s. vicente de fora, foto da Gi
Com a cabeça apoiada num travesseiro de penas, que algum aristocrata esqueceu noutro século, encostado às paredes do Palácio dos Condes de Figueira, descanso o corpo na sinuosa Colina do Castelo e desabafo os braços de par em par.
Um toca em Alfama, onde recolho pregões e canções e o outro vai até ao jardim do Miradouro de S. Pedro, o mais bonito do Mundo, diga-se. Lá, tenho flores à minha espera, para que eu as colha e com elas decore a mesa do Condestável, que já está posta em jeito de gala nas Ruínas do Convento.
De seguida, alongo-me numa preguiça indolente até ao Terreiro do Paço e agito os Ministérios, com joelhadas breves e curtas, para abrirem as portas, as janelas e os olhos e se curvem até ao chão junto dos sem-abrigo, que lhes dormem todas as noites aos pés.
Cruzo as pernas em cima das Colunas que voltaram de uma vez ao Cais e irrito umas quantas gaivotas, que já lá estavam a olhar o Rio, com Ares de pertença exclusiva.
Um Rio Azul que nasce em Castela, mas que é nosso; que nos escolheu, quando nos premiou com o desmaio extravagante do seu Estuário Mágico e onde chapinho agora os meus pés, finalmente em sossego, à espera da chegada da Luz Única da minha aldeia.
Um toca em Alfama, onde recolho pregões e canções e o outro vai até ao jardim do Miradouro de S. Pedro, o mais bonito do Mundo, diga-se. Lá, tenho flores à minha espera, para que eu as colha e com elas decore a mesa do Condestável, que já está posta em jeito de gala nas Ruínas do Convento.
De seguida, alongo-me numa preguiça indolente até ao Terreiro do Paço e agito os Ministérios, com joelhadas breves e curtas, para abrirem as portas, as janelas e os olhos e se curvem até ao chão junto dos sem-abrigo, que lhes dormem todas as noites aos pés.
Cruzo as pernas em cima das Colunas que voltaram de uma vez ao Cais e irrito umas quantas gaivotas, que já lá estavam a olhar o Rio, com Ares de pertença exclusiva.
Um Rio Azul que nasce em Castela, mas que é nosso; que nos escolheu, quando nos premiou com o desmaio extravagante do seu Estuário Mágico e onde chapinho agora os meus pés, finalmente em sossego, à espera da chegada da Luz Única da minha aldeia.
25 comentários:
Patti, só alguém com uma sensibilidade exclusiva faria um canto de amor ao Porto e outro a Lisboa, e deixaria as duas cidades tão próximas em beleza e sentimento. Tão diferentes e tão iguais para quem olha com olhos de ver.
Sei para que lado pesa mais o teu coração e nem poderia ser de outra forma. Entendo-te perfeitamente pois é o que sinto quando da janela do avião vejo o Porto: Estou em casa!
Obrigada, Patti!
Pois eu sento-me na Serra do Pilar, mergulho os pés junto à ponte e estendo os olhos até à Foz. As mãos essas tenhas ocupadas nas caves, do lado de Gaia. ;)
Só tu para iluminares a beleza das duas cidades.
Patti, que tal editares um Guia Turístico-Criativo?
Não haveria quem não aderisse.
Sabes que os sem-abrigo dormindo sob as arcadas onde se desmaia o Ministério das Finanças foi uma das fotos da Reuters que corre Mundo? Paradoxal, não? Pesadelo nosso.
Obrigada pela referência.
"Cruzo as pernas em cima das Colunas que voltaram de uma vez ao Cais" - só é pena que a força desta frase só tenha durado 15 dias! 10 anos depois, tivémos direito a um vislumbre de 2 semanas... enfim, salvem-se os artistas da palavra!
Há textos que é difícil comentar, porque são tão ricos em sentimentos que provocam em nós uma amálgama de emoções entricadas. Este jogo de personificações vai para lá da simples figura de estilo: sente-se a léguas o cheiro de uma Lisboa intimista.
P.S.Sublinho as palavras da Pitanga e reforço a sugestão da Gi.
Beijinhos
Que belíssima declaração de amor - alargado!
Beijo
que lindo patti! que lindo lugar, imaginado docemente pelas palavras lindas que escolheu...
vc perguntou sobre berlim... estive lá apenas uma vez e apenas por um dia :) mas adorei o que vi, é uma cidade enorme, mas mt fácil de andar por ela, porque tem um incrivel sistema ferroviário. aliás, um dos mais modernos por essas bandas! cidade bonita, cheia de cantinhos que contam história. vale mt à pena conhecer viu? além disso, em comparacao com outras metrópolis, eu acho berlim mt barata! e o Brandenburgtor é obrigatorio! lindo e emocionante :)
mas como eu disse, nao conheco tao bem, mas tem uma amiga,a silvinha, que mora lá, se vc quiser maiores detalhes da cidade, entra em contato com ela: seu blog é nooutroladodoespelho.blogspot.com
um beijao!
um rio feito de muitos azuis
e é assim Lisboa... uma descrição terna e justa da cidade! muito bom:)
É como se te estivesse a ver, regressada a casa, feliz a retemperar energias numa chaise longue, procurando o seu mundo, ouvindo o fado da cidade enquanto aguarda do pôr do sol.
Andei num virote a ver fotografias, de blog em blog... Que roteiro de imagens e de palavras! Dois rios maravilhosos - conheço muito melhor o Tejo e a nossa cidade, do Douro não conheço a foz, só lhe conheço o interior...
Uma vez rainha, para sempre rainha!
Voltei, ainda sem força para escrever, mas sem duvida com saudades suficientes para te dar um beijo!
:)
Feliz 2009 tb para ti linda, tudo de bom!
Lisboa tem sempre o Tejo
a beijar-lhe muitos recantos
tem colunas, monumentos,
palácios e governantes.
Tem muitos...muitos amigos
que a cantam com palavras
mesmo que cantem sem voz;
Que a mostram como ninguém
mesmo sem fotografias.
E agora escuta Lisboa
que te vou dizer a ti
É um grande privilégio
teres por amiga a Patti!
Oi Patti, adorei a foto e o seu texto sobre Lisboa. Tenho muita vontade de conhecer Portugal, meus bisavós eram portugueses e eu queria muito visitar a terra deles!!Lindo seu post e sua terra!
Bjus
Sim...não podias deixar que o teu Rio pensasse que o tinhas trocado por outro mais a Norte :)
Quem escreve assim!...
Beijinho
Patti,
lindo este texto!gostei mesmo muito.
e achei o o máximo o "artifício do presidente a explodir"! adorei!
grande abraço e um sorriso :)
mariam
Ai Lisboa, aí os loucos de lisboa, ai dos loucos por Lisboa. Livro do Desassossego; Amália; Rua de São Bento; Cardoso Pires; Jardim do Torel, Martim Moniz, o Bairro Alto que agora dorme, o Chiado que agora está histérico, o Convento do Carmo que discretamente continua a vigiar tudo e assistiu àquelas pessoas todas empoleiradas nas árovores e nos chaimites, o meu Pinóquio das tardes de Sol e das outras em que talvez venha a fazer Sol, do Gambrinus a meio da tarde porque não havia ninguém na sala pequena e ainda não havia "zona de fumadores", da escapada do novo romance de cacilheiro até ao atira-te ao rio. Da Rua do Alecrim e da brilhante Lisboa reflectida naquele prédio feito pelo Siza de que ninguém gosta e eu acho brilhante, na acepção literal da palavra. Lisboa mon amour, tu mancas-me.
Oi Patti!
Adorei viajar por Lisboa através de suas belas palavras!
Se você soubesse como sou apaixonada pela sua cidade! Tive a oportunidade de conhecer Lisboa há alguns anos atrás e AMEI! Desde então fico sonhando em voltar!
Escutei fado à noite no restaurante Al Faya, que nem sei se ainda existe.
Fui no castelo de São Jorge, no mosteiro dos Jerônimos, na Torre de Belem...
Ai que terra maravilhosa! Um dia ainda volto pra visitá-la de novo!
Beijo grande!
É curioso, Patti, que, quando vejo Lisboa dos miradouros (que conheço) que deitam para o vale da Avenida da Liberdade e da Baixa – S. Pedro de Alcântara, Graça e Nossa Senhora do Monte – tenho essa sensação que tão bem descreve de ter a cidade inteira ao alcance da mão. Também acho S. Pedro muito bonito – e, finalmente, muito bem arranjado – mas, dos três, aquele a que acho mais graça, por ser mais íntimo, descontraído, «parisiense» e ter, talvez, a vista mais «forte», pela proximidade do Castelo, é, precisamente, a Graça. :-)
Houve alguém que até mergulhou nesse rio, em época de sufrágio.
Mas o teu post é bonito demais para estes paralelismos...
Parabéns, mais uma vez.
Olha que ano a anotar tudo para depois ver bem contigo :P
Belíssima esta vista, ainda por cima com um dia de luz como o que a Gi apannhou!
Patti-Gulliver: esta declaração de amor a Lisboa é um poema. lembraste-me o Ary...
Ana:
Simpatia tua, minha querida.
Tiago:
E a Rua do Século?:
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