terça-feira, 15 de abril de 2008

nunca vos aconteceu?


E depois há aqueles ‘segredos’ guardados sobre uma personalidade exemplar, um livro premiado, um cantor ímpar, um local paradisíaco, uma ópera apaixonante, um compositor notável, um político nobilíssimo, um actor único, um pintor incomparável, uma obra de arte sem preço, um vinho exótico, um monumento secular, um músico brilhante ou uma música intemporal mas que, infelizmente, detestamos, desconsideramos e até odiamos. Evitamos falar sobre ‘isso’, porque são tão grandiosamente conceituados / qualificados / homenageados / premiados, que até receamos os olhares de desprezo, as palavras de insulto e os atestados de ignorância que nos vão atribuir.

Paciência. Não podemos gostar todos do mesmo.


Eu D-E-T-E-S-T-E-I o ‘Cem Anos de Solidão' Do Gabriel García Marquez (ela vai-me matar).

Pronto, já disse. Temos pena!


Como é que um homem que escreve uma obra magnífica como a ‘Crónica de Uma Morte Anunciada”, um dos meus livros do Top 5, foi capaz de uns aninhos antes idealizar aquela ‘ganda’ chatice? Mas isto é uma seca, será que me enganei no livro e isto é um plágio? Não, não, está certo: Gabriel García Marquez, o senhor colombiano do Nobel.

Se calhar a culpa é minha, ainda não estou preparada para esta leitura, não percebo o que está por detrás da história, não estou a prestar a devida atenção, tenho o outro livro dele na cabeça e não consigo desligar-me, criei demasiadas expectativas e agora desiludi-me, sou burra, ignorante, uma mulher insensível, desprezível e arrogante, tenho a mania que como leio cinco livros ao mesmo tempo, sem me baralhar, estou agora armada em chica-esperta.Eu, que já devorei livros bem 'pesados'! Teimosa, li até ao fim.


Juro que tentei de tudo para gostar, fiz exames de consciência, tomei notas num bloco, li a obra ao contrário e até dei o meu nome para as Carmelitas Descalças e para a Legião Francesa, para me castigar. Penitências dolorosas.

Lamento, não adiantou. Cheguei ao fim do livro agoniada, enjoada e com mau hálito. Horrível, aquilo.

Quem nunca passou pelo mesmo que atire a primeira pedra.

P.S. Prometo que o vou voltar a ler lá para os 65 anos.

17 comentários:

BlueVelvet disse...

:))))))))))))
Fantástico.
Fartei-me de rir.
Não pelo livro que li e não desgostei mas como descreves esta história de não gostarmos daquilo que somos supostos, devíamos, temos que...gostar.
Também tenho uma listinha, a começar em Saramago e acabar na Paula Rego.
Acreditas que tinha 6 quadros dela na sala e tinha que me sentar sempre do lado oposto só para não ver?
Foram-se felizmente.
Beijinhos e veludinhos

Gi disse...

Eu falei o mesmo em relação ao RIO DAS FLORES do MST.
As pessoas antes de ser isto ou aquilo são como os outros, não é?

Pitucha disse...

Deixa. Eu nunca consegui acabar "A ciadde e as Serras". E o Eça é o Eça. Ficam todos a olhar para mim de lado...
Beijos

Ka disse...

Então não acontece???
Principalmente se devido ao qe nos já foi falado, as expectativas forem grandes!!!

Pegando no que a Blue disse Paula Rego por exemplo não me agrada nada...não gosto, pronto! E no entanto é considerada uma das melhores pintoras portuguesas...

Beijo e um excelente dia

Olá!! disse...

O mais surpreendente é como podemos gostar de um livro do GGM e de outro não... quem sabe a culpa não é dele...estava inspirado para um e não para o outro ;))))
Patti, venha a velha máxima "que seria do amarelo se todos gostassem de azul"... ainda bem que os há, os que gostamos menos, os que não gostamos, os que odiamos e, acima de tudo, os que amamos.
Arruma na prateleira, quem sabe um dia....
Beijossssssss

maria inês disse...

é o mesmo que os filmes, porque A B ou C gostaram temos que ir ver e gostar!

(está visto que hoje é dia de nos matarem)

LeniB disse...

LOL!!!
Adorei o teu texto.
Não temos forçosamente de gostar de tudo, nem de tudo o que os outros gostam.
Simplesmente estudei os "100 anos de solidão" com um "mestre" e entendi a obra para além da saga da família Buendía, lendo e estudando ao mesmo tempo outras "secas" como "À Procura do tempo perdido" e "D. Quixote".
E já agora, nunca devemos ter receio de dizer que não gostamos.
Eu não gosto de Saramago. O que li dele foi por obrigação, por questões profissionais.
Ainda em relação ao GGM, quando tivermos 65 anos, talvez eu te conte o que não está escrito no livro!!!
Bjsssss

Patti disse...

Ai menina, ainda bem que não me deixas de falar!

E aqueles Josés Arcádios todos?

E os Aurelianos? Aos bués!

Até uma árvores genealógica eu fiz. Mas não resultou!

Pareciam coelhos, mais que as mães!

Coragem disse...

Não li os nenhum dos livros do autor em causa, mas vou falar do texto e tema que está fantástico.
Falamos de gostar ou odiar o que aos olhos de outros são obras primas, pois quanto a mim, nem esforços faço, talvez a curiosidade da fama me leve a tentar ler ou ouvir uma musica em voga, não gostei, assunto encerrado.
Somos seres individuais, cada qual com o seu gosto, ou se interioriza e desliza ou nada feito...
Já lá vai o tempo das modas da juventude, se o lider gostava, partia tudo em fila indiana, nem nesse tempo (talvez, porque eu era o lider :))))

Pitanga Doce disse...

Ó carago que sempre quis escrever um texto assim! Também ando cheia de nos enfiarem garganta abaixo autores, cantores e outros "ores",cientistas, pianistas e outros "istas" que, a mim, não dizem nada. E temos que fazer cara de paisagem para não parecermos pouco cultas ou não apreciadoras da boa arte? Não senhora! Olha, quando estive fora, apareceu aqui uma cantora que agora canta em todo o lado. Ela tem aspecto de porca, tem piercing em todo o lado do corpo e DESAFINA QUE SE FARTA! E é chamada para eventos, finalistas de Miss e outros afins.
Quando não gosto, pronto! Não gosto. E tenho dito! hehehe

beijinhos, Patti

Patti disse...

Pitanga:

Que gargalhada....aspecto de porca e canta nas Misses!!!!!!

Anónimo disse...

Desta vez não concordo consigo. Embora não o considere o melhor livro de Garcia Marquez, nem veja no colombiano o melhor escritor latino-americano, recomendo-lhe a leitura do seu livro de memórias ( publicado antes de "Histórias de mi putas tristes").
Eu sei que quando se fala da América Latina, as minhas opiniões devem ser sempre vistas "com reserva", mas mesmo assim arrisco a recomendação.

Patti disse...

Carlos:
Já está na lista para comprar!

Cerejinha disse...

Bem... GGM tem uma pequena parte da prateleira lá de casa. Uns lidos, outros não. Adorei "Cem Anos de Solidão" e está-me a custar terminar (não lhe olhem ao tamanho...) "Crónica de uma Morte Anunciada" . Lá pelo meio devorei "Memória das Minhas Putas Tristes" e deixei a meio "Viver para contá-la". Este último pelo facto de ainda não ter lido o suficiente de GGM. Na dita estante estão mais alguns, por ler (adquiridos com os vales da Bertrand :-P).

Os meus "pecados" nestas e noutras artes, confesso-os sem pudor e quem quiser que me atire uma ou mais pedras:
- Nunca li nada do nosso Nobel Saramago
- Não consigo gostar da afamada, conceitoada, leiloada e sei lá que mais, Paula Rego.
Daqui a uns anos, talvez :-D

Patti disse...

Cerejinha:

Realmente somos mesmo todos diferentes.
Quando dizes que te está a custar a terminar o 'Crónica de Uma Morte Anunciada', não posso deixar de achar piada; é que eu devorei-o literalmente e só queria ser um personagem daquela história para avisar o Santiago da emboscada.

Gostos, realmente não se discutem. Mesmo. E viva a diferença.

james stuart disse...

Compreendo perfeitamente a Patti.
Jose Saramago escreveu brilhantemente "Memorial do Convento", "O ano da Morte de Ricardo Reis", "História do cerco a Lisboa" e alguns outros, todavia já me arrependi de ter comprado outros tais como "A jangada de Pedra" e sobretudo aquela grande ofensa (sim, senti-me ofendido) que é uma porcaria de um livreco sobre as memórias de infância do escritor.

Su. disse...

AAhhhhh graças aos deuses que encontro alguém que não gostou do raio do livro! Me desculpem, mas eu nem cheguei ao fim, lá pró meio parei e pensei cá com os meus botões, este gajo ta a gozar com a minha cara pá!
:)
Folgo mto, "saber-te" de bom gosto!

KissKiss