Tenho um amigo filósofo que só voa durante o Inverno e em dias frios, apaixonantes como estes em que ninguém me compreende. Bate as asas até à minha varanda durante o pôr-da-lua, senta-se e prende-me o cabelo atrás das orelhas, com travessões embutidos de estrelas, para iluminar a conversa e eu o escutar melhor.
Traz novidades das paisagens gélidas, pintadas com casas de madeira de telhados frescos, do sabor dos granizados de azevinho e das conversas dos lobos brancos da montanha.
Ele é como eu, não entende esta inquietação toda por causa de meia dúzia de bagos de neve e descansa-me, dizendo o que eu já esperava, que a natureza está em forma como sempre.
Algumas sementes já estão a aquecer debaixo da terra e prometem florir em menos de três meses, as luzes dos arranha-céus estão pronta para reagir aos nevoeiros, há milhões de óvulos fecundados dentro de barrigas lisas, que foram lá parar em noites geladas, propícias a pés aquecidos debaixo dos lençóis e que os poetas, com gatos ao colo, seguem inspirados, escrevendo em papel que ferve frente à lareira.
Traz novidades das paisagens gélidas, pintadas com casas de madeira de telhados frescos, do sabor dos granizados de azevinho e das conversas dos lobos brancos da montanha.
Ele é como eu, não entende esta inquietação toda por causa de meia dúzia de bagos de neve e descansa-me, dizendo o que eu já esperava, que a natureza está em forma como sempre.
Algumas sementes já estão a aquecer debaixo da terra e prometem florir em menos de três meses, as luzes dos arranha-céus estão pronta para reagir aos nevoeiros, há milhões de óvulos fecundados dentro de barrigas lisas, que foram lá parar em noites geladas, propícias a pés aquecidos debaixo dos lençóis e que os poetas, com gatos ao colo, seguem inspirados, escrevendo em papel que ferve frente à lareira.
24 comentários:
Que raio de filósofo! Eu gostava de o ver barrado no alto do Marão por umas horas e depois vê-lo a avoar. Avoa avoa enquanto estás em Lisboa e tu deixa de me atizanar com o frio!
Se vi gente gostar do Inverno mas tu és apaixonada por ele. Consegues até lhe fazer poesia.
"há milhões de óvulos fecundados dentro de barrigas lisas, que foram lá parar em noites geladas, propícias a pés aquecidos debaixo dos lençóis"...
Isto é tudo, Patti!
beijos em segunda para ti. Aqui ainda não.
Olha nem vais acreditar mas consegui ir à praia, hoje, neste Verão onde vendem-se mais guarda-chuvas do que bronzeadores e biquinis.
Tem estado lindo o Sol, Patti, nestes dias frios, que tornam o ar puro e límpido. Também pertenço ao Inverno. E também gosto de aqui estar, com o meu chocolate quente, no aconchego da minha manta da Serra, a lê-la. ;-)
Estás deliciosamente encantada! Adorei ler-te, sentir essa paz muito própria desses dias... lindos!
Besos para ti.
E o frio continua, mas hoje está um sol lindo.
boa semana.
Parece que há agricultores no Algarve com as culturas todas queimadas!
O frio que fique onde deve ser frio. A neve e o gelo que se quedem no seu lugar.
Amigo não empata a amigo.
Até logo às 18H. Espero que venhas acompanhada do meu Snoopy.
Que lindo! A tua snsibilidade literária é extraordinária.
Beijos.
Sementes que terão a benção da mãe natureza para aguentar o inverno.
Não percebo esta sua paixão pelo frio,Patti! Ainda por cima não me parece que sirva para nada, a não ser obrigar ao consumo de mais energia...
O que vale é este solinho que aquece a alma.
Carlos:
Seu impiedoso! Não se está mesmo a ver que o frio do Inverno aquece corações e o seu sol não é egoísta como o do Verão que ofusca tudo com o seu ego mastodonte!
Mas eu também não gosto daquele calor excessivo que abrasa tudo á sau volta e nos deixa o corpo mole. Entre os 25 e os 30 está-se muito bem.
Olá Patti,
Fico por aqui a cascar as tangerinas para lhe retirar o néctar secreto do so®riso dissolvido no açúcar dos gomos...
a seguir vou filtra-lo em coador fino e servir á temperatura ambiente…
Belíssimo texto e imagem…
senti o flor ir precoce e já o perfume das flores…enquanto te lia a esquiar no gelo fundido no solo das tuas pa lavras….
Beijinhos das nuvens
Com este frio, o poeta, realmente só consegue ser poeta com gatos ao colo, em papel que ferve, frente à lareira, ou as letras, em vez de saírem assim fluídas, sairiam em aguçadas estalactites ou estalagmites, que em vez de nos embalar nas palavras e aquecer o coração, iriam rasgar até os cobertores de papa!!
Brrrrr.....
Voltei Patti e já me fartei de rir... com o fruto da tua imagem... TANGERINAS... não foi fruto da imaginação apenas estava nas nuvens e só vi a cor...
Beijinhos das nuvens
Patti, acho que o seu amigo lhe disse a verdade: a Natureza segue o seu ritmo normal, alheia aos desvarios do homem.
Lindo texto! Aquece-nos do frio!
Oi Patti, que linda descrição do inverno, um inverno que está tão distante de mim, que derreto neste calor de Salvador, mas um inverno delicioso que um dia irei conhecer!!
Adorei o seu texto, sua forma de escrever é incrivel, é simplesmente linda!
Bjãoo
Adorei o texto e a imagem, já sabes que gosto imenso de imagens... também ando contente com o tempo, porque este frio agrada-me, desde que seja acompanhado pelo sol magnífico que temos tido. Se tiver que escolher entre excessos, antes o frio ao calor... desde que não chova! Como eu compreendo o que tu sentes - o frio aquece-me a alma, enquanto o calor derrete-a!
Não gosto do Inverno mas gosto de frio.
Sobretudo deste que tu magnificamente descreves.
Tudo tem um tempo e há coisas deliciosas que só se fazem e sentem com frio: um chocolate quente, uma lareira,ski. E o amor que se faz com frio é diferente do que se faz no verão. O verão é tempo de paixões, de amores exaltados, que passam.
O inverno é para os amores duradoiros. Daqueles que aguentam o frio.
Eu pego nesse frio agreste e desenho-lhe um sol, um quente e suave agasalho em raios de lã. Agarro nesse frio de bater o dente e na hora de estar, de dormir, visto-lhe o calor de um edredon, domino-lhe o ar gelado com um chocolate bem quente, e assim talvez nos dê-mos bem!
O frio e o Inverno, como ponto de retiro e nascimento. É amigo este teu filosofo...
Como sempre...Uma narrativa de encher o coração.
Tempo frio e seco é comigo! Empresta-me o seu filósofo ?:)
Gosto do frio e do Sol do Inverno. Não gosto dos dias cinzentos e com chuva.
Deliciosamente onírico, o teu texto sobre a hibernação da natureza, e, afinal, sobre o saber esperar:))
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