Chegou arrastando a cauda do vestido novo, que ficou entalado na porta de ferro. Não se incomodou, pelo contrário, agradava-lhe fazer-se notar.
O excesso do rico brocado, também não lhe deu muito jeito ao sentar-se na minúscula cadeira da esplanada, mas Anne Mathilde não era jovem de chiliques e lá se acomodou entre sedas, rendas, laçadas e leques de pluma de avestruz.
Enquanto bebericava um chá gelado, esticava o pescoço para alongar a postura. Cruzava uma perna, abanando a ponta do sapato para exibir a fivela larga e observava com elevado prazer, o efeito provocado nas demais à sua volta.
Criticava para dentro do seu ar inofensivo e angelical, as cores que as outras não sabiam combinar, o enxovalhado dos seus algodões, o despropósito na junção que faziam entre organzas e rendas, e a tentativa frustrada de imitação da moda na corte.
Elas faziam-lhe o mesmo. Invejavam a elegância do porte de Anne Mathilde, gabavam-lhe o bom gosto no vestir, admiravam a forma segura com que agarrava o copo do refresco de chá e algumas até se atreviam a mordiscar as bolachinhas de sésamo, do mesmo jeito bico-de-passarinho com que ela o fazia.
Anne Mathilde, a bastarda de Napoleão, era um modelo a seguir naqueles dias.