segunda-feira, 7 de abril de 2008

em azul


foto minha

No meu céu cuidam de mim, olhares que eu queria que estivessem bem mais perto. Nunca nenhum deles devia ter partido.

Para alguns a viagem já estava marcada mas para outros ... ainda deveriam ter feito muitas viagens antes da última. E desses olhos que me espreitam e que olham por mim, existem uns que são diferentes, azuis como nunca ninguém ainda viu, doutra raça e espécie. Olhos límpidos que salvei da morte certa, num dia de sol e que me choraram quando eu passei.

Durante anos, esses olhos azuis falaram comigo todos os dias, aqueceram-me o colo e enroscaram-se em mim quando assim o decidiam. Sempre tive cães; animal lindo, carinhoso, inteligente, dependente e sobretudo fiel.


Não estava preparada para aquela subtileza quase feminina, para os olhares de igual para igual, para a altivez quase arrogante que me julgava a toda a hora, com impassibilidade. Nunca tinha conhecido ninguém tão sensível, chata, emotiva, intuitiva, irónica, teimosa e independente como eu. Ainda hoje vejo a sombra dela a passar, ouço ronronares insinuantes perto do meu ouvido, continuo a limpar pêlos brancos do sofá e sinto falta daquele peso nos meus pés.


Pedaços de mim que se vão soltando e que não me deixam escrever mais, porque os meus olhos estão húmidos outra vez.


13 comentários:

BlueVelvet disse...

Como te compreendo!
É também com os olhos rasos de lágrimas que te digo que não é verdade que o tempo tudo cura.
Tive um amigo assim durante 13 anos.
Acompanhou como uma sombra branca:) sempre debaixo dos meus pés, todas as fases da minha vida, as boas e as más.
Ladrava nos aniversários quando se cantavam os Parabéns e sentava-se à espera de uma lambidela de champagne e um pedacinho de bolo.
Velava-me na doença e escondia-se de orelha murcha assim que via as malas de viagem sairem da arrecadação.
E poderia continuar, e escrever um livro.
Mas fico por aqui.
Partiu há um ano e todos os dias, em qualquer circunstância me lembro dele e vejo a sua sombra.
Mas isto, só percebe quem os tem.
Os outros chamam-nos loucas.
Que seja!
Boa semana, e
Beijinhos e veludinhos

Gi disse...

Como eu te compreendo! Ainda estou a fazer o luto da minha gatinha ;)

Nina disse...

"Olhos quase femininos", é exatamente assim que eles são. Lindo texto Patti, lindo mesmo.

Aprendi a gostar desses bichinhos há pouco tempo. Hoje sei que perdi foi tempo nesse tempo que acreditei que não gostava, viu??!

bjs pra vc

Anónimo disse...

Que linda foto da Maria.Eu acho que devias arranjar um gatinho, claro que não é para substituir a Maria, mas porque tu adoras animais.
Bjs

Ka disse...

Lamento imenso a tua perda e sei bem o que passas pois quem perde um animal de estimação nunca mais esquece esse momento e as saudades ficam sempre.

Beijinho solidário

LeniB disse...

Ainda me lembro quando encontraste a Maria: debaixo de um carro, frágil, abandonada...
Se os animais também tiverem alma, com toda a certeza que ela recordará o carinho com que foi tratada.
bjs

Pitanga Doce disse...

Talvez ela já tivesse o compromisso de brilhar lá em cima feito duas estrelinhas azuis.

beijinhos

Anónimo disse...

Quando hoje o assobiar do vento lá para os lados do pinhal anunciou que vinha ai um dia de tempestade , daquelas de que tanto gosto ,meti umas galochas , vesti uma capa e :- "woody , vamos passear ..... "
Um beijo .

Mãe Galinha disse...

Não tenho palavras. Tb tenho um cá em casa e nem sei o que será qdo partir.
Mil beijos.

Olá!! disse...

Lamento imenso P.
Até me doí só de pensar...
Beijossssssss

Anónimo disse...

os animais tbm manifestam os seus sentimentos,emoções e muitas vezes só os donos é que os compreendem,por um simples olhar,uma patita aqui ou acolá,contentes,tristes...mas é por isso que os recordamos.NÃO imagino acordar sem a minha papagaia me chamar mãe

Campainha disse...

Sinto exactamente o mesmo. Eu perdi a minha na semana passada. A vida deles é tão frágil quanto a nossa, tive a infelicidade de constatar, num momento estão cá e no momento seguinte ...
É muito triste.
Um beijinho

Mad disse...

Percebo-te bem. Já perdi alguns cães e de cada vez foi como se me morresse um filho (que não tenho, e por isso posso dar-me ao luxo de dizer isto e de ser verdade).

Ela era linda.

1 beijo.