Depois de muitos anos sem ver o meu melhor amigo, marcámos encontro na nossa esplanada de sempre. Tinha ficado pelo Texas depois da especialização equina e que ia casar brevemente. Veio a Lisboa, para nos convidar a todos.
Casar? Tu? O duro dos duros, quem diria.
O mundo dá mesmo muitas voltas. Tive logo de saber quem tinha sido a mulher valente, que lhe tinha conquistado a alma. Descreveu-ma com a perfeição de um homem apaixonado e com o coração do poeta, que sempre lhe conheci.
E com a minha fantasia disparada como uma lança, deixo-vos aqui a história feliz que para eles anseio, em terras americanas.
Em toda aquela inóspita região do Colorado, só havia uma mulher vaqueira: Amanda Lee.
Cobiçada pelos companheiros, na primeira entrevista de trabalho com o futuro patrão, bebiam-lhe a cor pastosa, que lhe forrava os lábios generosos e quentes e com olhos inflamados de apetite proibido, passavam-lhe mãos invisíveis pelos cabelos castanhos.
Amanda Lee, do alto da sua importância de fêmea provocante, mas de um homem só, não lhes dava qualquer valor e com os dedos ágeis de tanto driblar rédeas, deslizou-os pelas ancas, que convidavam homens de coração ferido a perderem-se nas suas curvas e ordenou ao vestido aromático que descesse imediatamente até ao joelho e fosse ter com as botas de cano alto e tacão grosso, pintado do encarnado da terra seca.
O vestido, adaptado ao seu corpo como uma segunda pele, obedeceu-lhe. Enroscou-se a ela no decote sem pudor, riu-se no fim das costas escorregadias do calor, desenhando-lhe uma prega funda e com má vontade, lá lhe cobriu os joelhos, saboreados por dez pares de olhos húmidos de malícia.
De voz poderosa e de um alcance como nenhuma outra, não havia gado que se tresmalhasse muito tempo e patrão que não a desejasse ter ao seu serviço.
Mas era junto de Miguel, o português e das filhas, que a voz de Amanda Lee tinha o verdadeiro valor.
Nas gargalhadas temperadas, durante refeições gordas de guisado de alce, borrifadas a bourbon, chocolate quente e café negro, nas ancestrais cantigas que embalavam crianças doces e morenas na hora de dormir e lhes afastava os medos de ursos pardos, no som rouco e nos uivos de alcateia, que transpiravam pelas paredes fortes de madeira dura do quarto de casal, em noites enérgicas de lua cheia.
Será que ela é assim?
Não importa, o que me interessa a mim e a vocês, é que estão muito apaixonados.
Casar? Tu? O duro dos duros, quem diria.
O mundo dá mesmo muitas voltas. Tive logo de saber quem tinha sido a mulher valente, que lhe tinha conquistado a alma. Descreveu-ma com a perfeição de um homem apaixonado e com o coração do poeta, que sempre lhe conheci.
E com a minha fantasia disparada como uma lança, deixo-vos aqui a história feliz que para eles anseio, em terras americanas.
Em toda aquela inóspita região do Colorado, só havia uma mulher vaqueira: Amanda Lee.
Cobiçada pelos companheiros, na primeira entrevista de trabalho com o futuro patrão, bebiam-lhe a cor pastosa, que lhe forrava os lábios generosos e quentes e com olhos inflamados de apetite proibido, passavam-lhe mãos invisíveis pelos cabelos castanhos.
Amanda Lee, do alto da sua importância de fêmea provocante, mas de um homem só, não lhes dava qualquer valor e com os dedos ágeis de tanto driblar rédeas, deslizou-os pelas ancas, que convidavam homens de coração ferido a perderem-se nas suas curvas e ordenou ao vestido aromático que descesse imediatamente até ao joelho e fosse ter com as botas de cano alto e tacão grosso, pintado do encarnado da terra seca.
O vestido, adaptado ao seu corpo como uma segunda pele, obedeceu-lhe. Enroscou-se a ela no decote sem pudor, riu-se no fim das costas escorregadias do calor, desenhando-lhe uma prega funda e com má vontade, lá lhe cobriu os joelhos, saboreados por dez pares de olhos húmidos de malícia.
De voz poderosa e de um alcance como nenhuma outra, não havia gado que se tresmalhasse muito tempo e patrão que não a desejasse ter ao seu serviço.
Mas era junto de Miguel, o português e das filhas, que a voz de Amanda Lee tinha o verdadeiro valor.
Nas gargalhadas temperadas, durante refeições gordas de guisado de alce, borrifadas a bourbon, chocolate quente e café negro, nas ancestrais cantigas que embalavam crianças doces e morenas na hora de dormir e lhes afastava os medos de ursos pardos, no som rouco e nos uivos de alcateia, que transpiravam pelas paredes fortes de madeira dura do quarto de casal, em noites enérgicas de lua cheia.
Será que ela é assim?
Não importa, o que me interessa a mim e a vocês, é que estão muito apaixonados.
adenda: história ficcionada
26 comentários:
Por momentos julguei que te tinhas enganado a escrever, é que eu li o título do post como "amanda-lhe" e logo disse com os meus botões: o que virá daqui agora?
Afinal era uma história para me dizer que estou apaixonado... Claro que estou! Sempre estive! Pela vida!
Esperemos qu ela não tenha aquela "high-pitched voice", como a minha cunhada americana.
Que a vida do teu amigo não vire um "Dallas".
Vai haver um casamento no Texas? Quem me dera a mim pisar essas terras americanas avermelhadas e queimadas pelo sol, onde o vento transporta areia pelos ares e os catos são as flores da paisagem e os bovinos dominam(pelo menos nas zonas rurais que são as que nos marcam a imaginação).
Porque também é no Texas que eles comem os hamburgueres de McDonalds maiores(segundo um estudo que vi), onde o tamanho XL é o normal.
E pelos vistos, também é no Texas que homens portugueses não resistem aos encantos femininos e se tornam doces e meigos deixando para trás a faceta dura e de solteirões.
A America tem cada encanto...
Muitas felicidades para eles. Já que se esta longe, que se tenha o amor perfeito.
Diana:
Bem vinda, finalmente aos comentários do Ares. Continua sempre por aqui.
Vizinhança:
Esta é uma história de ficção, seja lá quem o Miguel for. Não repararam na Tag?
Mas que sejam muito felizes.
Esta "estória" fez-me cantarolar a "Ana lee" dos GNR!
Boa!
Senhora presidente, convido-a, e à restante vizinhança,a ir a Porto de Mós falar comigo, hoje, sobre bullying.
bjs
nem sempre decotes e saias são a representação de uma pessoa.
Ahahaha
Eu já ia toda lançadita a desejar felicidades mas li o teu comentário :P
De facto quem está apaixonado vê o "objecto" do seu amor como mais ninguém não é?
Beijoss
Depois de enterrado o 'machado de guerra' e fumado o 'cachimbo da paz' entre as nações visigodas e mouramas, deixo aqui um comentário sobre o texto de hoje:
Fascinante, a capacidade de tornar vidas comuns em contos fantásticos e esses contos em filmes de imagens fortes, onde cada palavra está exactamente no sítio que deveria. Sem tirar nem pôr.
Se bem que eu já ouvi falar de uma tal amanda lee... sei lá aonde... se ela existe ou nao, será ela tao bonita como esta que vc pintou?
sexy! mas fica ainda mais bonita pertinho do Miguel, né? é o amor embeleza a gente mesmo
Bjs patti!!!!
aaahh, adorei a foto que vc fez do céu, no presente ai embaixo :)
Imagino o que será esta "honeymoon". Um rodeio sem fim no quarto do casal. Brincadeirinhas de quem laça quem.
Quem uiva como lobo e quem é a Chapeuzinho Vermelho...ó isto já é outra história.
Ah, gostei do Amanda Lee. Ela também era inóspita? hehehehe
Pitanga:
Claro que não, isso era o clima. Ela era ardente como os povos quentes. Os mouros, por exemplo!
Querida Patti, ora aqui está como leva a sério o papel de narradora! para não estar com rodeios mete-Se por... rodeos!
Já conhecia o ambiente interagindo com os estados de alma das personagens, de «O Mistério de Oberwald». Faltava um texto como este para encontrar a comunicação da animação humana às farpelas.
Beijinho
Lá vens tu de novo. Olha que a Ka vem já aí!hehe
PCP:
Só que nesta história, espero que não haja assassinos.
Que lindo! De repente veio à memória os bons momentos que passei no Rancho Wrangler com a louraça Pamela Levis e a morenaça Mónica Jeens
Ai…. Pronto confesso, é ficção (xiça, era escusado beliscar…)
Paulofski:
Que foi? Apareceu-te aí do Johnny Lois?
Foi, uma ganga nacional!
Nao deixa de ser uma boa historia de amor, pode ser que haja uma Amanda Lee e um Miguel algures no Texas ou noutro estado qualquer a viver uma historia assim.
Patti, o segredo desta tua maneira de contar histórias só tu o conheces, mas comecei a ler e por algum tempo acreditei mesmo que fosse verdade... até ler a adenda cá em baixo.
As histórias que contas...são histórias que me contas...mas lá está ...tens aí o dom...O verdadeiro dom...
Patti,
Que bom voltar a ler e a adorar perder-me nestes textos, parabéns, não é fácil perder-mo-nos assim...
ficcionada ou não, gostei muito desta estória d'amor.
e, é mesmo por aí, estás a ficar "pró" (como dizem nossos filhotes) nas deliciosas personificações...
hoje, só li "Amanda Lee" no fim-de-semana lerei os infra todinhos...
bom resto de semana
um sorriso :)
mariam
Hehe, neste bairro uns casam outros descasam ou nem casam.
Mas lá que andamos sintonizadas, isso andamos.
A tua descrição da Amanda Lee é brilhante.
Quando se gosta vai-se até ao fim do mundo, quanto mais para os States.
Até eu ia:)
Um dia ainda leio um livro teu, espero ser convidada para a sessão de autografos!
Vou para lá com um cartaz a dizer:
Viva a PATTI!
:)
Beijão no coração, pq quem escreve assim tem-no grandeeeeee com certeza....
:)))
Tristan:
Bem vindo ao Ares.
Linda ahistória, bem ao estilo que nos habituou, mas ao contrário do Pedro, a canção que me veio à memória foi.
"Há sempre alguém que nos diz/ Tem cuidado..."
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