segunda-feira, 26 de maio de 2008

no me olvidaré de ti


Já viveram aquela experiência de quase pânico, desespero, susto de morte e completa incapacidade para resolver uma situação que só nos provoca angústia e que nos tira de repente qualquer hipótese de conseguir pensar racionalmente e agir?

Andorra. No meio da pista vermelha e durante uma tempestade de neve repentina. A força do vento era tanta que fiquei literalmente pregada ao chão. O nevar era tão forte e alto que não se via quase nada, só o colorido dos fatos dos que ainda conseguiam deslizar, para se abrigarem no final da pista. Fiquei agarrada com a força toda que tinha, ao poste das cadeiras eléctricas, esperando por acalmia.

Impossível ficar em pé naquela altura. Como é que eu saio daqui? E isto vai demorar? E se piora? De repente. No meio daquele caos da natureza. Cariño! Tranquila. Como estás? Necesitas ayuda? Pon las manos en mis espaldas que te cojo en un minuto.

Quem era aquela voz do firmamento, que ao invés de se escapar para o fim da pista, parou ali, nem sei como, só para me ajudar. Os meus skis encaixaram nos dele e ainda hoje estou para saber como não caímos e conseguimos chegar ao fim da pista, sãos e salvos. Eu ainda estava a respirar fundo e ia agradecer, mas já aquele fato branco e preto partia a toda a velocidade, confundindo-se com a neve e com as árvores que crescem nas lindas pistas de Andorra, como se aquele violento temporal não passasse de uma leve brisa de Verão.

Adiós chica! Hasta ahora. Cuidate!

Já me tinham falado no espírito altruísta de entreajuda que existe na montanha.

És verdad!

Provei-o.

16 comentários:

Justino Pénacova aka Menino Bonito disse...

Creio que dadas as circunstâncias que envolvem certos desportos, desenvolvem-se valências que tratam por tu, determinados espíritos, tais como: o de entreajuda & o de sacrifício… tão importantes, quando nos colocamos perante o juízo de valor da Mãe Natureza.

Logo, não é de estranhar… diria e tal como tu aqui fizeste, de louvar e para nunca mais esquecer.

E com este “louvar”, aprender… para que um dia, possamos ser capazes de fazer o mesmo :o).

LeniB disse...

Só isso? Mais nada? Não houve tempo para uma troca de emails, telemóvel ou outra coisa qualquer?
LOL
São muito simpáticos e atenciosos esses nuestros hermanos...muito mesmo!!! Tiveste foi muita sorte!
boa semana

Olá!! disse...

O anjo da neve :)))
Já passei um momento de pânico sim, num avião da IBERIA que em plena tempestade perdeu o trem de aterragem. Ficamos entregues nas mãos de uma excelente equipa de pilotagem e após uma hora extra de vôo a ouvir berros, choros e rezas onde me remeti ao silêncio e esperei com as unhas cravadas nos braços dos meus companheiros de viagem. Aterramos em Alicante, à 3ª tentativa, no meio de ambulâncias e carros de bombeiros. Foi um episódio com final feliz,com poucas mazelas físicas e algumas psicológicas...
Boa semana
***

Anónimo disse...

Soubeste do caso do alpinista Iñaki Ochoa? Todos os companheiros quiseram ajudar tentando durante cinco días evitar a morte deste alpinista navarro.Foi a semana passada e nao aguentou, mas esteve sempre acompanhado inclusivamente por alpinistas suiços que estavam por essa zona.

Ka disse...

Experiência fantástica (não a parte do susto obviamente). De facto ainda há almas que ns surpreendem pela positiva não é?

Beijos e boa semana

Rocket disse...

tiveste sorte em tirar férias na mesma altura do batman...eh eh

Patti disse...

Menino bonito:
Aprender para fazer igual

Cláudia:
Não, não conhecia esse caso. Mas não me surpreende nada que tenham ficado com ele até ao fim. Ali ninguém aguenta sozinho, só em equipa.

Patti disse...

Olá:
O teu caso é bem pior que o meu. Nem quero imaginar.

Gi disse...

É por isso que esqui comigo ... nunca ... nem neve, aliás :)

Coragem disse...

Patti foi um anjo, espanhol sim mas um anjo.
:))))

Pergunto como a lenib nem troca de mail, nem telemovel?

oh que pena eheheheh

beijinho

paulofski disse...

Socorrida por um são bernardo castellano, sim senhor!
Olha lá, e se fosse o lusitano homem abominável das neves, como seria?

:)

BlueVelvet disse...

O desporto, ele próprio tende a fazer vir ao de cima o que de melhor temos em nós.
E alguns, pela sua perigosidade exigem uma solidariedade e comportamentos que são verdadeiros códigos de conduta.
Uma vez, ia no meu barco em alto mar, e encontramos um windsurfer inexperiente que tinha perdido a vela, estava à deriva e já meio congeladito.
Pescámo-lo e também acho que não "nos olvidará".
beijinhos e boa semana

Gasolina disse...

Também eu não te esqueci.
Passa pela Árvore, está lá um gesto meu para ti.

Um beijo grande

Pitanga Doce disse...

Mas aonde é que andaste enquanto eu não vim aqui??? Vais a um espetáculo de equitação e levas um susto com a tua Beatriz. Vais esquiar e ficas paralisada de medo?? Olha, faz como eu. Vai ao cinema. hehehehehe

beijos

Fiona disse...

Só de olhar essa foto da neve eu fico zonza. Sonho em conhecer a neve. Será que eu, apesar de todo o desejo, passaria por tamanha sensação de panico? Mas é como vc disse, tem que encarar a geleira em equipe.

E, opssssssss! Nem pegastes o telefone, nome, nem nada do seu salvador? rs

@ღღ@ disse...

tambem ja salvamos alguns
mas não na neve
porque detesto neves
so gosto da vista
mas fazendo vela sim

uma vez uns sem gazolina,
outra un jetsky
que esbarrou com outro
e se pirou deixando a miuda com uma perna partida, etc

quem veleja tem muitas vezes de ajudar e faz parte do codigo da coisa ;)