terça-feira, 7 de dezembro de 2010
feliz natal
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
tormenta
sábado, 6 de novembro de 2010
ora aqui estamos nós
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
policial da enforcada
terça-feira, 19 de outubro de 2010
outubro
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
alerta
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
vizinhos
terça-feira, 5 de outubro de 2010
nas subidas
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
terça-feira, 28 de setembro de 2010
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
coincidências
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
the biggest loser
Os concorrentes sofrem as estopinhas, constantemente em cima da passadeira a correr que nem uns desalmados, step acima e step abaixo, abdominais de 180cº, pesos que mais parecem rodas de camião, exercícios de elásticos, enormes bolas de stress. E bufam, e choram, e gritam, e reclamam, e desistem, e recomeçam, e dizem palavrões, e desmaiam...
É só saúde.
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
regresso às aulas
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
segunda-feira, 19 de julho de 2010
'tou no ir ... de férias III
Um excelente descanso para todos e até...talvez Setembro.
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Patti
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tags só meu-férias
sexta-feira, 16 de julho de 2010
crónicas de graça #15
A Escrita
Para mim ela é uma descoberta ainda fresca, que me veio desordenar o caminho, mas de uma forma sã. É uma experiência de vasculho, amotinações e remexidas, donde tenho saído sempre ilesa. Para uns a escrita é sofredora, dor interior, angústia companheira e mesmo assim, enlace indissolúvel e perpétuo. Não é o meu caso. Sim, já demos também o nó - e espero que vitalício - mas talvez porque ainda ando a buscar saber no berço das palavras, a testar o resultado das minhas tentativas e provas na escrita, dela só tenho adquirido exultação. E festa, porque ao mesmo tempo, como digo ali na coluna da direita, estou mais tempo comigo. E gosto.
Ah, mas é difícil escrever. Muito difícil. Porque as palavras já foram todas inventadas, como ligá-las sem mácula é que ainda não. E só por isso é melhor.
É ao meu querido parceiro, a quem eu devo a existência destas cónicas, que durante meses me deram muito trabalho, apego, satisfação, consolo, descoberta e sobretudo muita amizade e estima por um desconhecido, que um dia me fez este agradabilíssimo e inesperado convite. Tem sido um prazer, Carlos. Sem expectativas goradas, pelo contrário, reafirmação na minha crença muito pessoal, de que ainda se pode confiar, esperar e acreditar nos outros.
Hoje escreve-se o fim destas crónicas, porque tudo tem o seu desfecho. Escreveram-se trinta. Outras tantas ficaram por contar, pensamentos por revelar, reflexões por anunciar, opiniões por esclarecer.
Talvez voltem. Noutro formato. Aqui nunca se sabe, porque no blogobairro vive-se dela, da escrita.
E do seu Rochedo, Carlos, o que se escreve?
sábado, 10 de julho de 2010
já estão perto
sexta-feira, 2 de julho de 2010
crónicas de graça #14
Depois vêm os outros sintomas: nas minhas muitas voltas diárias, às vezes fico parada a pensar onde é que ia, coloco um pacote de leite vazio dentro do frigorífico, olho para o elevador e por telepatia ordeno-lhe que desça e, por fim, tento abrir a porta de casa com o comando do carro.
Férias. Estou a precisar de férias. Daquelas longas, com três semanas seguidas no mínimo, onde abundam esplanadas com música calma de fundo, espreguiçadeiras, sombras e brisas, sol da manhã, nada de horários, muita leitura e i-pod e não fazer simplesmente nada. Nada de nada. Só olhar os que passam, sem nenhuma coisa em que pensar.
É o sossego, pouca gente, silêncio e acalmia o que se quer. Não à barafunda, aos magotes de veraneantes, filas e excitações solares.
Isto na primeira semana, porque nas seguintes já se me arrebita a vontade dos passeios, de ir saber de outras praias, outras terras, gentes e comeres. Digo eu, que muita lazeira pegada também farta. Essa fica para aqueles fins-de-semana grandes, que se pegam a uma sexta ou a uma segunda, em que só apetece o papo para o ar, arrastar o corpo calão até à beira da piscina, e ficar por ali alapada ao sol e ver a relva a crescer.
Nas férias grandes, basta-me então a primeira semana de preguiça. Era mais a cabeça, do que o corpo, que me pedia paz e quietação. Precisava que eu arquivasse ficheiros antigos, que ordenasse outros e que colocasse na lista de prioridades aqueles mais esquecidos.
Feito isto, vem ele pedir-me actividade. Entenda-se: movimento, pequenas jornadas, expedições, encontros, passeios e cruzadas gastronómicas. Corridas na areia, raquetes de madeira, sair do sol lá pelas oito, puxar-lhe os raios até às nove, entardecer no bar da praia com música ao vivo e caipirar ou sangrar em branco muito fresco, chinelar pelo deck e arrastar saias compridas por cima de biquínis molhados.
É que a cabeça não sabe, mas quando o corpo se anima é ela que descansa.
E com o meu querido parceiro, como vai isso de repouso?
quarta-feira, 30 de junho de 2010
segunda-feira, 28 de junho de 2010
quinta-feira, 24 de junho de 2010
[15] bom fim de semana
Há livros que se agradecem.
Por nos mostrarem que o difícil engenho da escrita, pode parecer tão fácil.
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Patti
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tags livros-ernestina
quarta-feira, 23 de junho de 2010
metáforas
Livro: folhas, papel, maço, folhoso, encadernação, viagem, sonho, companhia, meditação, descoberta, desafio, encontro, luz, mundo, insónia, silêncio, recordação, gozo, obra, branco, livraria, estante, ideia, mundo, fantasia, comoção, vida, devaneio, colisão, centro, acalmia, perdição, despertar, música, fantasma, brilho, escalar, aberto, inspiração, tempo, saída, fuga, razão, provocar, memória ...
segunda-feira, 21 de junho de 2010
folhear
Acompanho música com tudo. No paredão, a guiar, a conversar, no despertador a acordar, a comer, no blog, a esplanar, a trabalhar, de fundo durante uma reunião, a cozinhar, nos passeios fotográficos.
E a escrever então, é essencial. Basilar. Sustentáculo.
Mas a ler não.
Sem ler não dá para ser.
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Patti
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tags só meu-ler
sexta-feira, 18 de junho de 2010
quarta-feira, 16 de junho de 2010
segunda-feira, 14 de junho de 2010
meu o início, vosso o final #3
Durante o dia ninguém o vê. Trazem-lhe da mercearia as encomendas que ele deixa escritas numa lista, presa numa pedra junto ao portão da casa.
Quando se recolhe no banco de pedra, debaixo do manto de glicínias lilases, Maria espreita a casa amarela por entre a vinha, na esperança curiosa de vislumbrar alguma coisa. Ou alguém.
Mas nada. Há um mês que ali se encontra em recuperação e do seu vizinho músico nem um sinal.
Só notas incómodas de um piano nocturno, que lhe rouba horas de sono.
...e agora, leitores do meu blogobairro, continuam vocês a história. Aqui ou no vosso blog.
sexta-feira, 11 de junho de 2010
crónicas de graça #13
- os dramas de uma mulher -
Eu sou daquelas que rogo a todos os santinhos do desporto, para que não andemos nunca metidos em mundiais e europeus. A minha vida vira um inferno, ainda ninguém sabia se íamos ou não jogar lá nas áfricas, já a minha rica moradia se encontrava enfeitada de cima a baixo de bandeiras verdes e encarnadas; a fonte de pedra colocada no meio do jardim, com um menino a deitar água pelo cântaro, foi o Adérito substituí-la por uma imagem do Cristiano Ronaldo, esculpida numa daquelas poses que o rapaz faz, com a bola equilibrada na cabeça; a colunata com alcachofras que ladeiram o portão, foram mudadas para bustos do senhor Queiroz; no azulejo por cima do alpendre, pintado com a Senhora de Fátima, vai ele e manda desenhar um par de vuvuzelas entrelaçadas - só dessas malditas cornetas zulu, já cá tenho oito - e como se não bastasse, encarregou-me de bordar os nomes dos onze jogadores, numas camisolas de alças que ele comprou à Alcina, a cigana da feira cá da freguesia. É que vocês não estão bem a ver, aqueles homens todos, gordos e peludos, de camisolinha de alças, a chorar, aos abraços e encontrões, pois não?
Anda-me desarvorado, o homem.
-Oh melhér, eu não tenho cá tempo para logísticas, trata tu das comezainas e da beberagem, por favor. Tenho programas muito interessantes, para assistir sobre o mundial na televisão, que servem para um gajo se preparar em condições para o campeonato. Ainda para mais, são todos muito diferentes uns dos outros, com comentadores eruditos, de visões futuristas, intelectuais até! E os jornais que tenho de ler? Notícias espantosas, originais, sem especulações, nem mentiras e boatos. É assim que um gajo se cultiva, oh Brucelina. Nos dias em que joga a nossa selecção, devia ser feriado nacional!
E pronto, a conversa não passa disto: que ler a Bola é ter interesses literários; que se o povo gosta é disto, então é só disto que lhe devemos dar, quais livros, teatro e cinema, qual carapuça; que o futebol devia ser disciplina obrigatória nas escolas; que se deve impingir nos nossos filhos mal nasçam, que quais cursos quais quê, há que estar mas é de olho nos carrões, nos brincos reluzentes e nas loiraças dos rapazes do futebol.

Em dia de jogo, coitadinha de mim, nem quatro horinhas durmo eu seguidas. Há festa da grossa aqui na moradia, pois abancam cá os amigalhaços do Adérito, e quem arca com tudo, é aqui a Brucelina d'Ascenção Peixoto. Essa é que é essa, meus amigos!
No gravador da sala, já lá grita vai para uma semana, o hino nacional, cantado pelo coro aqui da junta; em fila indiana, na arca frigorífica já eu alinhei e aconcheguei, para cima de uma meia dúzia de grades de cerveja; cozi pela madrugada duas tachadas de caracóis, com nacos de toucinho; encomendei um alguidar de tremoço gordo; salguei de véspera dezenas de couratos, febras e costeletas do lombo, para os maganões parceiros do Adérito.
E se nós perdermos? Eu rezo de novo a todos os santinhos, mas desta vez aos das colectividades desportivas, que me acudam. Há lá coisa pior de aturar, do que homens trombudos e descompensados com dissertações futebolísticas, discussões de pedibola e polémicas do balípodo?
Minutos antes, aquele jogador era o melhor da equipa, agora é a pior porcaria que já alguma vez pôs os pés no esférico, o não sei quantos é que devia ter sido seleccionado para guarda-redes, mas agora este, que defendeu dois penalties, é o magnata das redes, o treinador não pesca nada do assunto, mas como ganhou hoje, já é o rei dos relvados, o presidente da federação só lá está porque quer viagens e tacho, mas como ficamos nos primeiros lugares, é um homem trabalhador e honrado, a nossa participação nestes campeonatos dá nome à nação, mas se vimos de lá sem glória, só servimos para gastar o dinheiro dos contribuintes e cooperar para a falência da pátria mãe. Livra, gentinha esta que não sabe o que quer!
Mas o meu Adérito diz que não é nada disso, sou eu que ouço coisas e que não entendo nada de cultura, que não tenho noção do que falo.
O que eu sei, é que até gosto que os rapazes joguem bem e venham de lá satisfeitos, isso sim. Mas chega e basta.
Agora torcer, torcer, com os salários que eles ganham, com os prémios que recebem, com os contratos aos champôs linic e outros que tais, e com a trabalheira que eu aqui vou ter por causa deles, eles que torçam mas é por mim: Brucelina d'Ascenção Peixoto!
E o meu querido parceiro, conhece algum outro género de apreciador?
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Patti
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tags mundial de futebol
quarta-feira, 9 de junho de 2010
uma receita
A sensação de que deveria aceitar aquele convite, tornou-se ainda mais forte, quando juntou o brilho do açúcar às claras e teve de as bater sofregamente.
Até se encheu de calores. Parecia que a receita crescia em seu favor, fermentando esta sua nova vontade.
E o aspecto do creme? Magnífico se tornava a cada gesto. Principalmente, depois de Pimpinella lhe ter juntado a gelatina de morango.
Mas foi no momento em que as claras se tornaram altas e duras, ocasião indicada para lhes verter o sumo de um limão, que uma gota lhe fugiu do fruto e lhe arrepiou um pequeno arranhão que tinha na mão. O ácido fê-la atirar um grito pelo ardor, e ao invés de se refugiar no sofrimento, o intenso queimor acometeu Pimpenella de um daqueles desejos fortes, quase físicos, que não reconhecem barreiras. Só metas.
Por altura de encher o saco de pasteleiro e moldar os suspiros, sobre um tabuleiro forrado a papel vegetal e o meter no forno, já Pimpinella, num instante de irrevogável verdade, ganhara todas as certezas do mundo.
Iria mudar de vida e começar a trabalhar na célebre doçaria.
segunda-feira, 7 de junho de 2010
segunda-feira, 31 de maio de 2010
sexta-feira, 28 de maio de 2010
crónicas de graça #12
Gostaria de deixar aqui bem claro, que não entendo o convite para a minha participação nesta Crónica de Graça, apesar de muito me honrar, mas cá vai a minha opinião.
Toda a gente aqui do bairro sabe, que sou uma mulher recatada, de poucas confianças e que não gosto de me meter na vida de ninguém. A minha existência não tem segredos: casa, mercearia, padaria, praça, igreja, jardim da Graça, 28 para a baixa e casa outra vez. Claro, que agora ando de namoro pegado com o Xavier do talho, mas é uma coisa muito séria, à moda de outros tempos. Namoro recatado, um compromisso sincero a pensar no futuro, encontros decentes, distantes o quanto baste e conversas como deve ser. Eu não quero abrir a boca, valha-me Santa Luzia, mas não sou como umas e outras que vejo por aí, sempre atracadas ao pescoço dos homens, que não os deixam respirar, vestidas de forma indecente, com roupa desonesta que revelam tudo ao bairro. Só ao bairro não, ao mundo! Que os motoristas daquelas camionetas todas que param aqui no miradouro, cheias de turistas esbranquiçados, bem que ficam de olhinho arregalado à coca das carnes rechonchudas, que saem debaixo daquelas vestimentas indecorosas. E elas gostam, as desavergonhadas, que eu bem as vejo lá da minha varanda, a rodopiarem pelos passeios e a roçarem-se no muros, lânguidas como gelados de caramelo a escorrer pelos cones de baunilha.
E as mães delas? Pior do que as filhas, só vos digo. Eu é que não gosto de falar de ninguém, até porque pelas costas dos outros se vêem as nossas, mas é que o raça das mulheres não me saem do parapeito das varandas todo o santo dia, no leva e traz, leva e traz, leva e traz. Caramba, até paninhos almofadados elas fizeram e colocaram no varandim, para não magoarem os refegos dos braços gordos e peludos, enquanto metem o bedelho na vida do bairro todo. Línguas de trapo, é o que é. Melhor faziam elas, aquelas aguilhões de lacrau, se fossem dar conta da barrela da casa, limpar os centímetros de pó de cima das camilhas, sacudir os naperons, arredar móveis e aspirar o cotão que cresce junto aos rodapés, arranhar a gordura da chaminé, arear os tachos e separar o gorgulho do arroz e do feijão catarino.
E isto, ainda não é nada. Eu é que sou mulher de não fazer alardes, escuto o que elas falam de umas varandas para as outras, enquanto rego as minhas plantas e dou de comer ao canário, mas nunca alvitro nada, nem sequer dou conversa. Isso queriam elas, as aleivosas.
E quando as comadres se resolvem encanitar umas com as outras? É que nem queiram saber. Aquilo é um lavar de roupa suja, um desce escada, sobe escada, um abre a janela, fecha a janela, um entra e sai das casas uma das outras, que eu nem sei como é que aquela gente dá conta de tanta bisbilhotice. Eu cá baralhava-me toda. A mim é que nunca me deu para ser quadrilheirona, mas se eu vos contasse as coisas que tenho ouvisto...
Bom, a Odete da peixaria é uma aldrabona de primeira linha. Na bancada só tem pescada de três dias que diz ter chegado agora da lota, e já o peixe está mais do que falecido e ainda ela apregoa feito varina, oh fregueeeeeesa, venha cá que é fresquinho! O Onofre, o padeiro que andou enamorado da minha pessoa como muito bem sabem, rouba no fermento e no açúcar das delícias folhadas, que eu quando o visitava de madrugada na ideia de trazer o primeiro cacete do dia, bem me apercebi da marosca. A Lurdinhas da mercearia é outra, tem sido sempre tão boa rapariga e até me ensinou estrangeiro e tudo, mas agora descobri que é uma grande lambisgóia. Então não se atraca a tudo o que é homem das entregas das paletes? Quer sejam elas de leite, de cerveja, de água com gás ou de saquetas de chá verde. Vai tudo a eito e depois queixa-se que é muito doente, que lhe sobem os calores, e que anda com os triglicerinos no máximo.
Eu é que estou sempre metida em casa, na minha lida e não me meto com a vida de ninguém, mas ainda assim, o mulherio morre de inveja de mim. Dizem que eu, Amelinha Santos de Jesus, uma santa e virtuosa temente a Deus, que até à missa ainda vou de véu, que jamais na minha vida usei um biquíni e que nunca vi nenhum homem de roupa interior, nem o meu Alfredo que já partiu, sou mas é uma grande interesseirona, que catrapisco todos os homens com estabelecimentos do bairro e - ouçam lá bem - que só ando de namoro pegado com o Xavier talhante, porque quero é saber dos lucros das febras e do entrecosto.
Eu, que até vegetarôna sou!
E o senhor CBO, diga-me lá o que é que pensa disto tudo. É jornalista não é...?
quinta-feira, 27 de maio de 2010
quando a hora avança II
Mas uma noite houve, em que Noctívago esquecendo-se de ler a história para adormecer antes que fosse dia, amanheceu sem que desse por isso.
Sentiu-se perdido, cego. Não conhecia nada do que via à luz. Aterrorizou-se.
Nisto, efervescendo das últimas sombras de noite, rasgava-se do fundo da terra um estado de incandescência fantasma de que a lua já lhe havia falado. Uma tal de estrela amarela que por meio do seu poder luminoso, desvendava sem permissão a segurança da escuridão de Noctívago, expondo à luz do dia os seus becos e segredos mais opacos.
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tags só meu-entidades
terça-feira, 25 de maio de 2010
junta de freguesia do blogobairro #4
E mais, com os poderes que aufiro, estendo esta celebração aos inquilinos que moram no continente do outro lado do oceano.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
a senhora ...
Pequenas coisas, que tornam as pessoas maiores.
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tags no paredão
sexta-feira, 21 de maio de 2010
vírus* num blog sério e familiar #12
(Não se esqueçam, façam uma pausa no expediente).
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tags hora coca-cola diet
quinta-feira, 20 de maio de 2010
corredor

Tomado unicamente por um local de passagem, de acesso às outras divisões, era desprovido de qualquer tipo de interesse. A excepção era feita por antigas molduras, que revelavam fotografias de antepassados, exibindo nelas trajes de folhos, largos chapéus, cartolas luzidias, fardas militares, bigodaças farfalhudas e espampanantes penteados, armados em cima de pescoços enforcados em intermináveis fiadas de pérolas brancas ou laços de borboleta.
A pouca atenção dada ao corredor, seguia com a fraca escolha de luz, tornando tudo ainda mais taciturno.
No escuro da noite, ou mesmo na melancolia que é aquele período da tarde que nos empurra à sesta, os antepassados encaixilhados nas paredes, encetavam velhas quezílias familiares. Confrontavam-se entre si e discutiam o património mal dividido, heranças, partilhas, casamentos, adultérios, crimes, segredos e mistérios, apelidos familiares e outras tantas questões pertencentes a um pretérito muito antigo.
O peso das sombras, a presença de espíritos diáfanos, a solidão de um corredor sem vida e talvez também a solidão de quem o percorria todos os dias, enchia de um vazio cinzento, o velho andar da Sidónio Pais.
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tags só meu-divisões
segunda-feira, 17 de maio de 2010
sexta-feira, 14 de maio de 2010
crónicas de graça #11
Multidões assim não me incomodam. Não me perturbam os encontrões cheios de sacos de compras, seiras de vime, alcofas de junco, cabazes e cestos de verga. Sofro de imunidade aos pregões gritados, às discussões dos fregueses, ao barafusto das vendas.
Sou de pormenores, e aqui, apaixono-me logo pelo burburinho, o cheiro, a correria, as vozes altas, as folhas que a fruta ainda traz presa, a terra nas batatas, o preto das amoras, os vincos das sacas de serapilheira. Maços de notas que se folheiam em mãos enrugadas, a caixinha dos trocos, o calejo de dedos que apalpam a melhor fruta, os peganhentos frascos do doce de tomate, os ovos caseiros ainda de penas agarradas, extirpadas ao esforço da vítima.
E chamam-nos de freguesa, de menina, e de meu amor diga lá o que deseja.
Em Lagos, onde paro algumas vezes durante o ano, o mercado dos sábados é irresistível. Muito rústico, genuíno, mas onde os estrangeiros adeptos da agricultura biológica, se misturam - e bem - entre os agricultores de outros tempos e lhes dá uma riqueza especial.
E depois é vê-los, aos sabonetes de alecrim da holandesa ruiva e de piercing no umbigo, junto do queijo de figo da avó, coberta com um lenço de flanela de ramagens sombrias; legumes de nome impronunciável, plantados pela família Sherard, a par da alfarroba do monte do tio Malaquias; gaiolas de patinhos amarelos da menina Laura, que bicam saquinhos com chás zen, daquela alemã alta como um poste. Saias hippies, coloridas, compridas e rodadas sobre sandálias de couro, encarando socas de madeira, botas de borracha, saias de fazenda e meias grossas de tons pardos sem brilho.
E o melhor de tudo nos mercados e nas feiras, é que há qualquer coisa de passado abençoado, de memória feliz que não desarma, uma nítida presença de pessoas que já não estão connosco, mas que habitam estes locais.
Parece que andam por ali nas compras, junto a nós, dizendo para termos cuidado, pois a batata ainda não é nova, que o cebolinho quer-se fininho e rijo, as cerejas escuras, as castanhas grandes e lisas, os pintos amarelos, os coelhos mansos, o pão mal cozido, o queijo luzidio embrulhado em papel pardo, e que a fava rica se pesa ao litro.
Apertam os nossos dedos; mãos de avós permanentemente eternos, que nos levam a ver com orgulho em bancadas improvisadas, o desfile de presentes que a terra deu.
Mãos quentes. Sempre quentes.
E por esse mundo fora, meu querido parceiro? Conte-me tudo.
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tags mercados e feiras
terça-feira, 11 de maio de 2010
quando a hora avança I

Acontece que nesse furo do tempo, há um bebé que já não nasce, um amor que jamais se apaixonará, um encontro protelado, um ilustre feito por realizar, um poema por escrever.
É uma essência madrugadora, com corpo de luz que tarda em ser noite, disfarçada de perfume do mar das férias; uma espécie de estação fantasiosa, saqueadora de um tempo que não lhe pertence.
Diz quem sabe, que é essa entidade que habita a fonte da juventude; fabuladora da idade.
Despojadora estival de um interminável número de badaladas, usurpadas pela noite a todos nós, quando a hora avança no tempo quente.
Deram-lhe o nome de eternidade.
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tags só meu-entidades
domingo, 9 de maio de 2010
sexta-feira, 7 de maio de 2010
vírus* num blog sério e familiar #11
(Segurem as rédeas, meninas e apertem os freios!)
* diz que perfuma a cavalo e tudo ...
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tags nacho figueras
quarta-feira, 5 de maio de 2010
mais do sol
Assim, o coelho espreita desconfiado pelo buraco da toca; primeiro o nariz a tremer, depois os bigodes, os olhos à coca do inimigo e finalmente as orelhas. E volta para o seu ninho, não é cá doido de sair para o bosque todo lampeiro.
O urso por exemplo, limita-se a iniciar um longo espreguiçar, que dura para lá de uma semana. As andorinhas regressam pouco a pouco. As amendoeiras brotam um florir discreto. Outras árvores verdejam vagarosas. As brisas nascem suaves. O Homem ... bom, esse, meu querido blogobairro, é outra história que de contenção nada terá.
Já no ano passado, me apercebi do burlesco da situação e este ano o fenómeno repetiu-se.
A culpa foi minha, bem sei. Ninguém me manda esplanar a um domingo. Mas depois daquela chuvinha, nada fazia prever a marina invadida por ávida gente, despertada de um hibernanço forçado. Descurei e fui apanhada pelo magote dos inseguros do clima.
Este ano o tempo foi padrasto, é verdade, mas o espectáculo circense que se seguiu aos primeiros raios de sol, foi degradante.
Bom, esplanava eu sobre uma salada com todos, uma sangria branca e mais um livro, e eis que a maralha começa a surgir, naquela hora enervante, ali pelas três e meia quando todos os almoços com os sogros foram cumpridos.
Primeiro dei-me conta de um leve burburinho; talvez as ondas do mar, uma gaivota mais histérica, ou as crianças da escola de vela? Mas não. Nada disso.
Eram eles. A populaça desenfreada, que ainda sem ter tempo de pôr a arejar a roupa de Verão, marchava pelo deck da marina, exibindo botifarras com t-shirts, shorts e collants de vidro, as primeiras camisas de manga curta, horrendos casacos de cabedal ao ombro, mostrando peitos transpirados, pernas mal depiladas na correria do duche dessa manhã e guarda-chuva, não fosse o diabo ainda fazer das suas.
Mais pareciam terem atracado todos de um cargueiro, um bando de embarcados que não viam a mouraria havia muitas décadas.
Trincavam, mastigavam de boca aberta e sem pudores, os primeiros saquinhos de tremoços, amendoins e pevides do ano. As cascas? No chão, obviamente.
Cães de todas as raças pela trela. As bicicletas, as trotinetas, os skates, os patins e os triciclos. Os carrinhos de bebé, os carros telecomandados, as bolas de gelado esborrachadas no passeio, os gritos das crianças, o tráfego humano, o atropelo de gente excitada pelo sol. E eu.
Que fazer então, perante a ignomínia das gentes?
Já que a salada se me murchou de constrangimento e a sangria se evaporou com o escândalo, saquei do bloco de notas, ora bem.
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Patti
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tags só meu-sol