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terça-feira, 9 de junho de 2009

coisas de miúdos


Pisos anti-choque com sistema de amortecimento de quedas, materiais sintéticos, vedações, capacetes ergonómicos, cotoveleiras, joelheiras, caneleiras. Não existem joelhos arranhados e pinturas tribais desenhadas a mercurocromo, já ninguém parte a cabeça, esfola o queixo, raspa os cotovelos, exibe lindas e coloridas nódoas negras ou tem galos na testa. Raramente se vêem pensos rápidos, ou se ouvem gabarolices de pontos cosidos a frio.
Uma monotonia.
Agora já não há baloiços de madeira pendurados em elos de metal ferrugento, rangendo de sofrimento num ritmo exacto, que nos conduziam direitos ao céu e nos devolviam de regresso à terra. Deixavam-nos as palmas das mãos cor-de-laranja de ferrugem e cheias de calos orgulhosos.
Baloiçávamo-nos num tal para cima e para baixo, em velocidades galopantes que exigiam gritos estridentes de prazer, onde era tão fácil imaginar que seria mesmo possível voar. Bastava soltar as mãos das correias, lançarmo-nos para a frente, acreditar, conceber e sobretudo sonhar.
Não voaram tantas vezes assim?
Que pena aos nossos filhos já não nascerem asas.