Eu gosto dos poetas desgraçados. Infelizes, doentes, mórbidos e suicidas.
Almas negras, sonhadoras e tristes. Errantes e perdidas. Corvos pretos e queixume de mochos. Os românticos. De destinos solitários, sofredores e nocturnos.
Eu que sou viva e perceptível. Que evoluo no sentido do bom. Que nunca sofro com o que não é para sofrer. Não alimento quimeras. Nem venenos. Que não padeço de amores infelizes e tristes lamentos. Que tenho a cabeça no sonho. Mas os pés no chão. Eu que sinto tão poucos tormentos e frustrações
Devoro-os. Os poetas condenados. Compulsivamente. Em constante espanto e incrédula. Quem é que sabe sentir assim? Como eles!
Ninguém diz Adeus como o meu Garrett.
Sei o que me atrai nos poetas feridos e decepcionados.
É a alma que desfrutam. Eu não quero ter alma. É a introspecção e a irregularidade do seu espírito. Que também possuo. O horror pela morte e ao mesmo tempo a sua poderosa presença. Que eu odeio. O elogio da Noite. Que eu desprezo. O ver, para lá do que não é visível. Que eu também tento distinguir. O sucesso pleno, de quem galga da ideia para a folha de papel. Na minha pena, às vezes falha a tinta.
A palavra certa que mete conversa com eles. E que comigo nem sempre fala. O propósito conseguido de entender o que imploram as letras. Que também eu quero atingir. Mas eu não consigo. Assim como eles.
Não consigo!
20 comentários:
Há festa lá no meu cantinho, gostaria de contar com a tua presença.
Beijinhos
Dizem que os opostos se atraem...
Será assim, preto no branco? Ou será branco no preto?!...
Olá!!!
Desculpa, mas ainda não tinha tido tempo para retribuir a tua simpática visita!
Se não te importares, este fds adiciono os teus blogs à minha lista de links...
Bjoca
E bom fds!
olha nem eu ;)
desgraças não gosto nem em poesia !
dia bom para ti dorminhoca
Garrett...aquele malandro...escrevia bem como o caraças...sofria de amores que nem um desgraçado...coitado...todo ele era sentidos, emoções...
já agora...que raio de tinta é que usas nas penas?
inspira e inspira-te mulhéri...que eu gosto de te ler!
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração."
Fernando Pessoa
Patti, podes não ter inspiração para a poesia que gostas de ler, mas tens, com toda a certeza, inspiração para todos os dias escreveres linhas interessantes para quem lê! E eu leio-te, todos os dias com interesse. Nem todos podemos ter inspiração para o mesmo tipo de escrita, certo?
Continua na tua!
Bjs
Vera
Desculpa lá Patti, mas estas palavras são poesia... e da que eu gosto :)))
Beijo para ti que és poeta, também.
Poesia é sempre bonita principalmente quando escrevemos com alma!
Está linda!
Um bater de asas
Pois...é o que os distingue não é?
Conseguem passar através das palavras o que lhes vai na alma. Por isso me socorro deles quando me faltam as palavras :)
Beijos
ps - Mas olha que concordo com a Olá!! :P
Não sou um leitor assíduo desse tipo de literaturas mas que mexem cá com a nossa mioleira, lá isso mexem.
Não deixo beijo por causa da virose.
O teu texto é, mais uma vez, um encanto. Não passa o sentimento dos poetas româmticos e ainda bem, mas olha que tens o dom da escrita, não me parece que a tinta seque assim tantas vezes na tua pena!
Assim como eles, você não consegue...mas acredite que transforma o dia de uma pessoa, só por ler o belo texto que aqui deixou! Obrigada!
Não gosto de poesia e quem diria! Afinal já fiz muita.
bjs
A tua pena tb desliza mto bem e é mto criativa ,...com tinta mto colorida de sensibilidade, mas cada pessoa tenm a sua forma de dizer as coisas...
beijinhos das nuvens
eu cá é mais régio....cântico negro...não sei se sofria, mas quem assim escreve faz sofrer...
incrivel!
Eu não diria melhor. Revejo-me inteiramente nesta escrita. A escrita da Patti. E não é a primeira vez. Aqui no meu canto silencioso, tenho espreitado, timidamente, esta janelita de desabafos. Tal qual os meus. Que sinto, mas não escrevo. Qual alma gémea...Assim, fica mais facil. É só ler e está lá tudo!
Força Patti, alimenta-te dos poetas tristes e depois mistura tudo com a tua vivacidade e transforma na tua escrita, tão pessoal e bela e que tanto tem a ver com tantos de nós!
«Eu gosto dos poetas desgraçados. Infelizes, doentes, mórbidos e suicidas.»
Há outros?
A angústia de todos os que criam é esta e é permanente: que um dia falte a inspiração.
Mas para quem tem tem o dom, ela volta sempre.
Como se vê.
Beijinhos e bom feriadão
Patti
vc aqui foi "pura poesia"...bom lê-la!
um sorriso :)
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