terça-feira, 24 de abril de 2012

será que é desta que conheço Almada?

(foto minha)

Eu nem sequer sabia o que era a outra banda. Só a praia da Riviera na Caparica e o Algarve, depois de fazermos muitas estradas para lá chegar, quando ouvi o António pela primeira vez.
Diziam na rádio, que ele era de lá; da outra margem. Eu, uma miúda, queria lá saber de onde ele era.
Ainda hoje, nunca subi ao Cristo rei.
Mas aquela voz; como quem escrevia em voz alta, de quem soletrava com convicção o evangelho para uma multidão de ateus. O arrastado completo das sílabas finais. A respiração pausada entre frases.
Os erres perfeitos.
Aqueles erres...



quarta-feira, 11 de abril de 2012

das leituras


Ontem li a palavra laranjada. Num daqueles livros, com as benditas crónicas deste Senhor.
Fui logo levada para a casa do meus avós, onde ela existia dentro de garrafinhas gordas de vidro baço. No verão bebíamos dezenas. E capilés.
Lanches de papo-secos barrados com manteiga e açúcar, talhadas de marmelada, pesadas cafeteiras de café preto, biscoitos de limão fritos em azeite quente, cavacas e ferraduras de erva doce, colares de pinhões, pevides e figos maduros trepados às árvores.
E avós.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

a ana carolina...


...que é maravilhosa, diz nesta música, que o amor a partiu em tantas pelo chão.
E eu, que só tenho tido tempo para viver e que não pego num lápis para escrever, vai para uma eternidade que me envergonha, embora tenha páginas e páginas - como sempre - registadas nesta minha cabeça, fico a pensar como é que se escrevem frases tão simples e ao mesmo tempo tão difíceis.