sexta-feira, 29 de agosto de 2008

castanho chocolate, mas amargo




Tenho dois medos racionais, ou melhor tinha, porque um deles já o venci. O outro não digo. Nem aqui, nem em lado nenhum. Só a mim diz respeito.

Não converso de intimidades com quase ninguém a não ser com duas ou três pessoas no máximo, o que para conversas íntimas já é uma multidão. Aqui então, muito menos. Não tem somente a ver com a delicadeza de alguns temas, mas sim com a leviandade, banalidade e boçalidade, anexadas a uma histeria colectiva com que se opina, arrota e gargalha sobre o privado, o secreto, o íntimo, o ‘só nosso’.

E ultimamente tenho presenciado mais isso em pessoas do meu próprio sexo.


Tudo o que é assunto, que no meu entender deveria ser tratado em privado, se expõe com deboche, em vitrinas instantâneas e improvisadas, onde não existe sequer um vidro a proteger do pó da rua, sem alarme contra intrusos e a preços tão baixos, que nem para saldos serve. A exposição íntima e pessoal é tão solicitamente rastejante, que as centopeias e as larvas, na incapacidade de competir com tamanha inferioridade, entram em depressão.


É como confundir camaradagem com amizade, libertinagem com ousadia, domicílio com lar, sexo com deboche, franqueza com cuspir na cara. Enoja-me a verborreia. E como auto-estima, confiança e solidez, são características que conquistei à minha custa e no meu caminho, dispenso de perguntar ao povo e à assistência como se rasga o papel, como se lambe ou o que fazer com os pauzinhos dos gelados.


Como feminista… Bom, faço aqui uma pausa para esclarecer as mentes mais distraídas. Feminista não é ser lésbica, prescindir de usar soutien, ter cabelo curto, vestir-se à cantora Dina, ser ressabiada com homens, ir à festa do Avante, não fazer depilação, ter bigode como a Odete Santos e escrever poesia erótica. Ser feminista não diz respeito só à mulher, mas a todo o ser humano, porque se trata de uma posição social que defende direitos humanos básicos, neste caso os direitos da mulher. Discriminação laboral, social, salarial, maus-tratos físicos e psicológicos, exploração sexual e tráfego, direito à educação, à religião, ao divórcio e à liberdade sexual e por ai afora


Então voltando ao tema do post…

Dizia eu, que como feminista e também como mulher muito feminina que sou, não me identifico minimamente com o rumo que muitas mulheres deram à sua emancipação. Adoptam uma linguagem de carroceiras, utilizam natural, fácil e obviamente, as curvas perfeitas e até os disformes pneus Goodyear do seu corpo e gerem com muito pouca inteligência, a nudez, o erotismo e as conversas sobre sexo. Servem-se a si próprias numa bandeja de pirex da loja do chinês, sem obterem o menor proveito em benefício próprio, nem sequer um pagamento em notas amarrotadas, como a mais honesta das prostitutas. Caem facilmente na ilusão que com este tipo de atitude e com uma reles conversa brejeira prolífera de laivos de intimidade, despertam desejos, alcançam estatuto e poder, e pior, caem na fantasia de que espevitam interesses. Pobres de espírito. Se eu fosse gajo, esmorecia e virava eunuco com medo.


É de uma falta de inteligência enorme, pensar-se que a evolução e o respeito por nós mulheres, é incompatível com a nossa feminilidade e com o uso correcto do nosso cérebro. Felizmente, podemos falar de todos os assuntos sem barreiras, mas penso haver limites e uma réstia de bom senso de se espalhar aos quatro ventos, de dar shows e palestras gratuitas, daquilo que devia pertencer, a meu ver, ao foro íntimo e privado. Preservado. Temos a faca e o queijo na mão para exigirmos respeito, igualdade nas mais diversas áreas e as mesmas oportunidades na sociedade. Tolas. Ao invés de filtrarem do homem aquilo que ele tem de bom, as suas muitas qualidades, preferem clonar e copiar os seus piores defeitos. E muitas fazem-no em consciência. Burras.

Minhas queridas, o cérebro não é um músculo, mas também precisa de ser exercitado. Não utilizem só a vagina e o parlapié de rua. E por favor, não circulem pelo passeio, no escritório, nos bares, na casa dos amigos, nas festas, na net, unicamente na posição horizontal, é que demoramos tantos séculos para nos pormos em pé!


É com enorme aversão que constato esta postura escancarada em mulheres iguais a mim e que o assumo como uma realidade actual. É com muita apreensão que chego à conclusão de que, se a minha avó enfrentou uma sociedade fechada sobre si mesma, puritana e moralista, para não se subjugar à vontade do pai dela e mais tarde da do marido, se a minha mãe o tornou a fazer nos anos antes do 25 de Abril, impondo-se como ser humano e rejeitando o papel de mero objecto de adorno e de utilização sexual, e se até eu, de uma certa forma também me afirmei pelo meu valor, numa sociedade marcadamente machista, as nossas filhas terão porventura um trabalho muito mais árduo e penoso, para mostrar que por cima de um corpo sensual e bronzeado à vista de todos, têm uma vida privada e assuntos que só a elas dizem respeito, que não são para imprimir no curriculum e que ainda possuem um cérebro que funciona.

47 comentários:

cecília disse...

Cara Patti,
Deixo-lhe aqui o comentário que fiz há dias no "Blue Velvet", a propósito de outro assunto, mas que também revela porque concordo consigo a 200% em tudo o que expõe neste post e que irá somar àqueles que acho indispensável a minha filha ler.
"Blue,
Ninguém tem entrada no meu blog, porque simplesmente ele não existe...
Fui convidada a comentar os textos do blog de um colega de trabalho e, através dele, conheci o Rochedo do Carlos, os Ares da Patti e os Veludinhos da Blue, que me prenderam pela qualidade dos seus escritos, pela actualidade dos temas abordados, pela intensidade de algumas emoções e, sobretudo, por utilizarem a net para algo tão saudável.
Até há cerca de 2 ou 3 meses, e apesar de utilizar diariamente o acesso a esta rede global, o mundo da blogosfera era-me completamente desconhecido...
Antes de entrar, pedi sempre licença, porque não consigo ficar calada (sempre me disseram que eu falo demais...), nem tão pouco indiferente a que, neste país da treta, ainda consigamos encontrar quem procure na net mais do que diálogos vazios, cheios de "smileys" e abreviaturas, encontros virtualmente escaldantes, ou supostas amizades, classificadas por critérios sem rosto.
Às vezes abuso do espaço alheio - pergunte ao Carlos, se não é verdade - mas se continuar a permitir-me, voltarei para ler, para me comover, para rir, para chorar e também para comentar, para discutir e argumentar ou até (como já fiz) para mostrar tudo isto à minha filha adolescente.
Aceite um abraço,
Cecília"

Nota: Também abusei do seu espaço, perdoe-me o mau jeito...

Patti disse...

Cecília:
Fico muito feliz pelas suas visitas, por gostar de me ler, mas principalmente pela qualidade, racionalidade e inteligência que a Cecília trás para o blogobairro sob a forma de comentários.
Disse-me ontem que era uma responsabilidade muito grande para si, começar um blog.
Pois deixe-me dizer-lhe, que tanto aqui no Ares, como no Rochedo e na Blue, a Cecília escreveu diversos posts de muita qualidade e nem se deu conta disso.
Volte sempre, as vezes que quiser e escreva as linhas sem as contar. Eu é que muitas vezes não tenho oportunidade e tempo para responder. Será sempre bem vinda.

Anónimo disse...

Como eu gostava de ter escrito este post, Patti! Percebi há uns anos que me é interdito ( por ser homem) escrever sobre o assunto. Foi em 1992, quando escrevi uma Carta à Mulher Portuguesa, num jornal de Macau e muitas mulheres interpretaram mal o que eu pretendi dizer, mas basicamente fiz um exercício semelhante ao seu.
Algumas amigas ( mas seriam mesmo?) quase deixaram de me falar. Mais tarde percebi que se tinham sentido atingidas ( na generalidade sem razão, porque as que podiam sentir-se atingidas, não ligaram nada ao assunto e até se riram...). Acusaram-me de machista, quando a única coisa que pretendi foi dizer que tinha saudades da mulher portuguesa. Que vence pelas suas qualidades profissionais, mentais e afectivas que a tornam diferente do homem não pela exploraçõa/exibição do seu corpo, ou pela utilização de linguagem e apropriação de hábitos masculinos. Querer uma mulher diferente do homem, não é subalternizá-la... pelo contrário é valorizá-la!
Tenho a ceteza que a esmagadora maioria das mulheres que a lêem a vão aplaudir, mas não tenho a certeza se o fariam se este post fosse escrito por um homem.
( Desculpe lá, mas já me estiquei demais)

Patti disse...

Carlos:
Aqui, acho que só passa e deixa comentários gente com neurónios.
Mas gostava muito que aparecesse uma lambisgóia curvilínea que só arranja emprego porque veste cintos largos e que me chamasse de púdica e adepta de cintos de castidade. Quanto ao post, assine por baixo que eu não me importo

Anónimo disse...

Patti: Quer que peça à minha prima Zélia para fazer um comentário???
Quanto à frequência do seu blog, não tenho dúvidas do que diz, como penso ter deixado ebm claro no meu comentário anterior.
Um destes dias- depois de acalmar a minha raiva- vou escrever um post sobre uma ex- secretária de Estado do governo do dr.Barroso que me está a infernizar a vida e a tentar pôr tudo num frangalho.
É um bom exemplo de mulheres que nem a si próprias se respeitam, porque só têm como ambição chegar ao Poder. Poderá ser o último post do CR, mas o país vai ficar a saber do que é capaz uma mulher quando não consegue ultrapasaar o estatuto de GAJA.

Patti disse...

Carlos:
Isso é que era doce! Ser o último post do Rochedo! Púnhamos logo todo o blogobairro num virote. Se for preciso por a mão na anca, arregaçar as mangas e subir nos tamancos, também sei. E que venha de lá a Zélia.

SC disse...

Venho aplaudir! O tema e a forma como foi escrito.
Concordo plenamente.

Rocket disse...

eu, como homem, respeito seja quem for. tanto uma mulher que opta por uma vida familiar monogâmica e que invista nisso toda a sua existência, ou uma que troque de parceiro sexual sempre que quer, da forma mais exibicionista possível.

curiosamente, é dentro do universo das primeiras que encontro gente mais mal formada, com uma noção menos saudável da sexualidade, e com um menor índice de escrúpulo moral.
falo com uma certa autoridade no assunto, vivi muitas situações com gente assim desde que me divorciei. e sei que nem sequer com a paredes partilhavam pormenores destes envolvimentos. não é propriamente a noção de privado que referes ( e que eu não tenho problema algum em prescindir a bem da verdade).

é secretismo, mesmo.

vivi muitas situações com gente assim, repito, e mais do que queria, na verdade. e isto pelo seguinte.... toda a tua indignação pelo carácter das pessoas que referes, facilmente se esbateria ao conheceres a real maldade de mulheres casadas com fachada assegurada e a manter. e muitos moralistas que por aí se lêm, mal o sabem, mas eles próprios são vítimas da mesma.

tenho um amigo que é um compositor e executante de renome internacional. no meio da sua actuação de música clássica conta pequenas histórias e a assistência ri-se das mesmas devido ao carácter imprevisto e inocente das mesmas.
não o é.
são todas cuidadosamente estudadas...
consegue-se enganar com uma facilidade extrema qualquer ser humano. sobretudo os que melhor se conhecem.

estou a falar de maldade, e não de conceitos que a seu lado nem sequer nos damos conta, como a camaradagem, libertinagem ou deboche...
não valem nada, são palavras destinadas a desaparecer e fazem-me sorrir... tendo eu visto o que vi e feito o que fiz, muitas vezes sem saber detalhes, tal era o secretismo.
agora não me apanham mais em situações dessas, afasto-me mal vejo o olhar nº5... (o beco das traseiras)

em relação ao tipo de pessoas que referes conheço algumas... não são, de todo, o meu tipo de mulher, mas...surpresa!...são, na sua maioria, excelentes seres humanos. e pelo menos não enganam ninguém. e, sobretudo, não traem...

não me leves a mal, mas não poderia deixar de dar o meu contributo para aquilo que me parece ser um bom debate.

julgo que se conhecesses em pormenor o que por aí se esconde (e esconde mesmo! seríamos um país próspero, se todos fossem tão competentes) mudavas de indignação com facilidade. e assim perceberias melhor a atitude de muitos homens.

não é as referes, que se devem temer.

fica bem, patti

Filoxera disse...

Concordo em absoluto.
O visual até pode ter ter um impacto positivo, mas o que conta não se vê. E é o que nos caracteriza, sempre.
Beijos.

sonia disse...

Patti, você é das minhas! Acredito que para as mulheres que perderam totalmente o pudor, pois se escancaram para o primeiro que aparece, vai acontecer o que já se prevê: fazer pares com os tipos que nós dispensamos e agradecemos. Ou seja, pensando bem, elas nos prestam um grande favor: acabam por tirar do mercado exatamente aquilo que para nós não serve. A isso chama-se seleção natural da espécie. Eles e elas se merecem, pois os homens chegados a essas tipas não são melhores que elas (aí se incluem os machistas, os metrosexuais, etc. etc...)

bjs

Patti disse...

Rocket:
Nem uma única vez neste post me referi a mulheres casadas, solteiras, divorciadas, com muitos parceiros ou monogâmicas.
Até aqui me assumi como feminista onde defendo o direito à liberdade sexual, como um direito básico.
Falo de uma forma geral, das mulheres actuais, de todas e sem nenhum preconceito de carácter sexual por trás.
Boas e más, melhores ou piores, bem casadas, mal casadas, divorciadas, adúlteras, puras ou promíscuas, há em todos os lados. Já vi optimas e excelentes mulheres na mais rasca das prostitutas e a pior de todas numa dama de sociedade.
Não medi ninguém por ai, neste post.
Não gosto, detesto mesmo, ver o meu próprio sexo não de valer pelo cérebro, mas por outros atributos que nem sempre tem a ver com sexo, mas também com manipulação, traição, sacanice, enfim subterfúgios pouco válidos para mim.
Não me identifico de todo. Felizmente sou livre de o dizer assim como outras serão de livres de o fazer.

Patti disse...

Ah e que venha de lá o debate, se possível sem radicalismos e fundamentalismos, tanto puritanos e moralistas como devassos e libertinos. Nem uns, nem os outros deviam ser exemplos para ninguém. Mas enfim... somos livres.

Rocket disse...

eu é que percebi mal. talvez por estar extremamente indignado pelo facto de uma amiga minha, uma pessoa com uma formação irrepreensível, ter passado o dia todo de ontem mal disposta por uma pessoa do prédio dela a andar a caluniar por "receber homens em casa".
não dá para acreditar, não é?
existem coisas que deviam ter permanecido no seu lugar: a idade média.
em relação ao facto de uma mulher se valer de outros atributos, que não as suas capacidades, estou de acordo, em pleno, contigo.

mas devo afirmar-te que o conseguem porque a maioria dos homens ainda tem um conhecimento muito incipiente de tudo.
são reflexo duma sociedade moralmente primitiva.

Patti disse...

Rocket:
Isso que se passou com a tua amiga, é o outro lado da questão. Por ter um homem (e faz ela bem) que vai a sua casa, ou até dois, ou três ou quatro, é logo vítima de gente pseudo moralista, casta e imaculada. Essas sim, são as piores de todas. Mentes pérfidas e perversas, do mais maligno que existe.
De certeza que a caluniadora foi uma mulher. Infelizmente, é um atributo inerente, a nós, sexo feminino do que ao homem.

Rocket disse...

na verdade, e o preocupante , é que foi um homem.
espero não o encontrar à frente, patti. é verdade.

aliás, e acrescentando algo mais, os homens, na sua maioria, são o mercado de tudo que referes porque são muito imaturos. são pouco inteligentes e a piada referente ao seu raciocínio na generalidade faz sentido. basta olhar para o ar idiota da maioria numa casa de strip. ou para o abarrotar duma casa de alterne.

e não são só broncos como os que incomodam as minhas amigas da blogocoisa com e-mails...
muitos são pilares...mas tu sabes disso.

muitas mulheres quando chegam a um local de trabalho procuram logo um "protector" que cai logo nessa treta das saias curtas...tantos exemplos. tantos.

também eles possuem uma atitude "stealth". tenho amigos que me arrastavam pra sítios que se dependesse de mim não existiriam como negócio e me falavam do sermão do feitor pinto do domingo anterior e da hora a que teriam que acordar para não perder o próximo... enfim.

enquanto os homens não crescerem haverá sempre mulheres assim.

por isso, os meus valores são sobretudo os humanos...

vou ficar por aqui que isto dá pano para mangas, desculpa o exagero de bites...

KING SOLOMON disse...

Li, adorei e assino em baixo.Eu costumo insurgir-me frequentemente contra a atitude da maioria das mulheres "modernas" (e homens também); fico muito contente de ver que ainda há mulheres que pensam como eu. Pensava que era demasiado antiquado e que não tinha acompanhado a "evolução" dos tempos.
A maior parte das mulheres não entendeu a tal "emancipação" de que se fala. Acham que é "abrirem-se" ao mundo que faz delas importantes. Eu acho que se atiraram à lama, literalmente.
Tenho a certeza que, um dia, quando pararem para pensar e depois de muitos "quilómetros" percorridos, verão que continuam "vazias", sozinhas e terão nojo do próprio corpo; arrepender-se-ão do que fizeram.
Quantidade não é qualidade! Há coisas que não devemos vulgarizar; o nosso corpo é uma delas.
(...)

Anónimo disse...

Simultaneamente um hino e uma provocação.

Gosto de chocolate preto, amargo.

Patti disse...

Rocket: Inteiramente de acordo. É mesmo por aí. Daí eu dizer, porque será que algumas mulheres, copiaram o quede pior os homens têm?
Fácil. Para os dominar, porque muito fácil é o que esse tipo de homem é. E quanto mais pensar que é macho garanhão, mais depressa lhe põem os estribos, a cabeçada, a sela e deixa de andar a galope para passar ao passo.

Anónimo disse...

Ola patti...
se o objectivo era originar discussão...penso que conseguiu :)
O problema são as generalizações, o rotular, o normalizar comportamentos quando, em minha opinião, o nosso tempo assiste a mudanças memoráveis. Não me parece que o comportamento das mulheres seja maioritariamente esse a que se refere. Dando ênfase a alguns ridículos, não quer certamente que encaremos com escárnio AS MULHERES...

um abraço e parabéns pelo interessante blog!

1/4 de Fada disse...

Patti, este post vem, mais uma vez, confirmar porque é que o "Ares" é um dos primeiros blogs que leio quando ligo o meu computador. Cá em casa agrada-me a mim e aos meus filhos, o que é difícil, porque somos extremamente diferentes, e há um tempo tive o prazer de o apresentar a uma das mulheres mais inteligentes que conheço, que tem 77 anos e que me disse depois que ficou tua leitora incondicional. Fez-te dos elogios mais rasgados que lhe tenho ouvido, e é uma pessoa muito exigente. Este post reflecte absolutamente o que eu penso sobre o feminismo, sobre as diferenças e os direitos entre os sexos e o que vai tantas vezes no meu pensamento alguns comportamentos que observo. Assino por baixo com número de BI, coisa que faço tão raramente que não me lembro da última vez que aconteceu.

Patti disse...

Fernanda:
Bem vinda. Esta é uma das mudanças a que assistimos. Quer gostemos ou não. Para mim não é memorável, é triste.

Outras sim são magnânimas, de louvar, grandes.
E hoje resolvi falar desta, porque sou mulher e orgulho-me de o ser, com todos os defeitos e qualidades que temos. E não gosto do que vejo.

Se vir o meu blog, aqui falo de tudo. De rir e de chorar, mas principalmente do que sinto, sem intenção de melindrar ninguém. Agora se houver quem enfie carapuças.....pois que fazer?

Não rotulei, nem generalizei e muito menos disse que esta atitude feminina é a atitude maioritária das mulheres do meu tempo.

Há quem o faça e veja tudo pela mesma bitola. Erro. As coisas não são lineares e muito menos as pessoas.

Patti disse...

Oh Fada da minha Vida:
Tu não me ponhas a fasquia tão alto, olha que eu depois caio! Isso que me contas é de uma responsabilidade muito grande! E depois quando eu escrevo só parvoeiras? Oh minha nossa Senhora!
Eu já intuía que pensavas desta forma, por outros comments em blogs que passeamos as duas.

É tão bom ser mulher, com estas diferenças todas não é? E elas não percebem nada!

E diz à tua ilustre Senhora que apareça e os gémeos também.
Bjs.

cecília disse...

Patti,

Em 1º lugar, obrigado por me deixar a porta aberta!

Depois, volto porque este é um debate muito sério, que arranca pedaços de revolta e amargura a quem já viu situações tantas vezes tão delicadas e tão sem explicação (e, no fundo, somos todos e não apenas alguns, só diferimos na atenção que lhes prestamos).

Os culpados são os homens que não crescem ou as mulheres que perderam o decoro e a decência?

Se fosse assim tão fácil...

Tenho para mim que tanto uns como outros se agarram desmedida e inconsequentemente a algo que se chama "modernidade":

É moderno mudar de parceiro como quem muda de camisa, investindo apenas no sexo e não na relação.

É moderno ter casos de uma noite só, exaltada por comprimidinhos redondinhos, que se misturam com outros azuis e alcoól q.b.

É moderno ser estudante e não abdicar de certos luxos pagos pelos serviços anunciados nas páginas do "relax"

É moderno os pais levarem os filhos pré-adolescentes a discotecas ou festas com amigos que eles nunca viram, mas que devem ser muito fixes porque têm um "perfil" porreiro.

É moderno ter um caso extra-conjugal só porque a relação entre o casal anda "stressada".

É moderno casais adolescentes terem a sua primeira relação sexual sem preservativo, porque elas já tomam a pílula e eles não querem perder a sensação. (e se não tomarem, há sempre a pílula do dia seguinte)

É moderno não ser virgem e a actividade sexual iniciar-se cada vez mais cedo, alargando a lista de parceiros para um rol de compras de fim do mês no Continente.

E por aí fora...

Mas sabem o que eu acho? Nem uns nem outros sabem usar algo tão simples como a "inteligência" para perceber o que é ser moderno e o que é ser apenas "estúpido", "leviano", "inconsequente" ou "infantil".
Acho mesmo que a modernidade tão apregoada por alguns eles e elas, como justificativo para determinadas acções, nem sequer existe, porque, quer queiram quer não, os homens que têm muitas mulheres continuam a ser garanhões, e as mulheres que têm muitos homens continuam a ter uma lanterna vermelha à sua porta.

É por isso, a meu ver, que a amiga do Rocket está a ser mal tratada e é por isso, Patti, que as nossas filhas terão que ser bem orientadas no meio desta embrulhada de conceitos...

É que no fundo, no fundo, tirando as novas tecnologias, continuamos tão tacanhos como há 50 anos atrás...

Anónimo disse...

Patti

Umas das preocupações que tenho tido com as minhas filhas, uma com 18 e outra com 13 anos, é a de as sensibilizar para o facto de serem seres humanos.

Têm a particularidade de serem mulheres. Mas este facto, atendendo à sociedade em que vivemos, onde os homens ainda dominam e são o que diz o Rocket, faz com que tentem “cobrar” às mulheres o seu ingresso num determinado meio, seja profissional ou social.

E como podes imaginar, é fácil uma jovem ser rapidamente ser direccionada para um sentido fútil da estrada, apenas pelo percurso reduzido que lhe é apresentado para atingir determinado objectivo.

Toda a formação e experiência de vida, passo-as sem pensar se o estou a fazer a raparigas.
Confronto-as com conversas e situações que muitas vezes deixam os meus pais admirados, apenas porque são raparigas!...

Procuro que saibam ter o corpo que têm, a simpatia que emanam, a sagacidade que espelham mas, principalmente, procuro que saibam usar a cabeça.

O relacionamento humano tornou-se um negócio. A procura está ainda do lado das mulheres, o que faz cm que muitas vezes paguem “preços elevados” para os objectivos que pretendem. E falando com conhecimento de causa, pois na minha profissão trabalho cm muitas empresas, garanto-te que já não é necessário aos homens pedir nada, porque a procura se encarrega de superar o preço da oferta.

Já recomendei às minhas filhas a leitura deste teu texto, mesmo antes dos comentários que já se encontram publicados. Quero agora que também leiam os comentários.

Parabéns.

Tretices para ti.

PDuarte disse...

acho que sei daquilo que falas. tens razão.mas sabes que às vezes eu penso que as pessoas escrevem ficções e não realidades. não estão a falar da verdadeira intimidade. penso eu. no fundo isto não passa dum mundo virtual.
quando um bloguer que regularmente visito aborda esse tema eu levo para o lado da brincadeira,porque também se pode brincar com o sexo.
alías eu acho que se pode brincar com tudo e bem me lixaram com isso.

Patti disse...

CNarciso:
"Acham que é "abrirem-se" ao mundo que faz delas importantes. Eu acho que se atiraram à lama, literalmente.
Tenho a certeza que, um dia, quando pararem para pensar e depois de muitos "quilómetros" percorridos, verão que continuam "vazias", sozinhas e terão nojo do próprio corpo; arrepender-se-ão do que fizeram".

O que está acima transcrito e que foi o que escreveu no meu blog, revela que não pensa da mesma maneira que eu, como afirmou no seu comentário.
Esta é a sua opinião, não é a minha. A maioria das emancipadas, como lhes chama, não são assim, nem sequer são a maioria.

Patti disse...

Cecília:
As causas dos comportamentos humanos, são várias e complexas. Neste caso, deve ser uma espécie de lei da atracção. Uns comportam-se de determinada forma, porque existem outros que dão resposta. Mas não é assim tão linear, talvez seja sim, o lado mais visível.

Tretoso:
São os miúdos os que mais me preocupam hoje em dia. E isto é só um exemplo, há tantos mais...

pD:
A net é só uma parte do que falo. A vida lá fora é que me assusta mesmo. Com o sexo também se pode e deve brincar, mas com tudo..... aí não estou de acordo contigo.

cecília disse...

É claro que sim, daí que me refira a "alguns eles e elas". Não são todos, nem só do sexo feminino ou masculino. Felizmente. E tal como a si, também são os mais novos que mais me preocupam.

LeniB disse...

Tu sabes usar as palavras como espoleta mental!!
Estive entretida a ler calmamente o teu texto e, depois, os comentários.
Pouco há a acrescentar: apenas que concordo com o teu ponto de vista e que, a mim, também me repugna ver mulheres que desconhecem valores como integridade, respeito, sobretudo por elas mesmo.
Também me cansam todos aqueles que pensam poder ler sempre nas entrelinhas...
(já fizeste a mala??!!)
bjssssssssssssssssss

Patti disse...

Lena:
Estou tão cansada hoje, que fui ao dicionário.
Espoleta:
do Fr. espolette

s. f.,
escorva das bocas de fogo;

artefacto de metal ou madeira destinado a inflamar a carga dos projécteis ocos.

Ok, também posso ser. Não me importo.
As malas, dizes tu!

Anónimo disse...

Patti excelente post.
Acho que está tudo dito nele e nos comentários.
Escusado será dizer que concordo inteiramente contigo!

Tá-se bem! disse...

E já reparaste como a imagem é cada vez mais importante no mercado de trabalho??

A Odete Santos tem bigode!? Provavelmente tem uma enorme riqueza interior.. provavelmente é um excelente ser humano.
E provavelmente teria imensa dificuldade em vingar nesta sociedade cada vez mais obcecada com o culto da imagem.

Acho que me desviei um pouco do assunto do post.. Upssss

Beijoca :)
(A Tásse está óptima e os meninos estão cada vez mais fofos :D)

1/4 de Fada disse...

Patti, no meio desta conversa sobre valores, tens um desafio sobre valores no meu blog! Acho que vais gostar, tem tudo a ver contigo...

PDuarte disse...

quis dizer tudo como tema para se escrever.
não tudo na vida.
eu por exemplo não brinco com o trabalho , nem no trabalho.
não brinco com a condução, etc...

Anónimo disse...

Último comentário meu no seu blogue.
Foi uma coisa que aprendi recentemente.- 'Nunca nos devemos justificar. Os
amigos não precisam e os inimigos não acreditam.'

Carlos Narciso

De dentro pra fora disse...

Olá
Já ontem andei por aqui...li o post e alguns comentários, mas foi tudo mt á pressa e não comentei, mas hoje fiz questão de voltar.
Devo dizer que criaste aqui um senhor debate( o que já não é propriamente uma novidade)devo dizer tambbém que falo imenso, mas tal como tu, de intimidades tenho uma ou duas pessoas no maximo que me ouvem falar sobre o assunto.
Sabes chego a pensar como alguém que comentou (penso ter sido Paulo Duarte)que á quem escreva sobre coisas que são ficção e não a sua realidade, só para ter o que escrever , eu não sou assim, mas á quem o seja.Que goste de brincar com isso.
Eu quando não tenho nada que queira partilhar, e aqui será sempre sem tentar ofender nem chocar ninguém, prefiro não escrever.
Todos temos a libberdade de expressão, cada um usa como quer.
Posso não concordar mas respeito.

Beijinhos e bom fim de semana

Justine disse...

Bravo para o teu post na sua quase totalidade, com ressalva para alguns pequenos pormenores, que gostaria de discutir noutro local e de outra forma...
E por falar em discussão, este assunto dava "pano para mangas" durante muitos meses:))
Abraço

Patti disse...

Justine:
Obrigada. Este post é uma opinião estritamente pessoal do que observo à minha volta, todos os dias.
Ainda bem que tem ressalvas e é honesta em dizê-lo aqui nesta caixa de comentários. A liberdade é para isso mesmo. Pode ser que um dia possamos "discutir" as suas ressalvas.
Gosto de um bom e saudável debate, com pessoas inteligentes e com fair play.
Volte sempre!

Essência Pura disse...

Acredito que o que realmente falta a muitas mulheres hoje em dia é se respeitarem e se valorizarem mais em todos os sentidos...
Adorei o post e toda essa discussão em torno do assunto...isso sim é um blog nota 1000

Beijos e bom final de semana

Miriam

Sorrisos em Alta disse...

Bato palmas!
E tenho pena que as acérrimas "feministas" não leiam isto.

Melhor, acho que têm a noção, porque já alguém lhes deve ter dito. Mas mantêm a delas...

Resumindo: GOSTEI do espírito, da escrita e da "alma" do post!

Um sorriso

mariam [Maria Martins] disse...

Patti! 5 *****, digo, uma infinito de estrelas! Parabéns!
revejo-me por inteiro neste "post".
como eu gostaria que a minha escrita saísse assim.. fluida e credível! mas ainda assim também coloquei um "post", que embora o tema não seja o mesmo, eles convergem... se lhe apetecer dê uma espreitadela "sobre Sexo", de 4 de Agosto.

fique bem

volto em meados de Setembro, deixei coment no seu "linho"

um sorriso :)

BlueVelvet disse...

Patti,
como estive fora durante o fim-de-semana, não tive tempo para comentários, embora tenha lido os posts dos meus blogs diários.
É claro que concordo em género e número com tudo o que escreveste.
Acrescentaria 2 ou 3 coisinhas, mas só como achegas:
1 - Mal das mulheres que escancaram o seu corpo, pensando que isso é uma forma de emancipação.
2 - Mal das mulheres que escancaram a sua alma em posts ou fotos em blogues, pensando que isso lhes tráz muitos leitores e comentários. Dá-lhes somente uma "fatia de mercado". A mesma que na vida as usa.
3- Mal das mulheres que pensam que emancipação, liberdade, igualdade e direitos às mesmas oportunidades dos homens, se conquista usando linguagem de carroceiro, que eu nem num homem admito.
Excelente post!
Beijinhos e veludinhos

Ps: e achas que foi por acaso que publiquei o meu " operária em construção"? Achei que fazia todo o sentido a seguir ao teu:))

Patti disse...

Essência:
O bom mesmo é o que você disse, a discussão em torno do assunto. Penas que as vozes discordantes não apareceram sob a forma de comentário.

Sorrisos:
Então? Nem um :) ou, um o) ou até um o):)o):)o):)?
Brincadeira minha, ainda bem que entendeste o ponto de vista.

Miriam:
Já lá fui e comentei. Falaste da idade e concordo ema bsoluto. Boas férias.

Blue:
Apesar da net, ser o meio mais fácil, porque é aquele que chega a mais gente em simultâneo, não é para mim o que me choca mais. Não gosto, não vejo.

Agora, verificar isto no dia a dia na rua, no trabalho, no restaurante, numa festa de amigos, na praia onde seja, é que me enoja mesmo e não tenho problema nenhum de o dizer. Sou completamente livre de o fazer, assim como quem não gostar, de vir aqui e de afirmar a sua posição.

f@ disse...

Patti mais uma vez ... e nunca serão mtas... este post é magnifico... e escrito assim naquele geitinho teu... directo e preciso..
... eu pouco ou nada tenho a adiantar... ler, escrever, pensar... mesmo das nuvens, sobre este tema deixa-me triste e sem palavras... mas o ser humano homem e mulher tratam-se cada vez pior a si mesmos... afrontrando e atingir sempre alguém ... mtas vezes até a natureza e os animais... tudo gira à volta das atitudes e da sensibilidade ... da falta de os homens e as mulheres se conhecerem lam a si mesmos... é degradante ... faz pena...
beijinhos das nuvens

Gasolina disse...

"Tenho dito!"

Se o tema fosse sujeito a lazer até era capaz de bater palmas mas infelizmente a devassa prevalece como tu muito bem a retratas no seu fétido.

Resta-me deixar aqui expresso porque escrito, a minha admiração por ti.

Sunshine disse...

Já tinha lido o teu post, mas este fim-de-semana foi muito atarefado e não tive tempo para comentar.
Em primeiro lugar, parabéns pelo debate que aqui fomentaste.
Não há nada que possa acrescentar ao que já foi escrito, mas gostaria de salientar que infelizmente a falta de dignidade e de respeito é visível em pessoas de ambos os sexos.
Beijinhos com raios de Sol

Cerejinha disse...

O mal de muitas dessas mulheres (e homens também) que sobem na horizontal é que se esquecem que de uma cama também se cai!!!