Pisos anti-choque com sistema de amortecimento de quedas, materiais sintéticos, vedações, capacetes ergonómicos, cotoveleiras, joelheiras, caneleiras. Não existem joelhos arranhados e pinturas tribais desenhadas a mercurocromo, já ninguém parte a cabeça, esfola o queixo, raspa os cotovelos, exibe lindas e coloridas nódoas negras ou tem galos na testa. Raramente se vêem pensos rápidos, ou se ouvem gabarolices de pontos cosidos a frio.
Uma monotonia.
Agora já não há baloiços de madeira pendurados em elos de metal ferrugento, rangendo de sofrimento num ritmo exacto, que nos conduziam direitos ao céu e nos devolviam de regresso à terra. Deixavam-nos as palmas das mãos cor-de-laranja de ferrugem e cheias de calos orgulhosos.
Baloiçávamo-nos num tal para cima e para baixo, em velocidades galopantes que exigiam gritos estridentes de prazer, onde era tão fácil imaginar que seria mesmo possível voar. Bastava soltar as mãos das correias, lançarmo-nos para a frente, acreditar, conceber e sobretudo sonhar.
Não voaram tantas vezes assim?
Que pena aos nossos filhos já não nascerem asas.
Uma monotonia.
Agora já não há baloiços de madeira pendurados em elos de metal ferrugento, rangendo de sofrimento num ritmo exacto, que nos conduziam direitos ao céu e nos devolviam de regresso à terra. Deixavam-nos as palmas das mãos cor-de-laranja de ferrugem e cheias de calos orgulhosos.
Baloiçávamo-nos num tal para cima e para baixo, em velocidades galopantes que exigiam gritos estridentes de prazer, onde era tão fácil imaginar que seria mesmo possível voar. Bastava soltar as mãos das correias, lançarmo-nos para a frente, acreditar, conceber e sobretudo sonhar.
Não voaram tantas vezes assim?
Que pena aos nossos filhos já não nascerem asas.