do alto do pináculo

Também conhecem aquela peste dos tempos da escola, burra que nem uma porta, a que tinha a mania que era boa, a que gozava com os mais fracos, vítimas escolhidas com um rigor cirúrgico, que eram quase sempre a gorda, ou a tímida, ou a boa aluna, ou a feia, ou a caixa de óculos?

Lembram-se dela? Essa mesma.

Pena que comigo nunca se meteu.

Trago novidades, encontrei-a noutro dia, mudou muito.

Felizmente, para pior.

Estava por ali, perto do centro comercial, cheia de sacos, encostada na paragem, à espera que a camioneta a levasse naquele fim de dia macilento, de volta, e pela cara que punha, para a vidinha triste que deve ter.

Nunca lhe previ grande futuro, principalmente, depois se ter acobardado quando eu, que não era fraca nem oprimida, mas antes a que tinha pelo na venta, lhe preguei um estalo na cara bexigosa, quando vi que estava de novo a enxovalhar as roupas da pirosa da turma, perante um grupinho de ursas babadas.

Ficou-se, a mariquinhas! Não fez mais do que dar meia volta e ir fazer queixinhas à freira, à Sister Joan.

E eu ralada.

Gostei de a rever.

As peneiras perdidas bem no fundo dos sacos que acartava e a altivez, com que fazia pouco dos mais fracos, estava reduzida aos 10cm da raiz preta que saltava daquela cabeça loura.

A cara de parva que pôs quando parei o carro ao pé dela, a cumprimentei e lhe falei de alguns dos nossos colegas do colégio . . ., sim daqueles que ela já tinha esquecido as caras, a existência e os nomes.

Mas eles não.