Surgi da cultura intensiva do pântano, onde me alagaram, inteiro, a existência. Ensoparam-me a vida, a alma e o corpo, com prantos de água que em constantes movimentos circula em mim.
Não quero mais ser grão que alimenta o mundo. Esgotei a minha antiguidade em sucessivas inundações, transplantes, colheitas, ceifas, medas e debulhas.
Fujo agora dos braços do homem, que me labora o corpo frágil sem descanso. Me colhe, trata e coloca na boca. Arroz-branco, arroz-doce, arroz-salteado, arroz-inchado.
Corro pelos campos amadurecidos, numa inquietação de me ausentar. Salvar a vida, salvar a crosta, salvar a pele.
Cansa-me a água.
7 comentários:
Ufa...Forte.
Pó de arroz
Do teu arrozal
Esse pó que é fatal
És a tal que me encanta com
Pó de Arroz
Não faz nenhum mal
É de arroz integral
Infernal, quando chegas com
Todo o teu arroz
:)
Bel0...
beijinhos
Pense, meu delicado grão, no quanto o homem lhe deve por ser tudo isso, no quanto você é importante na história e na cultura de tantos povos... Sinta-se amado, insubstituivel grão...
Beijos, Patti
Nós por aqui ainda vá lá, mas os orientais não devem estar nada de acordo com esta sublevação:))))
Delicioso!
E arroz do céu...a lembrar-nos José Rodrigues Miguéis... :-))
Abraço
Estou quase a terminar o "teu" livro! :-))
São contos fabulosos, incluindo o teu...
Ramos de arroz...
palmitos atados com fitas
c a i um grão de tempos a tempos na mesa ou no fundo da jarra...
grãos integr a i s
debulhados...
adoro arroz...
arroz de cenoura parece ter sol dilu í d o na goma da água...
...
sol no arroz
e beijinhossssssssssssssssssss
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