meu cordão umbilical... lembro-me de ter tentado pensar, não consegui, fechei a caixa e até hoje não a voltei a abrir, guardo-a simplesmente, quem sabe um dia escrevo um livro.
Ahahahahaha! Siamesa! Hás-de ir ver o meu post de hoje. ;)
Credo, melheri, isto até parece uma canção do Pedro Abrunhosa, também ele um bestseller. :D
Também assim nascem os grandes posts!!!
Beijocas
mais pedaços esquecidos para recordar e presos na laçada das letras que os unem.
Mais um belo verbete Patti.
O simples é o melhor...as pequenas coisas são as mais importantes...
E é assim que deveriamos valorizar as coisas, sempre!
Beijos!
e os objectos contam-nos sempre histórias!
É de pequenos detalhes assim que se faz uma vida. E os livros retratam isso.
Riquezas herdadas que nos lembram quem foram aqueles que nos fizeram quem somos.
Bestsellers, que para saírem, só precisam de um empurrãozinho... ; )
Parece que sou bruxa... no outro dia fiz um comentário no 31 da Gi, a propósito dos botões dela, que se tu visses a caixa de botões que eu herdei da minha avó serias muito capaz de escrever um post dos teus. Pois aqui está ele, não acerca de botões mas não muito diferentes!!!
... e é a partir de coisas assim que se despertam memórias.
Os objectos podem não nos dizer nada mas têm significados importantes! Uns momentos melhores que outros! O mesmo acontece com músicas!
:) Beijinho
Este é sinceramente um dos blogs mais bonitos que já vi.
Meus cumprimentos de além mar.
"MINIATURAS GIGANTES" QUE SÃO LIVROS ESCRITOS OU PARA ESCREVER... ou vidas que recomeçam a so(r)rir...
casas novas de coisas "novas" re decorar o cor ação das lembranças...
Gosto mto de botões... até os uso nas pinturas... cozo-os na tela e com as linhas faço uma ponte...
Sublime este post
beijinhos das nuvens
Fernando:
Olá, seja bem vindo ao Ares e obrigada pela simpatia.
Eu nunca herdei caixa nenhuma. Mas espero que um dia os meus filhos herdem um caixote bem grande de coisas que os façam rir e lembrar dos bons momentos que passámos juntos.
Alguma coisa se passa com a sua caixa de comentários, porque os meus estão a pirar-se!
Escrevia ontem, a este respeito, que me parece que anda a germinar uma surpresa por aqui pelos Ares. Fico a torcer por isso!
PS: Dizia, também, que ia reclamar da multa que me aplicou. Considero-a injusta e, para a pagar, vou ter de ir hoje ao RCP. Não há direito, PresidentA!
Adoro caixas assim, com coisas avulsas cada qual com a sua lembrança e a sua história...
Jokas
Penso que sim, Patti, que os grandes – e até os pequenos – livros devem nascer do nada, que é essa massa remexida e amorfa do muito que se viu e aprendeu ao longo da vida e foi ficando guardado nas várias camadas da memória; e que um qualquer pormenor nos traz, de repente, à tona, já semi-envolto em papéis de fantasia. Deve ser isto. Mas talvez possamos confirmar ou desmentir escrevendo um livro, não? ;-D
Luísa:
Possivelmente, mas deve ser muito, muito difícil.
Acho que escrever um livro é outro patamar, a muitos níveis.
Qualquer coisa com 80% de muito e bom trabalho e 20% de talento.
A mim, esta imagem faz-me lembrar um programa de tv infantil, o "Vamos brincar ao eu vi".
Beijos.
Julgo que são esses "pedaços" que a dado momento das nossas vidas não lhe damos o devido valor mas que mais tarde, ao reve-los, talvez nos digam de onde vimos e para onde vamos.
Por isso é que sempre guardei (e continuo a guardar) objectos, que hoje indicam donde vim e que espero que me apontem para onde vou!
Estas tuas palavras "couberam-me" na perfeição. Pois se as coisas pequenas são as que mais me encantam!
Podes crer, com estas palavras que grande livro se escrevia...
Gosto muito deste teu canto.
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