terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

neste dia de alegrias e palhaçadas....


Provavelmente, num dia de folias como este, passou desapercebida, hoje nas notícias, a informação de que tem aumentado nos últimos anos, mais precisamente, nos últimos oito, o número de queixas de violência doméstica (87% de mulheres).
O que perfaz um aumento de participações, na ordem dos 11,2%, a maioria dentro da própria casa.
Só no ano passado, quase 27 mil queixas foram apresentadas (inclusive, mulheres, homens, idosos e crianças).
Se, por um lado, notícias como esta, no meu país, supostamente evoluído, me revoltam as entranhas, me escandalizam e me dão vontade de as esfregar na cara daqueles que dizem que é uma injustiça existir o dia internacional da mulher, argumentando com frases do tipo: "Então e a igualdade de direitos entre homens e mulheres?". Como se uma coisa tivesse a ver com a outra.
Por outro lado fico satisfeita, porque estas mulheres (e as outras vítimas, apesar de serem uma minoria), venceram o medo e a vergonha, mas tiveram a coragem de denunciar os seus abusadores.
Mas ainda assim, as nossas autoridades não têm conhecimento da maior parte destes casos, porque continua a ser um assunto tabu da nossa sociedade e porque não escolhe estratos sociais.
Acontece que muitas das vezes a verdade só é conhecida quando já não há mais nada a fazer e a vítima morre.
É necessário saber que em Portugal, já morreram 50 mulheres vítimas de V.D., nos últimos dois anos.
Felizmente a atitude perante estes casos nos hospitais, autoridades policiais, tribunais e na própria sociedade, é hoje muito mais positiva, compreensiva e eficiente do que há algum tempo atrás, apesar de ainda haver muito terreno para desbravar. Denuncia-se, acompanha-se e protege-se.
A velha frase "Entre marido e mulher, não metas a colher", vai acabando, felizmente.
Podia ficar a falar deste assunto e de todas as suas vertentes, eternamente, porque tenho pano para mangas.
Mas prefiro deixar aqui esta pérola educativa (enviada por mail), retirada das revistas femininas da época, que foi vivida, de certeza, na íntegra pela minha querida avó.
Então apreciemos:
-Não se deve irritar o homem com ciúmes e dúvidas (Jornal das Moças, 1957).

-Se desconfiar da infidelidade do marido, a esposa deve redobrar o seu carinho e provas de afecto (Revista Cláudia, 1962).
-A desarrumação, numa casa-de-banho desperta no marido vontade de ir tomar banho fora de casa (Jornal das Moças, 1965).
-A mulher deve fazer o marido descansar nas horas vagas. Nada de incomodá-lo com serviços domésticos (Jornal das Moças, 1959).
-Se o seu marido fuma, não arranje zanga pelo simples facto de cair cinza nos tapetes.Tenha cinzeiros espalhados por toda a casa (Jornal das Moças, 1957).
-A mulher deve estar ciente que dificilmente um homem pode perdoar a uma mulher que não tenha resistido a experiências pré-nupciais, mostrando que era perfeita e única, como ele a idealizara (Jornal das Moças, 1962).
-Mesmo que um homem consiga divertir-se com sua namorada ou noiva, na verdade ele não gostará de ver que ela cedeu (Revista Querida, 1954).
-O noivado longo é um perigo (Revista Querida, 1953).
-É fundamental manter sempre a aparência impecável diante do marido (Jornal das Moças, 1957).
E para finalizar, a cereja em cima do bolo:
-O lugar da mulher é no lar. O trabalho fora de casa masculiniza (Revista Querida, 1955).
Apesar de tudo, não somos todos muito mais felizes agora?
Ao menos ganhámos a hipótese da escolha!

7 comentários:

Anónimo disse...

Ol�!
realmente, n�o dei pela noticia. triste, muito triste.
e trastes, temos ainda muitos trastes por esse pa�s afora.
mas sabes que n�o sou assim t�o optimista quanto � alegada mudan�a da sociedade; critica mais, � verdade, alegadamente h� mais grupos de apoio para as vitimas mas, na pr�tica o abandono e o isolamento destas, a burocracia e a morosidade dos processos em que acabam envolvidas, na policia e nos tribunais...

em todo o caso, adorei as recorda�es da tua av�. todos os livros e revistas femininas da �poca s�o um must! custa a acreditar como se (sobre)vivia com uma cabe�a s� n�o �

james stuart disse...

Cara amiga... parece-me que de um modo geral os conselhos do "jornal das moças" até eram bem oportunos.
Os primeiros dois excertos, do mesmo jornal e da "Cláudia" até me parecem muito bem "...não se deve irritar o homem..." e "...a esposa deve redobrar o seu carinho e provas de afecto".
Não me diga que está em desacordo?

Anónimo disse...

Meu caro James,

O que a mim me parece é que somos livres de interpretar estes textos como quisermos.

A minha avó devia adorar estas revistas, a minha mãe deitava-as fora, eu fico muda perante estas "moralidades" e a minha filha de 12 anos, ri-se à gargalhada e pergunta-me se aquilo era a brincar!

Um bom de "posts" para si. Estou sempre lá a espreitar.

Anónimo disse...

LINDO!!! como é q era possivel??? O que será que daqui a uns aninhos os meus netos vao pensar quando olharem para as "cosmopolitan's" e as "woman's" e para as "marias" de hoje??? ;)

Patti disse...

Bem pensado, Bá.

Anónimo disse...

...Que fique bem claro que a " Claudia" mencionada na mensagem de James Stuart nao sou eu! Como poderia eu concordar com as barbaridades que publica essa revista? NUNCA!
Mas concordo contigo Patti, os tempos felizmente eram outros e a interpretaçao correcta é a da tua filha...faz mesmo RIR!

Anónimo disse...

Já é a 4ªvez que tento fazer este comentario...

Esta é o máximo:
A desarrumação, numa casa-de-banho desperta no marido vontade de ir tomar banho fora de casa (Jornal das Moças, 1965).

Mas quem desarruma são sempre ELES!!!!
Realmente era maravilhoso ser homem naquela altura!!!

E esta:
O lugar da mulher é no lar. O trabalho fora de casa masculiniza (Revista Querida, 1955).
CLARO!Senão quem limpava a casa de banho?????