quarta-feira, 30 de junho de 2010

segunda-feira, 28 de junho de 2010

dúvidas


A inspiração existe? 
(Tenho para mim que poucas vezes...)
E o que é? 

quinta-feira, 24 de junho de 2010

[15] bom fim de semana


Há livros que se agradecem. 
Por nos mostrarem que o difícil engenho da escrita, pode parecer tão fácil.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

metáforas

 
Livro: folhas, papel, maço, folhoso, encadernação, viagem, sonho, companhia, meditação, descoberta, desafio, encontro, luz, mundo, insónia, silêncio, recordação, gozo, obra, branco, livraria, estante, ideia, mundo, fantasia, comoção, vida, devaneio, colisão, centro, acalmia, perdição, despertar, música, fantasma, brilho, escalar, aberto, inspiração, tempo, saída, fuga, razão, provocar, memória ...

E fica assim:

Livro: Viagem folhosa; encontro de papel; maço de silêncio; vida de insónia; companhia de fuga...
 
E agora vocês...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

folhear


Noutro dia pediram-me para que respondesse sem pensar, assim de um golpe só, qual era o meu maior prazer. Aquele que eu não podia viver sem. E eu, que gostava de ter sido um dia cantora, respondi a música.
Acompanho música com tudo. No paredão, a guiar, a conversar, no despertador a acordar, a comer, no blog, a esplanar, a trabalhar, de fundo durante uma reunião, a cozinhar, nos passeios fotográficos.
E a escrever então, é essencial. Basilar. Sustentáculo.
Mas a ler não.

A ler não há mais nada. Não preciso.
Sem ler não dá para ser.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

frialdade fora de época


Quando é que param este frio e este vento, para eu pôr os meus vestidos?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

grande, grande,


... e querida Rita! Tu mesma!
Como eu gosto de linkar assim...

Ide todos ler.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

meu o início, vosso o final #3


Vai já para uma semana que o vizinho lhe perturba as noites, com as suas intermináveis horas ao piano. Nunca o viu, sabe que é músico e que se mudou para a casa amarela há pouco tempo. Foi a primeira coisa que lhe disseram na vila, quando Maria regressou à sua casa de infância.
Durante o dia ninguém o vê. Trazem-lhe da mercearia as encomendas que ele deixa escritas numa lista, presa numa pedra junto ao portão da casa.
Quando se recolhe no banco de pedra, debaixo do manto de glicínias lilases, Maria espreita a casa amarela por entre a vinha, na esperança curiosa de vislumbrar alguma coisa. Ou alguém.
Mas nada. Há um mês que ali se encontra em recuperação e do seu vizinho músico nem um sinal.
Só notas incómodas de um piano nocturno, que lhe rouba horas de sono.


...e agora, leitores do meu blogobairro, continuam vocês a história. Aqui ou no vosso blog.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

crónicas de graça #13


Mundial de Futebol
- os dramas de uma mulher -

O pior mesmo, é quando ele arrota de satisfação no fim do jogo da nossa selecção. Isto quando ela ganha, pois se perde é um soltar de palavrões, que nem vos digo nem vos conto. A sonoridade gutural que vem das profundezas do peito do meu Adérito, assemelha-se ao júbilo feito por uma manada de elefantes, quando encontra um charco perdido no meio da savana.
O velho cadeirão de orelhas estremece o casco, as paredes abrem novas rachas no estuque, o gato desaparece durante dois dias, nos meus ouvidos há um eco infinito e se tenho o azar de estar a pintar as unhas dos pés, nasce-me uma obra abstracta que vai desde o dedo grande ao calcanhar.
Eu sou daquelas que rogo a todos os santinhos do desporto, para que não andemos nunca metidos em mundiais e europeus. A minha vida vira um inferno, ainda ninguém sabia se íamos ou não jogar lá nas áfricas, já a minha rica moradia se encontrava enfeitada de cima a baixo de bandeiras verdes e encarnadas; a fonte de pedra colocada no meio do jardim, com um menino a deitar água pelo cântaro, foi o Adérito substituí-la por uma imagem do Cristiano Ronaldo, esculpida numa daquelas poses que o rapaz faz, com a bola equilibrada na cabeça; a colunata com alcachofras que ladeiram o portão, foram mudadas para bustos do senhor Queiroz; no azulejo por cima do alpendre, pintado com a Senhora de Fátima, vai ele e manda desenhar um par de vuvuzelas entrelaçadas - só dessas malditas cornetas zulu, já cá tenho oito - e como se não bastasse, encarregou-me de bordar os nomes dos onze jogadores, numas camisolas de alças que ele comprou à Alcina, a cigana da feira cá da freguesia. É que vocês não estão bem a ver, aqueles homens todos, gordos e peludos, de camisolinha de alças, a chorar, aos abraços e encontrões, pois não?
Anda-me desarvorado, o homem.
-Oh melhér, eu não tenho cá tempo para logísticas, trata tu das comezainas e da beberagem, por favor. Tenho programas muito interessantes, para assistir sobre o mundial na televisão, que servem para um gajo se preparar em condições para o campeonato. Ainda para mais, são todos muito diferentes uns dos outros, com comentadores eruditos, de visões futuristas, intelectuais até! E os jornais que tenho de ler? Notícias espantosas, originais, sem especulações, nem mentiras e boatos. É assim que um gajo se cultiva, oh Brucelina. Nos dias em que joga a nossa selecção, devia ser feriado nacional!
E pronto, a conversa não passa disto: que ler a Bola é ter interesses literários; que se o povo gosta é disto, então é só disto que lhe devemos dar, quais livros, teatro e cinema, qual carapuça; que o futebol devia ser disciplina obrigatória nas escolas; que se deve impingir nos nossos filhos mal nasçam, que quais cursos quais quê, há que estar mas é de olho nos carrões, nos brincos reluzentes e nas loiraças dos rapazes do futebol.


Em dia de jogo, coitadinha de mim, nem quatro horinhas durmo eu seguidas. Há festa da grossa aqui na moradia, pois abancam cá os amigalhaços do Adérito, e quem arca com tudo, é aqui a Brucelina d'Ascenção Peixoto. Essa é que é essa, meus amigos!
No gravador da sala, já lá grita vai para uma semana, o hino nacional, cantado pelo coro aqui da junta; em fila indiana, na arca frigorífica já eu alinhei e aconcheguei, para cima de uma meia dúzia de grades de cerveja; cozi pela madrugada duas tachadas de caracóis, com nacos de toucinho; encomendei um alguidar de tremoço gordo; salguei de véspera dezenas de couratos, febras e costeletas do lombo, para os maganões parceiros do Adérito.
E se nós perdermos? Eu rezo de novo a todos os santinhos, mas desta vez aos das colectividades desportivas, que me acudam. Há lá coisa pior de aturar, do que homens trombudos e descompensados com dissertações futebolísticas, discussões de pedibola e polémicas do
balípodo?
Minutos antes, aquele jogador era o melhor da equipa, agora é a pior porcaria que já alguma vez pôs os pés no esférico, o não sei quantos é que devia ter sido seleccionado para guarda-redes, mas agora este, que defendeu dois penalties, é o magnata das redes, o treinador não pesca nada do assunto, mas como ganhou hoje, já é o rei dos relvados, o presidente da federação só lá está porque quer viagens e tacho, mas como ficamos nos primeiros lugares, é um homem trabalhador e honrado, a nossa participação nestes campeonatos dá nome à nação, mas se vimos de lá sem glória, só servimos para gastar o dinheiro dos contribuintes e cooperar para a falência da pátria mãe. Livra, gentinha esta que não sabe o que quer!
Mas o meu Adérito diz que não é nada disso, sou eu que ouço coisas e que não entendo nada de cultura, que não tenho noção do que falo.
O que eu sei, é que até gosto que os rapazes joguem bem e venham de lá satisfeitos, isso sim. Mas chega e basta.
Agora torcer, torcer, com os salários que eles ganham, com os prémios que recebem, com os contratos aos champôs linic e outros que tais, e com a trabalheira que eu aqui vou ter por causa deles, eles que torçam mas é por mim:
Brucelina d'Ascenção Peixoto!

E o meu querido parceiro, conhece algum outro género de apreciador?

Crónicas de Graça #1, #2, #3, #4, #5, #6, #7, #8, #9, #10, #11, #12.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

uma receita


Agora de volta ao forno e aos seus suspiros cor-de-rosa, e enquanto juntava uma pitada de sal às claras frescas, que ia batendo em castelo bem firme, Pimpinella meditava sobre a perspectiva de poder abraçar aquela oportunidade. Ser doceira numa pastelaria arrojada, de renome internacional. E fugir ao seu pardo dia-a-dia.
A sensação de que deveria aceitar aquele convite, tornou-se ainda mais forte, quando juntou o brilho do açúcar às claras e teve de as bater sofregamente.
Até se encheu de calores. Parecia que a receita crescia em seu favor, fermentando esta sua nova vontade.
E o aspecto do creme? Magnífico se tornava a cada gesto. Principalmente, depois de Pimpinella lhe ter juntado a gelatina de morango.
Mas foi no momento em que as claras se tornaram altas e duras, ocasião indicada para lhes verter o sumo de um limão, que uma gota lhe fugiu do fruto e lhe arrepiou um pequeno arranhão que tinha na mão. O ácido fê-la atirar um grito pelo ardor, e ao invés de se refugiar no sofrimento, o intenso queimor acometeu Pimpenella de um daqueles desejos fortes, quase físicos, que não reconhecem barreiras. Só metas.
Por altura de encher o saco de pasteleiro e moldar os suspiros, sobre um tabuleiro forrado a papel vegetal e o meter no forno, já Pimpinella, num instante de irrevogável verdade, ganhara todas as certezas do mundo.
Iria mudar de vida e começar a trabalhar na célebre doçaria.

Não querem passar?

segunda-feira, 7 de junho de 2010

guilty pleasure III

Olá, o meu nome é Patti e não fumo há três anos.