Maria Carlota era rainha, mas como todas as coelhas tinha muitos filhos, príncipes coelhos, que um dia haviam partido pelo bosque, para viverem aventuras e governar outros reinos.
E mesmo sendo uma rainha ocupada, era mãe igual a todas as outras e preocupada com os seus filhos. Sempre que conseguia um tempo livre, seguia para o Bosque Verde que rodeava o seu palácio e enchia o coração saudoso de memórias antigas, invadido de coelhinhos aos pulos.
Passeando entre flores rasteiras, lembrava-se dos primeiros passos, saltos e corridos dos filhos, das brincadeiras com os habitantes do bosque, as borboletas, os escaravelhos, os ouriços e os ratos do campo, do jogo das escondidas atrás dos arbustos de alecrim perfumado e troncos ocos e das aulas de botânica, dadas pela professora raposa. Autênticas classes de sobrevivência no campo.
Iam e vinham imagens de quando os seus coelhinhos, crianças irrequietas, conheceram o nome das primeiras flores, aprenderam a distinguir os cogumelos bons dos venenosos, a identificar o som dos animais predadores e dos inofensivos e a ler as horas do dia, através do reflexo do sol na terra e do surgimento da lua lá no cimo.
A Rainha Maria Carlota, estava sempre atenta à educação dos seus filhos, pois mais tarde seriam eles os responsáveis por governar os outros reinos que a família possuía, para lá do Bosque Verde e manter a paz com os governantes dos impérios vizinhos: o Rei Ganso, a rainha Perdiz, o Príncipe Gafanhoto, o Príncipe Cavalo e a Princesa Amora Silvestre.
Mas chegou o dia em que os viu partir naquele mesmo bosque, um a um, todos os doze coelhos multicolores, todos homens feitos, apaixonados pelos segredos do campo e preparados para reinar.
Por isso, voltava ali sempre que os afazeres reais lhe permitiam e matava as saudades com as notícias que lhe traziam o pólen das flores, as abelhas viajantes e as construtoras de túneis, as toupeiras.
No último ano, haviam nascido mais umas dezenas de netos, dissera-lhe o vento, todos irrequietos como os seus filhos, mas alunos aplicados nas aulas de botânica e de sobrevivência com a velha professora raposa.
As netas, brancas e de olhos grandes e azuis com a avó rainha, davam todas pelo nome de Carlota.
O pelo macio e permeável, absorvia-lhe as lágrimas da saudade e ansiava pelo dia em que os veria surgir todos juntos, lá na linha ténue do horizonte, onde começava o Bosque Verde.
E hoje voltou lá de novo, à espera de ver a nuvem de pó que vai nascer muito ao fundo e que a avisa que a família vem aí, para perto de si.
Numerosa, barulhenta, alegre, cheia de novidades e caras novas, para passarem esta semana do Natal todos juntos mais uma vez, a comer sonhos e filhós de cenoura.
E mesmo sendo uma rainha ocupada, era mãe igual a todas as outras e preocupada com os seus filhos. Sempre que conseguia um tempo livre, seguia para o Bosque Verde que rodeava o seu palácio e enchia o coração saudoso de memórias antigas, invadido de coelhinhos aos pulos.
Passeando entre flores rasteiras, lembrava-se dos primeiros passos, saltos e corridos dos filhos, das brincadeiras com os habitantes do bosque, as borboletas, os escaravelhos, os ouriços e os ratos do campo, do jogo das escondidas atrás dos arbustos de alecrim perfumado e troncos ocos e das aulas de botânica, dadas pela professora raposa. Autênticas classes de sobrevivência no campo.
Iam e vinham imagens de quando os seus coelhinhos, crianças irrequietas, conheceram o nome das primeiras flores, aprenderam a distinguir os cogumelos bons dos venenosos, a identificar o som dos animais predadores e dos inofensivos e a ler as horas do dia, através do reflexo do sol na terra e do surgimento da lua lá no cimo.
A Rainha Maria Carlota, estava sempre atenta à educação dos seus filhos, pois mais tarde seriam eles os responsáveis por governar os outros reinos que a família possuía, para lá do Bosque Verde e manter a paz com os governantes dos impérios vizinhos: o Rei Ganso, a rainha Perdiz, o Príncipe Gafanhoto, o Príncipe Cavalo e a Princesa Amora Silvestre.
Mas chegou o dia em que os viu partir naquele mesmo bosque, um a um, todos os doze coelhos multicolores, todos homens feitos, apaixonados pelos segredos do campo e preparados para reinar.
Por isso, voltava ali sempre que os afazeres reais lhe permitiam e matava as saudades com as notícias que lhe traziam o pólen das flores, as abelhas viajantes e as construtoras de túneis, as toupeiras.
No último ano, haviam nascido mais umas dezenas de netos, dissera-lhe o vento, todos irrequietos como os seus filhos, mas alunos aplicados nas aulas de botânica e de sobrevivência com a velha professora raposa.
As netas, brancas e de olhos grandes e azuis com a avó rainha, davam todas pelo nome de Carlota.
O pelo macio e permeável, absorvia-lhe as lágrimas da saudade e ansiava pelo dia em que os veria surgir todos juntos, lá na linha ténue do horizonte, onde começava o Bosque Verde.
E hoje voltou lá de novo, à espera de ver a nuvem de pó que vai nascer muito ao fundo e que a avisa que a família vem aí, para perto de si.
Numerosa, barulhenta, alegre, cheia de novidades e caras novas, para passarem esta semana do Natal todos juntos mais uma vez, a comer sonhos e filhós de cenoura.
17 comentários:
Só espero que não se esqueçam da velha professora, é Natal...
Patti,
simbolizas aqui a espera de todas as avós ou quase todas, engraçada a estória da coelha carlota branca. Eu tenho um coelho Bunny pretinho :-)
Era bom que todas as avós Carlota passassem a noite de consoada com os netos.
Jitos,
Sony
*olha que engraçado o que te vou dizer, todos nós associamos o coelho à cenoura.
O meu coelho detesta cenoura, nunca a veterinária conheceu um coelho que não adorasse cenouras :-)
Gosta de banana imagina lol
Feliz Natal hoje para ti:-)
Assim (dito à Português do Brasil:) "dá vontade" de voltar a escrever uma história de príncipes, uma vez escrevi uma para os meus filhos, vou ver se me lembro, escrevê-la e postá-la lá no meu sítio. Também acaba em Natal.
E um Natal passado com alegria em família, é um momento para sempre recordar, mesmo para os coelhos...
Um beijinhomeu, e lancei-te um desafio...
littledragonblue
Tiago:
Tente então lembrar-se, que agora fiquei curiosa e gostava de a ler.
E se acaba em Natal nada mais apropriado, para postar nesta altura no Escrita em Dia.
Uma Professora Raposa a dar aulas a coelhinhos!!!! Vá lá que D.Rapossa era vegetariana e gostava de botânica.
Eu conheciu um Mr. Rabbit na 6ª feira, fará parte da prole?
Tava o peixinho, veio o gato e comeu!
Mas veio o cão e o gato teve de se esconder...
Depois, veio o coelhinho...
- Não, não! O coelhinho vai com o Pai Natal e os Palhaços no comboio ao circo!
De repente, lembrei-me desta pérola natalícia.
Ainda bem para os coelhinhos que a raposa é vegetariana e a Páscoa ainda demora!
Gi e Paulo:
Pena que a vossa imaginação não tenha fluído e só se tenham lembrado que as raposas comem coelhos e não que são também muito inteligentes e por isso mesmo são muito requisitadas como professoras.
Foi a sangria que vos toldou a lembradura?
Que história de encantar.
Guarda para contares aos teus netos.
Não sei porquê fez-me lembrar o tempo em que o meu pai fazia caça submarina, mas vinha sem peixes porque dizia que tinha visto a mãe peixe, o pai peixe e os filhotes.
Que o mais certo era irem para a missa.
E que portanto, os tinha deixado em paz:)
E a Maria Carlota não se cruzou nesse Bosque Verde com o Ratinho e a Tinita? Ainda são parentes afastados, talvez se juntem na consoada...
P.S. Quando eu regatear com a Disney, arranjo-lhe lá um lugarzito como argumentista, combinado??
Beijinhos!
(É escusado dizer que adorei mais uma história de encantar, não é???)
Ai que eu choro!!!
Ver os filhos regressarem a casa e sentarem-se à volta da mesa, não há nada mais feliz! Ainda pra mais quando a geração anterior também se faz presente.
Agora diz-me o segredo desta cinturinhha da Carlota. Foi lipoaspiração???? heheh
beijos Natalinos
Patti, um dia quero ser uma mamãe coelha, ter muitos filhos e quando velhinha, na noite de natal, quero olhar para todos e lembrar da juventude, do tempo passado, contar histórias, melhor, resumir a vida num instante de felicidade!!
Acho que falo isto porque nestas datas, estando eu a morar longe da familia, sinto muita saudades!
Feliz natal!! Beijus
Bela história de encantar miúdos e graúdos!
Claro que terão que ser de cenoura...a pedido da família.
Abraço natalício
E a torcerem o nariz, como qualquer coelho que se preze, mas sem que isso seja sinónimo de desagrado.
Beijos.
:)
Lindo, só tu... n sei como raio vais buscar tanta prosa mulher!
Espirito natalicio no seu melhor tens tu aqui...
Olha, só te digo, agora comia uma filhós, aqui em casa n são de cenoura, mas que lás há las ha!
:)
Beijo
Esta família e a vizinhança poderão ter escapado ao dom de observação de Beatrix Potter, mas ficaram muitíssimo bem no retrato traçado pela pena da Patti.
Querida Patti, também lhe desejo, e à sua família, um excelente Natal, comendo sonhos e filhós… sem cenoura.
Um beijinho e Boas Festas. :-)
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